sexta-feira, 19 de agosto de 2011

REALIZAÇÃO DE UM DESEJO

                  REALIZAÇÃO  DE  UM  DESEJO

                  Sim, quero agradecer a vocês que tão bem tem acolhido  ao “pseudônimo” de minha amiga Cleide, como agradeço em especial a ela que alem de me apresentar a esse grupo tão seleto, tem por tantos meses apresentado a vocês um pouco da minha alma.                                                   

                   Desde menina que acalento a vontade de participar de um sarau e,  ao ouvir das tias mais velhas  as histórias dos saraus lítero-musicais que se realizavam na casa de meu avô materno, na Vila Mariana, em São Paulo, e que eram freqüentados por Ronald de Carvalho, Afonso Schimith, Monteiro Lobato e outros, mais as referidas tias então moiçolas do tempo em que a moda, acredito, era a das melindrosas.

                  Cresci ouvindo meus tios fazendo música á noite, ele na flauta transversal ou violão, ela também com seu violão cheio de fitas de cetim coloridas e pendendo do cabo, músicas quase sempre por eles  intercaladas por uma bela poesia dita com a ênfase do coração ou d’alma.

                   Meus pais cantavam sempre, no chuveiro, na direção, principalmente quando percorríamos estradas pelo interior a dentro, cantavam em casa enfim, cantavam e eu os ouvia maravilhada e calada, pois sempre fui muito desafinada.

                 Mamãe também declamava, ás vezes em francês e, sapateava tentando transmitir aos filhos ainda crianças, alguns passos de efeito.

                 Assisti a muitos concertos, recitais, declamações como da Margarida Lopes de Almeida e seus panejamentos que bailavam levados pelos gestos eloqüentes e teatrais da declamadora. Ouvi Guiomar Novais e a vários outros artistas.

                 Na adolescência assisti divertida ao concerto de um pianista francês, no salão do Atlântico Hotel, onde antes deveria ter sido o cassino e, tanto me deliciei com o cômico ao som dos clássicos, pois referido concertista tão resfriado estava, que enquanto tocava com uma mão, passava o braço da outra, pelo nariz que congestionado, deveria estar pingando. Foi difícil prender o riso e manter a classe que o momento exigia.

               Ouvi além de recitais, a fadista, assisti e apreciei a muitas apresentações de balé que me deslumbravam e me faziam aspirar a me tornar bailarina, o que ofendeu ao  “santo” preconceito paterno.

               Fui a muitos vernissages e visitei muitas galerias e exposições de pintura.

               Participei de excursões de artistas pintores que, em grupo, procuravam motivos e paisagens para registrar em suas telas.

               Algumas vezes, escoltada pelas velhas tias, em menininha, entrei na Catedral da Sé, em São Paulo,  que se apresentava cheia de andaimes e estacas, para visitar o marido de uma das tias que, escultor, fez toda a cripta da referida catedral.

              Enfim, convivi bem de perto com as artes desde sempre, mas o sonho de participar  de um sarau, só mais tarde se concretizou e, agora, mesmo á distância, me sinto feliz e grata pela oportunidade  através  da minha querida amiga, de participar e conviver com as artes mais uma vez, e tambem com   pessoas amantes das letras e das músicas, amantes do som e rítmo, amantes do "verbo" e das musas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Mazinha, eu nunca vou esquecer da arte que há em você. Rimou sem querer e continua a ser.

Nós também tivemos ontem um mini sarau caseiro que estará sempre na minha lembrança, assim como dentro de mim passeia a poesia que também vem de você.

Meu coração pro seu coração.