Que tristeza... o Natal está chegando...!
Era assim que me sentia e, eram esses os pensamentos que volta e meia surpreendia a me enevoar o ânimo, com um misto de irritação, pesar e nostalgia a estamparem-se em meus olhos naturalmente azuis e risonhos.
Natal! Espírito de descontração, festa, fraternidade e confraternização. Presentes...! dar e... receber! Que alegria! A árvore sempre natural e enfeitada com bolas multicoloridas, luzentes e mágicas,cordões rebrilhantes, flocos de neve-algodão, a ponteira e o cometa, estrela-guia com sua longa cauda e... velas pequenas, de cera coloridas e com desenhos em espiral em alto-relevo, acesas á meia noite, hora da magia, do canto e missa do galo, a hora em que Jesus nasceu! Em que nasceu o amor, a verdade, o bem e o belo; a esperança para a humanidade lá naquela longínqua Belém.
Meia noite de Natal! Hora de sonhos, de sorrisos e orações, a hora daquele velhinho vigoroso, simpático e sempre afável que, incansavelmente e por obra do irreal, percorria o mundo todo, todas as casas, todos os lares ao mesmo tempo, n´uma só noite, distribuindo alegrias, esperanças, trazendo presentes n´um grande saco mágico com que passava por chaminés ou buracos de fechaduras, pulando janelas por vezes e, vez por outra, ainda encontrando um tempinho, como na minha casa de menina e adolescente, para saborear algumas das muitas guloseimas da mesa grande repleta de assados, farofas, frutas frescas e secas, nozes, castanhas e doces.
Como eram festivos, promissores, alegres e bons os meus natais de menina-moça e...como são tristes os de hoje!
Descobri que papai-noel não existe, que os presentes custam caro, que as guloseimas são caríssimas, que o mundo é desamor, que o menino-Deus cresceu e...morreu. Morreu em uma cruz e, eu sinto o peso dela em minha alma quando vejo o atual corre-corre dos nossos Natais de hoje, em que alguns festejam agressiva e soberbamente uma festa pagã com raias de canibalismo, enquanto outros têm o sangue, o ar, a vida se esvaindo em desesperança, em lutas, desalento e, o que é pior... descrença.
¨Que tristeza... o Natal está chegando!!!” e assim pensando e sentindo, eu também corria levada pela maré ao tentar transmitir, dar aos outros, aos próximos e ás crianças da família, ainda um pouco do espírito festivo, das esperanças que a tradição ou o comércio exigiam e...,foi assim que preparei o Natal na minha casa no ano que se findou quando, às 23,45 hs. Da noite de 24, bateram á minha porta...
O visitante, um rapagão moreno, bem apessoado, vestido com esmero e simplicidade, deu-se a conhecer no momento em que sorriu com grandes olhos negros a contrastar com bonita dentição alva e...esse visitante inesperado, com seu gesto de amor-respeito-gratidão, abraçou-me com lágrimas nos olhos, cumprimentando-me por entre pedidos de desculpa por ter aparecido em momento que julgava inoportuno, desejando-me um FELIZ NATAL!
E então, esse gesto de amor de um ex-aluno de uma instituição para menores carentes e abandonados que eu dirigira, na época já há uns cinco anos, me trouxe como por encanto, todo o espírito de Natal e eu senti que, o Amor trazido por Jesus naquele longínquo Natal, não morrera apesar de todas as controvérsias do mundo moderno e, cheia desse mesmo amor, passei a entender que tudo o que eu fizera para alegrar o Natal daqueles que o partilhavam comigo, não fora em vão, pois sempre fica de um gesto de amor a marca, a semente do bem.
E o meu Natal foi bom, foi mágico de novo, foi repleto de amor e esperança, pois renascera a fé.
Foi um Natal-Amor!
4 comentários:
Mariza
Um texto muito emociante.Adorei.Um feliz Natal!!!!
Beijos
Sonia
Lindo! que seu Natal seja sempre festivo e amoroso. FELIZ NATAL!
Muita Saúde, Paz, Amor e muitas, muitas alegrias...
beijos,
Cleide e Sonia
Querida, belíssima postagem...o natal é mesmo lindo, na sua essência, sem esse ranço da nossa civilização...vamos comemorá-lo como ele merece de verdade!!Bjus, Monica FELIZ NATAL!!!!
Mariza, cara amiga. Você, em outra visão, retratou de maneira muito feliz o Natal. O que emociona e a surpresa da presença repentina do menino que você resgatou na Instituição que dirigia. Acredito que foi um presente de um natal que jamais será esquecido. Parabéns por sua bela crônica.
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