Sempre sonhei muito, quer acordada quer dormindo, sonhos coloridos, com sabores, odores e sonoplastia, sonhos vívidos, alguns macios, suaves, outros cheios de vida, ritmo e aventuras, outros ainda de grande criatividade e mais outros, carregados de angústias, medos, sofrimentos, aqueles a que chamamos de pesadelos, se bem que estes mais raros, pelo que agradeço aos céus e ao inconsciente.
Certa vez sonhei que estava com outras pessoas e todos vestindo calças brancas e batas ou camisões largos e despojados, em uma praia rochosa e das pedras, recolhiamos corpos, pois em um abrigo natural, em uma grande caverna, acolhíamos crianças e adolescentes sobreviventes a quem alimentávamos com o cozido de um grande e fumegante caldeirão de ferro, onde colocávamos as costelas dos corpos recolhidos e que, com batatas e raízes, iriam alimentar aquelas bocas famintas.
Era um momento sério e urgente em que cuidávamos da sobrevivência, do resgate e perpetuidade da raça humana e do planeta Terra.
Despertei desse sonho com uma sensação esquisita, um misto de surpresa, horror e paz ao mesmo tempo, a paz de ser útil, de acreditar no dever cumprido, no sentimento de ajuda e irmandade advindo da solidariedade em prol de um objetivo comum e nobre e ainda, de esperança no amanhã e certeza na continuidade de ser.
Outro sonho que escrevi e depois gravei em CD sob o título de “Um sonho lindo”, vi em uma cena bucólica e campesina a minha Nossa Senhora, uma Senhora que se me apresentou em sonho colorido, falando de ecologia, da fauna e flora brasileira, bem como do povo simples e forte como forte o é também em suas tradições de fé e esperança.
Acordada então, como sempre sonhei! Diziam-me os de casa, que eu vivia nas nuvens e nelas, de fato eu via figuras diversas, criava personagens e enredos e com eles, ás vezes como expectadoras, outras como co-participe das estórias, eu flutuava pelos ares, escorregava de uma nuvem para outra, quando não saltava, pulava deslizando por macios e brancos flocos de algodão-doce.
Criava estórias com meus brinquedos e castelos com a areia de um cercadinho no fundo do quintal e sonhava...
Mais tarde passei a divagar e sonhar por dentro, enquanto qual “Don Fulgêncio” por fora, mantinha um “ar” atento e interessado á aula enquanto o professor, mais prolixo ou repetitivo, fazia suas explanações.
Sonhei também com meu príncipe encantado, e como sonhei! Até que um dia ele virou sapo e eu acordei daquele sonho que muitas vezes se transformara em pesadelo.
Não pensem entretanto que, se muito e por tanto tempo sonhei, que não fiz outra coisa na vida, pois fiz sim, vivi, estudei, trabalhei, fiz amigos, trombei com outros não tão amigos e continuei a participar ativamente do cotidiano, da vida e também continuei a sonhar e a alimentar alguns sonhos.
2 comentários:
Realmente seus sonhos, misturados a tantos pesadelos, mereciam terminar de forma saborosa: "cheirosos, fofos, quentinhos, salpicados de açúcar e canela e, que quando mordidos, por entre fumaça, escorria saborosa goiabada do farto recheio, os sonhos feitos pela tia Vica e com os quais agora eu sonho" -- tão deliciosos quanto sua crônica. Abração.
Para muitos seres encarnados, a maioria dos sonhos é uma viagem do espírito por paragens outras.
São oportunidades de revisão, de aprendizado e até de prestação de auxílio.
Podem ser viagens memoriais ou, quem sabe, até no tempo real (passado, presente e futuro).
Agora, sonhar com "sonhos doces" durante os sonhos, é uma oportunidade de ter prazer e de satisfazer a gula sem resultados materiais negativos.
Abraços e votos egoístas de mais crônicas.
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