sábado, 31 de dezembro de 2011

Snatam Kaur ~ I Am The Light Of My Soul

Let There Be Peace on Earth

PAZ!

                          

                                PAZ!

                                             Paz sim. Mas que ou qual paz?

                                             A paz de espírito, a paz do armistício, da trégua, da bandeira branca pedindo um hiato no meio do burburinho acirrados das guerras e disputas, a paz das consciências muitas vezes inescrupulosas ou permissivas,  a paz dos campos santos, dos mortos, do “descanse em paz” como se a morte trouxesse a tão almejada e difícil paz, crendo que o desconhecido pudesse ser o paraíso perdido, o estado perene de beatitude ou, a paz do “dorme em paz, criança querida”, um atributo da crível inocência dos infantes entregues aos embalos do sono, a paz do esquecimento ( como se esquecimento trouxesse paz!).

                                        Seriam os pacientes de alzheimer, os caquéticos, os loucos, os portadores ou detentores da paz? A falta de ordenamento nas lembranças ou a ausência delas significaria ou seria condição de paz?

                                      Paz, não acredito que seja a ausência da realidade, de consciência, de participação consciente na vida, paz não me parece ser fuga e tão pouco falta de participação e de luta por rendição, paz não seria a contínua e repetitiva  repetição de preces, orações ou mantras, não o murmurar contando contas de terços ou japamalas, o que poderia ser talvez  uma forma de buscar a paz sem a garantia de encontrá-la real e completamente pois a condição ou condicionamento já denota a falta de paz e sua procura.

                                   Paz não é atributo e nem estandarte de nenhum núcleo ou segmento religioso ou filosófico em especial e, muito menos mercadoria a ser adquirida em prateleiras de shopings, consultórios médicos ou holísticos, ou mesmo em “spas”.

                                  Paz não se adquire em cursos acadêmicos ou exotéricos.

                                  Pode-se sim, conseguir momentos sublimes de paz, estados de paz tanto no alto de uma montanha, como á beira mar, por entre o verde do mato, ou em suas clareiras, no brilhante olhar de uma criança, no sorriso de uma jovem mãe, na mansidão do afago de uma mão encarquilhada, até no meio de uma multidão impessoal ou insana.

                                 A verdadeira paz é atributo do amor, mas do amor com desapego, do amor em que nos despimos das exigências e cobranças do ego, em que aceitamos real e verdadeiramente os desiguais, é quando amamos indiscriminada e incondicionalmente a todos, ao próximo, aquele próximo como ao distante e assim, a nós mesmos e a Deus, então estamos em Paz.

                              Que ela se faça presente  e que habite em e entre nós!
           

FELIZ ANO NOVO!

FELIZ ANO NOVO! BEM VINDO 2012!
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domingo, 25 de dezembro de 2011

ELE VEM CHEGANDO...

       ELE VEM CHEGANDO...

           O neném vem a engatinhar e está chegando...

           Para alguns, demorando, muito devagar! Para outros, acelerado, apressado, quase a voar!

           Que seja bem vindo! É vida nova que vem surgindo com ânsias de chegar e aqui entre nós se instalar, a tudo renovar, comandar.

           Para alguns mais realistas ou céticos, nada irá mudar, para outros, entretanto, vem como âncora a salvar, vem com promessas a renovar, transmutar, ideais concretizar!

            É um, ou o próprio neném de Aquário trazendo a luz da salvação para o nosso lar, este planeta azul da cor do céu e da cor do mar.

           Que seja bem vindo! Não importam os credos, não importam as línguas, as cores, os genes ou as bandeiras, não importa também se o calendário é judaico, cristão ou islâmico, hindu, chinês, japonês, se é calendário gregoriano ou dos maias, o que importa mesmo é a promessa de vida,  a perspectiva de futuro e expectativa de renovação a brilhar nos olhos e corações daqueles que esperam com tanta ânsia, com ansiedade imensa e, que crêem pois quem crê tem fé e esta remove montanhas e materializa sonhos e propósitos.

            Bem vinda criança!

            Bem vindo Ano Novo!

            Bem vindo 2012!
             
                    

sábado, 10 de dezembro de 2011

N A T A L

             


                                                               N A T A L

      
 
                             Que tristeza... o Natal está chegando...!
                       Era assim que me sentia e, eram esses os pensamentos que volta e meia surpreendia a me enevoar o ânimo, com um misto de irritação, pesar e nostalgia a estamparem-se em meus olhos naturalmente azuis e risonhos.
                       Natal! Espírito de descontração, festa, fraternidade e confraternização. Presentes...! dar e... receber! Que alegria! A árvore sempre natural e enfeitada com bolas multicoloridas, luzentes e mágicas,cordões rebrilhantes, flocos de neve-algodão, a ponteira e o cometa, estrela-guia com sua longa cauda e... velas pequenas, de cera coloridas e com desenhos em espiral em alto-relevo, acesas á meia noite, hora da magia, do canto e missa do galo, a hora em que Jesus nasceu! Em que nasceu o amor, a verdade, o bem e o belo; a esperança para a humanidade  lá naquela longínqua Belém.    

                           Meia noite de Natal! Hora de sonhos, de sorrisos e orações, a hora daquele velhinho vigoroso, simpático e sempre afável que, incansavelmente e por obra do irreal, percorria o mundo todo, todas as casas, todos os lares ao mesmo tempo, n´uma só noite, distribuindo  alegrias, esperanças, trazendo presentes n´um grande saco mágico com que passava por chaminés ou buracos de fechaduras, pulando janelas por vezes e, vez por outra, ainda encontrando um tempinho, como na minha casa de menina e adolescente, para saborear algumas das muitas guloseimas da mesa grande repleta de assados, farofas, frutas frescas e secas, nozes, castanhas e doces.
                        Como eram festivos, promissores, alegres e bons os meus natais de menina-moça e...como são tristes os de hoje!
                        Descobri que papai-noel não existe, que os presentes custam caro, que as guloseimas são caríssimas, que o mundo é desamor, que o menino-Deus cresceu e...morreu. Morreu  em uma cruz e, eu sinto o peso dela em minha alma quando vejo o atual corre-corre dos nossos Natais de hoje, em que alguns festejam agressiva e soberbamente uma festa pagã com raias de canibalismo, enquanto outros têm o sangue, o ar, a vida se esvaindo em desesperança, em lutas, desalento e, o que é pior... descrença.
                           ¨Que tristeza... o Natal está chegando!!!” e assim pensando e sentindo, eu também corria levada pela maré ao tentar transmitir, dar aos outros, aos próximos e ás crianças da família, ainda um pouco do espírito festivo, das esperanças que a tradição ou o comércio exigiam e...,foi assim que preparei o Natal na minha casa no ano que se findou quando, às 23,45 hs. Da noite de 24, bateram á minha porta...
                           O visitante, um rapagão moreno, bem apessoado, vestido com esmero e simplicidade, deu-se a conhecer no momento em que sorriu com grandes olhos negros a contrastar com bonita dentição alva e...esse visitante inesperado, com seu gesto de amor-respeito-gratidão, abraçou-me com lágrimas nos olhos, cumprimentando-me por entre pedidos de desculpa por ter aparecido em momento que julgava inoportuno, desejando-me um  FELIZ NATAL!
                         E então, esse gesto de amor de um ex-aluno de uma instituição para menores carentes e abandonados que eu dirigira, na época já há uns cinco anos, me trouxe como por encanto, todo o espírito de Natal e eu senti que, o Amor trazido  por Jesus naquele longínquo Natal, não morrera apesar de todas  as controvérsias do mundo moderno e, cheia desse mesmo amor, passei a entender que tudo o que eu fizera para alegrar o Natal daqueles que o partilhavam comigo, não fora em vão, pois sempre fica de um gesto de amor a marca, a semente do bem.
                        E o meu Natal foi bom, foi mágico de novo, foi repleto de amor e esperança, pois renascera a fé.
                        Foi um Natal-Amor! 


       
                    


segunda-feira, 28 de novembro de 2011

MÃE

Enir Moraes Camargo de Cerqueira Cezar
07/08/19 a 29/11/88
                                     MÃE
                                           Minha linda!
                                           Saudade imensa de você!
                                           Deixa-me dizer do meu bem querer, mesmo que você já o saiba constante no meu viver.
                                            Deixa-me falar na certeza de você! Na presença sempre presente, atuante, gritante nos genes transmitidos como nos ensinamentos e exemplos vívidos e tão plenos de você!
                                            Mãe linda! Mãe minha, tão minha pelo bem querer a despeito do amor á ninhada composta ao todo de quatro petizes com pequena diferença de idade entre eles, duas meninas seguidas de dois meninos.
                                            Mãe pelicano! Sei que você só mudou de dimensão, pois sei , sinto você e isso é tão bom!
                                         Que reconfortante essa certeza de amor, essa certeza de você!
                                       Que orgulho em me saber filha sua! Filha do seu coração, fruto do seu amor!
                                      Nós não nos dissemos adeus, pois indubitavelmente, o amor não sofre cortes e nem afastamento.
                                     Nós nos sabemos  e um dia.... essa certeza trará a explosão do reencontro em amor e realidade.
                                   Até lá, a certeza de você mãe sempre e sempre minha, mãe coragem, mãe verdade!
                                       

sábado, 19 de novembro de 2011

EM RESPOSTA...

              EM  RESPOSTA: “A CASA QUE ABRIGOU O MAR”
              “A casa que abrigou o mar” de Flávio Viegas Amoreira, em a Tribuna Livre de 25/X/10, me encantou não só pela forma de dizer, como pelo tema tão oportuno e verdadeiro.

              Não posso, entretanto me calar quanto ao pecado apresentado como original, ou seja, a derrubada do Parque Balneário, pois para mim esse foi talvez o pecado capital, pela gravidade do ato e ainda, porque o pecado original já ocorrera há algum tempo, com a sacrílega derrubada do Pálace Hotel na praia do José Menino, com seu velho casarão e suas escadas de mármore branco, rodeadas de agradável jardim, que abrigava em grande gaiola, a moradia de lindo casal de araras, Anita e Peri que amigavelmente bicavam das mãos dos hospedes ou residentes do hotel, frutos dos chapéus de sol que faziam sombra amiga por sobre os bancos no jardim espalhados.

            No salão de festas do Pálace Hotel da av. Presidente Wilson, ocorreram bailes em que dançaram muitos da nossa melhor sociedade, bem como outros que viriam a se destacar no mundo da política, da sociedade e da dramaturgia paulista e, muitas vezes ao som da voz amiga do então jovem crooner Esmeraldo Tarquínio.

           Pecado maior ainda porque a derrubada desse hotel, deu lugar a um exagero de concreto com ares de colméia, em flagrante desrespeito á memória da história santista.

          Quando vim para Santos, ainda uma pequenina menina de dentes de leite, nos idos de 45, aquele hotel foi minha primeira moradia em Santos, como era na época, a residência de muitas autoridades e de suas famílias, até que definissem e realizassem a aquisição do local em que instalariam o lar.
          Minhas memórias de menina aqui em Santos, se reportam a esse hotel, como sei que a de muitas pessoas ilustres aqui da terra, algumas que lá nasceram e outras que já não estão mais por aqui, levando e deixando saudade, como saudade deixou o imponente e acolhedor prédio e seus jardins bem defronte ao jardim de nossas praias, acolhendo o coloquial, aventuras, sonhos e fantasias enquanto fazia história ficando na memória, como o marco de uma época.

sábado, 12 de novembro de 2011

CLEIDE

                  CLEIDE,
                  Há que se ter espírito para entendê-la!

                  Ela é toda espírito, da medula espinhal, do chacra raiz á raiz dos cabelos, enquanto passeia por todos os chacras, fazendo-os vibrar, fervilhar e subir artisticamente, senão arteiramente em movimentos sinuosos quais ida e pingala, traçando enquanto trança em arte, o caminho espiral da vida, em sinuosidades artísticas e arteiras que vibram e pulsam veias e vasos, brotando dos poros em feromônios dignos de serem envasilhados em frascos preciosos.

               Alquimia cobiçável por damas e donzelas, por magos e bruxos e mercado capitalista!

               Há que se ter alma de artista para entendê-la!

               Não pertence á pequena burguesia prosaica, quadrada e enquadrada, pois respira, transpira, exala sua essência de artista. Como poderão os pobres e comuns mortais entendê-la?

              O que não se entende, se estranha e se teme, se deprecia, se enxovalha e rotula em parâmetros próprios; isso se tenta pelo menos, mas não se alcança  nem ao artista e tampouco ao arteiro, que se dirá do espírito que se recicla e se renova em ser, totalmente ser, plenamente ser!

(mesmo que envasilhado como espírito etílico?)

              Perdoe-me a brincadeira do final, cara amiga, mas brincadeira  á parte, aproveito esse “espírito” para brindar ao seu dia que também o é dos Arcanjos .

                Feliz ani!

                                        
                 Abraços mil e meus, carinhosamente em e pelos  29 de setembro de todos os anos,

                                                                  Mariza

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

LIBERDADE E FELICIDADE

 
               LIBERDADE E FELICIDADE
               Liberdade plena só existe em função da dualidade com que fomos agraciados neste nosso planeta Terra e isso, note-se que após a expulsão do paraíso, ao experimentarmos o fruto proibido, que é o conhecimento dessa dualidade, ou ainda do bem e do mal, da Luz e da Sombra.

             Deixamos então o estado de graça, a beatitude dos diletos seres feitos á semelhança do Criador, ao tentarmos ser realmente como esse Todo Poderoso Pai e aí, em “desgraça”, passarmos a assumir a responsabilidade pelas nossas escolhas, pelas conseqüências das nossas ações, assumirmos, a partir desse conhecimento, a responsabilidade pelo exercício do nosso “livre arbítrio”, a real liberdade de escolha, a liberdade de não apenas fazer ou não fazer, mas principalmente de ser ou não ser.

            Para quem conhece sua  faculdade ou melhor, seu sagrado direito de escolha, de por livre escolha exercer esse direito maior que é o da liberdade, seja em que momento ou em que questão for, se deixar de exercê-lo, seja por omissão ou opressão, estará renegando ou, estará vilipendiado em sua condição humana e assim, impedido de ser feliz ou quiçá de puramente ser.

           Sempre prezei meu direito sagrado á liberdade e quando esse direito me foi cassado pela política dos homens, com a desestabilização financeira, causada pela má administração do dinheiro público e mau gerenciamento dos negócios do Estado, em flagrante desrespeito á dignidade humana daqueles que compõe a máquina governamental, obrigando-me entre outras renúncias á do meu amado carrinho, me senti vilipendiada e espoliada no meu sagrado direito á liberdade de “ir e vir”.

         Nasci para viver em plena sintonia com o carro, rodando estradas e ruas, subindo rampas e ladeiras, galgando distâncias e alturas, enquanto os olhos ávidos absorviam as belezas das paisagens percorridas ou vislumbradas e, a alma plainava leve e exultante em vôos altos ou rasantes, bailando com a luz do dia ou das estrelas, ao som do prazer que a tudo fazia vibrar em êxtase de viver.

        Assim vivi e exerci o meu viver, entre deveres e folguedos até que me vi cerceada em meu sagrado direito á liberdade de ir e vir.

         Dizia sempre que o carro  pára mim não era luxo, mas que fazia parte desse direito inalienável, pois minha alma cigana sempre livre, queria continuar livre a correr e percorrer o mundo com o seu atual “carroção” motorizado , no entanto decorrido alguns anos e, somando perdas e desapegos, esta semana me surpreendi a olhar com olhos cobiçosos, não a mulher ou o homem dos visinhos e tampouco o seus belos  possantes carros, mas sim a liberdade daquele transeunte que tranqüilamente caminhava pelas ruas, saboreando a vida e a alegria ou felicidade de prazerosamente ir e vir por livre escolha, e eu então me senti feliz por ter a liberdade de optar e alquimicamente transformar limões em limonada. 
                                                                

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

MUNDO

                    MUNDO

                    A vida lá fora

                    E eu aqui dentro,

                    E dentro de mim,

                    Este mundo de vento

                    E fora de mim,

                    Este mundo que vibra,

                    Estas formas de vida,

                    Este mundo de amor!

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

FAMÍLIA

                       FAMÍLIA          
                       O Sr. Fradinho bastante claro, garboso, carregava com elegância uma pinta lateral que o fazia se destacar dos demais habitantes daquele canto do velho armazém.
                      Esse armazém era de um português bigodudo e abastecia o vilarejo e aos moradores das redondezas.
                      Esse Sr. Fradinho a quem chamaremos de Frá, residia com sua família, todos claros e todos com a mesma pinta genética que os diferenciava dos demais feijões, como já foi dito, em um canto desse armazém de roça.
                      Frá chegara ao armazém em seu saco de moradia, vindo de longa distância, na caminhonete do” seu” José, juntamente com outras sacas, todas como a sua, fechadas, costuradas, lacradas e por essa razão, não pudera observar á  paisagem percorrida e tampouco confraternizar com as outras espécies.
                    Descarregadas as sacas e abertas, revelou ao mundo seu conteúdo e, aos feijões passageiros e moradores, o ar, a luz, o mundo, a vizinhança.
                    A princípio, se deslumbraram com a luz, os ruídos, as cores, os cheiros e as espécies outras que ali se encontravam, ou por ali transitavam, pois ali havia bichos grandes e de duas pernas, verdadeiros gigantes que os examinavam, avaliavam e, por vezes os arrebatavam das respectivas sacas e carregavam um punhado de seus parentes ou de vizinhos.
                  Frá notou que havia também outros animais de quatro patas, uns com rabo, outros sem, alguns com pernas, outros voavam e, ainda aqueles que rastejavam, não esquecendo os que pulavam e nem os que cantavam.
                 Tantas espécies, tantos seres diferentes, esquisitos, belos e, tantos assustadores!
                Frá descobriu que nas moradias vizinhas, havia outras espécies de grãos, uns amarelos chamados de milho, alguns brancos, magros e pequenos, que eram da família do Arroz, outros moreninhos e que cheiravam forte e gostoso, os Cafés e, várias outras espécies ou famílias habitavam as sacas vizinhas, como havia ainda as sacas dos feijões, alguns grandes como os Jalos, outros rajados como os cariocas, brancos, roxinhos, pretos, mas todos estes, soube Frá, que eram seus parentes.
                Assim se passavam os dias e assim Frá foi descortinando e conhecendo o mundo, ou melhor, o seu mundo, os seus familiares, os de sua raça, os parentes, os parentes afins e os seus vizinhos, cada grupo com suas características, aparências, finalidades, histórias ou históricos, tradições e seus valores ou, seu valor.
                Frá ia levando a sua vidinha até que um dia, chegou uma nova saca ao armazém e, quando esta foi aberta, Frá descobriu de novo a vida. Passou a  ver tudo diferente, com outra perspectiva, passou mesmo a olhar tudo com outros olhos e a se remexer na saca, querendo chamar a atenção, saltitando tanto que caiu ao chão e tudo isso só para ver á Rosinha, uma tenra e rosada feijãozinha que vivia com sua família na saca dos feijões rosinha, de uma espécie que ele ainda não conhecera mas, que estava sendo apreciada pelos gigantes que freqüentavam o armazém.
              Bom, voltemos ao tombo do Frá... e não é que deu certo? Um filhotinho de gigante de duas pernas, erguendo do chão aquele feijão de pinta, que outro não era que o nosso Frá e, por descuido ou, inspirado por Cupido, o jogou na saca da Rosinha.
              Estranhado por alguns, bem recebido por outros, o caso é que Frá foi adotado pela família dos feijões Rosa e eu soube depois, que seu romance com a bela Rosinha, deslanchou e que viveram felizes para sempre, como uma verdadeira família unida pelos laços do amor e do destino, até que foram parar juntos ...no mesmo caldeirão!
             Esse romance do Frá com a Rosinha, nos mostra que o verdadeiro amor não olha para aparências, para cor, raça ou mesmo credo, ele derruba barreiras e agrega os seres e vidas abençoando a união e  as famílias nascidas do amor, para com esse mesmo amor e, por ele cumprir sua missão de vida, vindo a alimentar e nutrir outra família reunida no lar, á volta da mesa, para mais uma refeição em ato de amor.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

VOCE VIVE NA LEMBRANÇA...E NA BOA FORMAÇÃO DA CRIANÇA

    
                  VOCE VIVE NA LEMBRANÇA....


                 E NA BOA FORMAÇÃO DA CRIANÇA DESDE

14 de outubro de l955      
                        
                          
                                        
                 Ai meu tio, que saudade de você!
                 Da sua barriguinha empinada, encimando as pernas finas, finas e morenas.
                Que saudade do seu sorriso fácil, dos seus olhos negros, escuros e brincalhões. Do seu bigode certo sob o leve adunco do nariz.
               Que falta dos seus braços! Braços amigos que sabiam envolver com amor, acolher com calor.
               Que saudade!... Do seu espírito boêmio, das nossas noitadas alegres, de papos, sanduiches de padaria ou sorvetes comprados ás tardias horas das noites, dos quitutes ás mesmas horas, vez por outra feitos ao fogão.
              Que falta da flauta e do violão! Das poesias ditas em boa entonação, todas de poetas antigos, amigos das coisas do coração! Assim como você, poeta e amigo, todo coração.
              Lembro-me de você, com grande carinho, com enorme vazio no meu bem querer.
              Saudade das suas raras zangas, rápidas e passageiras, em falas miúdas, nervosas e apressadas, irritadas, por momento.
            Constante na lembrança o seu fraco pelo joguinho, do carteado de pif-paf, a sua força com o tabaco, superado em favor dos caprichos do amor.
           Eu me lembro de você artista, arteiro, moleque por vezes, sério nas coisas sérias, intransigente até! Conservador, conversador, sociável e companheiro, de você pintor que em pinceladas largas, nas telas punha a alma das coisas, gentes, flores ou paisagens, e á sua, que ás outras captava com sagacidade própria da personalidade sensível,de gente do seu nível, de elevação espiritual e moral.
         Que falta me faz seus convites rápidos, insistentes, imperiosos e convincentes á oração, á missa do meio-dia na velha Pompéia, ao culto noturno e presbítero acompanhando á “Titinha”, companheira mimosa, cheirosa, caprichosa, que era todo o seu amor! A dona do seu coração, coração grande e amigo dos pobres e desvalidos a quem socorria, enquanto acorria ao penhor e agiotas, passando quem sabe, por idiota,  para aqueles distantes do seu valor.
       Que saudade do meu tio! Que era quem me levava a concertos, que me forçava nos solfejos, acompanhava nos folguedos de criança e adolescente!
        Como me lembro dos seus carrinhos! Sckoda e Fordinho, todos pequenininhos, que emperravam em momentos incertos, ferindo minha vaidade tola de menina-moça, aluna do “Stella Maris”  e moçoila do Clube XV.
       Tio, quero sentir você me envolver com seu amor, me abrigar no seu regaço, no calor do seu abraço, na certeza de você! Amigo desvelado e presente, em momentos do presente  e nos dias do amanhã!...
       Tio, faltou dizer das valsas, daquelas em que eu rodopiava pelos braços seus, aprendendo a dançar, a bailar e embalar.
       Faltou dizer dos carnavais, festejos alegres que não tenho mais, das festas juninas havidas nos quintais, dos aniversários festejados em comum.
       Faltou dizer... falar de tanta coisa! Pois o nosso tempo foi uma vida vivida plena e totalmente, formando bases indeléveis mesmo pelo mundão de porteiras abertas pelos contrastes de hoje, pelos costumes outros, de outra era, em que tudo já era, em nada volta jamais, a não ser na lembrança, na boa formação da criança e na saudade do coração.
      Eu nada disse meu tio, dos nossos banhos de mar em que você me ensinou a nadar, dos papos em japonês com as pitorescas figuras das vendedoras nipônicas que, no meu tempo de criança, coloriam as praias santistas e, que sorrindo e de mãos á boca, se afastavam devagar.
      Não disse nada das nossas viagens no vagão–leito do trem, o “Ouro Verde” da Sorocabana, das festas na volta, com a matula materna de virado de frango caipira.
     Quase olvidara as noites sérias e sem fim em que, aos processos debruçado, você trabalhava afinco, em luta constante, incessante luta pela Justiça a que se dedicara e, em que acreditava a despeito das injustiças vividas e sofridas.
      Tio, você não foi. Você vive na lembrança, no amor e na semente do bem que plantou em meu coração.
      Que saudade imensa! Mesmo quando sinto sua presença, seu carinho vivos na lembrança, quando sinto você junto de mim.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

HORAS VAZIAS

      
                                      HORAS VAZIAS

                   Horas vazias,

                    Ausência de tudo.

                    Angustia.

                    Pressa de ir,

                    Desespero de partir,

                    Ansiedade de chegar,

                    Dos braços, o apertar,     

                     Você!

                     Total expressão de ser,

                     Vida e amor,

                      Eu você, nós-amor.

sábado, 8 de outubro de 2011

EU QUERO UMA CRIANÇA!

          EU QUERO UMA CRIANÇA!
                Eu quero uma criança

                Viva, linda, rosada, que chore e ria,

                Dessas que balbucia,

                Tenra, cheirosa, uma criança minha.

                Filha da minha alma,

                Amor do meu coração.

                Coração materno,

                Coração que anseia em, ao regaço

                Aconchegar um neném.

                Não importa que faça pipi,

                Que suje fraldas ou faça manha

                De quando em vez;

                Não importa que me prenda em casa,

                Que tenha fome e sugue o seio meu.

                Não importa que essa criança

                Deixe de ser neném,

               Que ela cresça a engatinhar,

               Depois, a correr, mexer e remexer,

               Em tudo que ao alcance,

               Das mãozinhas encontre.

               Eu quero essa criança. Quero mesmo!

              Ainda que me requisite a todo instante,

              Me obrigue a insone, velar seu adormecer,

              A cuidar das febres altas, do seu desenvolver.

             Quero acompanhar seus passos primeiros,

             Incertos e determinados a seguir,

            Caminhar, o mundo desbravar.

            Quero poder orientar suas mãozinhas

            Sequiosas por conhecer,

            A tudo apalpar, derrubar

            Em desajeito o que encontrar.

            Eu quero mesmo! Com ela redescobrir,

            As formas, as cores e sons.

           Ensiná-la e com ela aprender,

           Compreender e amar,

           As coisas, as gentes, o mundo.

           Quero rir com suas graças,

           Ensiná-la a falar,

           Com ela brincar, dançar,

           Contar-lhe estórias,

           Ensinar-lhe história.

           Encaminhá-la na vida e,

          Para a vida orientá-la.

          Eu sei que ela, como são

         Todas as crianças, um dia será difícil,

         Que entrará na adolescência,

         Quererá sua auto-suficiência,

        Exigirá independência,

        Gritará por vivência

         Mas, isso é bom e salutar.

        Eu a quero mesmo assim.

        Não é uma boneca que peço,

          Mas um neném de verdade.

          Um neném que venha a ser,

          Com propriedade,

         Um ser real, humano,

         Gente como poucas gentes

         E gente como todas as gentes,

        Que cresça e se encontre,

         Que venha a ser, um ser forte,

         Que seja sábia e boa,

         Que tenha personalidade,

         Sensibilidade, dignidade,

        Que amadureça e em livre escolha,

        Tenha sua vida própria,

        Pois não a quero para mim,

        Quero apenas tê-la, acariciá-la,

      Ampará-la, niná-la e orientá-la,

      Enquanto for minha.

      Eu quero essa criança!

      Quero tanto! Que me dói

      Não tê-la e saber meus braços

      Vazios do calor seu.

      Quisera poder embalá-la,

      Acompanhar seu crescer,

      Suas mãos segurar,

      Seus passos, de perto seguir

      Até que pudesse prosseguir

      Pelos passos seus.

      Quisera sabê-la minha

      Mesmo quando já não o fosse,

      Quando tivesse partido

      Para seguir seu caminho

     Em vitórias ou tropeços,

     Sem os cuidados da mãe

     Com tinturas de iodo,

     Lencinhos a enxugar os olhos

     Ou um abraço apenas.

     Quero-a para mim, ajudá-la a ser,

     E poder entregá-la a si própria,

    Ao mundo, a Deus,

    A esse Deus que a guarda consigo

    Sem dá-la a mim que a quero tanto!

    Só me resta, rezar por ela

    E, rezar por mim.

    Ter fé e esperar...

    Pois quem sabe, um dia...

    Um dia deste universo,

     Ele a confie a mim