sábado, 8 de outubro de 2011

EU QUERO UMA CRIANÇA!

          EU QUERO UMA CRIANÇA!
                Eu quero uma criança

                Viva, linda, rosada, que chore e ria,

                Dessas que balbucia,

                Tenra, cheirosa, uma criança minha.

                Filha da minha alma,

                Amor do meu coração.

                Coração materno,

                Coração que anseia em, ao regaço

                Aconchegar um neném.

                Não importa que faça pipi,

                Que suje fraldas ou faça manha

                De quando em vez;

                Não importa que me prenda em casa,

                Que tenha fome e sugue o seio meu.

                Não importa que essa criança

                Deixe de ser neném,

               Que ela cresça a engatinhar,

               Depois, a correr, mexer e remexer,

               Em tudo que ao alcance,

               Das mãozinhas encontre.

               Eu quero essa criança. Quero mesmo!

              Ainda que me requisite a todo instante,

              Me obrigue a insone, velar seu adormecer,

              A cuidar das febres altas, do seu desenvolver.

             Quero acompanhar seus passos primeiros,

             Incertos e determinados a seguir,

            Caminhar, o mundo desbravar.

            Quero poder orientar suas mãozinhas

            Sequiosas por conhecer,

            A tudo apalpar, derrubar

            Em desajeito o que encontrar.

            Eu quero mesmo! Com ela redescobrir,

            As formas, as cores e sons.

           Ensiná-la e com ela aprender,

           Compreender e amar,

           As coisas, as gentes, o mundo.

           Quero rir com suas graças,

           Ensiná-la a falar,

           Com ela brincar, dançar,

           Contar-lhe estórias,

           Ensinar-lhe história.

           Encaminhá-la na vida e,

          Para a vida orientá-la.

          Eu sei que ela, como são

         Todas as crianças, um dia será difícil,

         Que entrará na adolescência,

         Quererá sua auto-suficiência,

        Exigirá independência,

        Gritará por vivência

         Mas, isso é bom e salutar.

        Eu a quero mesmo assim.

        Não é uma boneca que peço,

          Mas um neném de verdade.

          Um neném que venha a ser,

          Com propriedade,

         Um ser real, humano,

         Gente como poucas gentes

         E gente como todas as gentes,

        Que cresça e se encontre,

         Que venha a ser, um ser forte,

         Que seja sábia e boa,

         Que tenha personalidade,

         Sensibilidade, dignidade,

        Que amadureça e em livre escolha,

        Tenha sua vida própria,

        Pois não a quero para mim,

        Quero apenas tê-la, acariciá-la,

      Ampará-la, niná-la e orientá-la,

      Enquanto for minha.

      Eu quero essa criança!

      Quero tanto! Que me dói

      Não tê-la e saber meus braços

      Vazios do calor seu.

      Quisera poder embalá-la,

      Acompanhar seu crescer,

      Suas mãos segurar,

      Seus passos, de perto seguir

      Até que pudesse prosseguir

      Pelos passos seus.

      Quisera sabê-la minha

      Mesmo quando já não o fosse,

      Quando tivesse partido

      Para seguir seu caminho

     Em vitórias ou tropeços,

     Sem os cuidados da mãe

     Com tinturas de iodo,

     Lencinhos a enxugar os olhos

     Ou um abraço apenas.

     Quero-a para mim, ajudá-la a ser,

     E poder entregá-la a si própria,

    Ao mundo, a Deus,

    A esse Deus que a guarda consigo

    Sem dá-la a mim que a quero tanto!

    Só me resta, rezar por ela

    E, rezar por mim.

    Ter fé e esperar...

    Pois quem sabe, um dia...

    Um dia deste universo,

     Ele a confie a mim

3 comentários:

Anônimo disse...

Adorei, quando você escreveu????
Sonia

Anônimo disse...

Querida Mariza,essa eu já conhecia e é muito linda!Um apelo emocionado,parabéns! Monica

Suely Ribella disse...

Bela poesia, emocionado apelo, uma oração...
Reli... sinta meu abraço...