sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

NATAL EM 2 016 !

                                                                                                                                                             

                                                         NATAL EM 2 016!
                                                                                                      

                Tantas estórias e histórias conhecemos, vivemos, assistimos, lemos e observamos sem nelas reparar ou nos aprofundar!
                Existem e existiram sempre festividades natalinas.
                Nas tradições cristãs  Natal é simbolicamente o nascimento, neste plano, do Menino Deus e todos conhecemos a história do recenseamento dos judeus, a caminhada de  Maria e José a Belém, as dificuldades de acolhimento e hospedagem, o que os fez buscar pouso e se recolherem  em estrebaria sendo aquecidos pelo calor e bafo dos animais e aí nasceu o Menino Deus, reverenciado pelos pastores e depois pelos reis magos que orientados pela estrela guia vieram de longínquas terras para homenagear ao pequenino Deus, Rei dos reis, presenteando-o com ouro, incenso e mirra.
                Sabemos também do medo, soberba e consequente impiedoso infanticídio decretado por Herodes, matando todos os meninos judeus  com menos de dois anos de idade, assim pensando em garantir sua coroa sem risco e com perpetuidade.
                Outras crenças também comemoram em datas próximas o nascimento de seus líderes, no entanto o simbolismo de Amor nascido na longínqua Belém, foi ofuscado  por festas faustosas e supérfluas, regidas pela glutonia, ostentação, soberba e o festejo carinhoso a um bom velhinho que vindo em trenó puxado por renas lá da Lapona, ajudado por duendes e carregando um grande e mágico saco de presentes e com ele entrando por chaminés, buracos de fechaduras ou outras magias que a tecnologia atual proporcionará.
                Os menos validos da sorte, continuam procurando abrigo, agora em bancos de jardins, sob pontes ou marquises, pois de estrebaria nem se ouve falar pois o gigantismo e tecnologia tomou conta dos tempos modernos em que nem pastores ou ainda reis ou magos se importam com crianças ou estrelas que não sejam as televisivas e quanto à coroa, o que querem é  colocá-la nas próprias cabeças assim como os incensos que são para suas excelências e o ouro,  para seus paraísos fiscais!
                Amor? Sexo sem medidas e ai de quem estranhe isso e aos modismos de Sodoma e Gomorra que de estátua de sal se transformou em sal da vida e se multiplicou alastrando-se desenfreadamente e sem critério.
                Natal Amor! Quero crer que ainda haja alguns corações que se recolham em fé e se espalhem em e com amor!
                Amor e respeito a Deus, a si e ao próximo! Espero que ainda haja alguém a compartilhar o verdadeiro espírito Natalino indistintamente!
                Quero e preciso crer nisso!
                Acreditar que o mundo ainda tem salvação, que humanos, não importando os credos, cor, raça, cultura, fronteiras ou classe social, assim como seus irmãos animais, conviverão dentro do espírito de respeito e de amor!
                Crer que prevalece ainda aquele amor grandioso e indistinto, universal e absoluto nascido na distante Belém!
                Feliz Natal para todos indistintamente e para mim, assim como para você!

                                             Mariza C.C. Cezar
                                                                                                        

                                                      

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

DIZEM QUE...

                                                                       


                DIZEM QUE...
                                                                                                    

                Dizem que ”de poeta, médico e louco, todos temos um pouco”.
                Há quem condescendentemente me chame de poeta, ao passo que eu me acho atrevida quando cometo algumas poesias. São poesias livres as minhas, sem métrica, apenas com algum ritmo que usualmente encontro nas minhas prosas também.
                Médica, não fujo à regra se bem que não ouse, mas sou enamorada dos tratamentos fitoterapicos e o máximo a que me atrevi, foram alguns chás e compressas de ervas.
                Usei, apliquei e dei aulas de terapia com cristais, conjugando essas terapias com a musicoterapia,  aromaterapia e cromoterapia.
                Fiz algumas palestras sobre autodefesa psíquica enfocando a fé e prática do bem e do bom como forma de rarefazer nossa energia assim como a do ambiente, tornando-a inacessível ao peso dos sentimentos, pensamentos ou práticas maléficas.
                Florais de Bach, de Minas, da Califórnia e os de Saint Germain são terapias sérias, alternativas mas adotadas por muitos médicos alopatas ou homeopatas bem como por psicólogos, terapias essas a que muito respeito, uso e já as prescrevi por vezes diversas como terapeuta alternativa.
                Reiki, aplicações prânicas, relaxamentos, meditações e contactos com a natureza em mergulho de corpo e alma deixando os olhos e os sentidos alcançarem o horizonte no encontro das águas com o céu ou a linha do horizonte recortada por montanhas ou cordilheiras provocando um encontro irregular do mar de verdes matos com o azul celestial, ocasiões em que  ultrapassei essas linhas delimitadoras como se viajasse sem peias pelo infinito.
                Abracei árvores, pisei em gramas, na terra, em barro me sentindo aí em encontro atávico! Também dancei sob a chuva, esta uma terapia para corpo e alma!
                Médica e paciente dessas terapias alternativas e pouco protocolares sou, então me enquadro no segundo item do ditado secular.
                Já quanto ao terceiro item, me declaro adoravelmente louca!
                Falo sozinha e como moro só, o faço com meu gatinho, com os quadros da parede, com os demais itens da casa, com os livros então como falo! Com os velhos e novos livros, com os já lidos e com os ainda por ler!
                Não tenho medo das contradições pois sou composta, protocolar e irremediavelmente irreverente, não aceito e nunca aceitei ou virei a fazê-lo os “não pode” e “tem que”, pois “nãotemquenada”! Não me sinto obrigada, cerceada, presa de preconceitos nem de protocolos e a bem da verdade adoro e simplesmente me delicio em causar estranhezas nos menos formais e de menor requinte que não ousam romper certas barreiras ou coisas pré-estabelecidas.
                Ser igual, comportada, até protocolar sou, mas não abro mão de num repente e sem aviso prévio quebrar totalmente protocolos e normas se assim entender e desde que me dê prazer!
                Eu Sou! Gosto de mim como sou, mesmo brigando comigo algumas vezes, chamando minha atenção e me dando tremendos puxões de orelha, não sem um sorriso conciliador, um afago e mesmo um colinho apaziguador.
                Tenho longos papos comigo mesma e muitas vezes até por diversão faço o papel de advogada do diabo, sempre contradizendo e buscando argumentos que façam o meu eu opositor perder a discussão.
                Até já publiquei lá pelo início do meu blog, o “Coisas de Mariza” uma trilogia sob o pretensioso título de “O meu elogio da loucura”.
                Então amigos, creio que preencho os requisitos necessários ao ditado, pois sou poeta de pé quebrado, médica por natureza e louca por escolha e complacência.

                                                           Mariza C.C. Cezar
                                              
                                                                                                       



                                                         

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

CORAÇÃO...

                                                                                     

                                                                                   
                                                    CORAÇÃO...
                                                                                                    

                Coração amanteigado. Derretido, caloroso, amoroso, se empederniu, fechou, murchou, secou e se ressecou! Confrangeu pois tanto e tantas vezes foi machucado, vilipendiado, atingido, esquecido que se encolheu como se procurasse abrigo e se acomodasse sob a proteção de uma ostra,
                Não fosse um coração de câncer, o signo do caranguejo! Às vezes  até ensaia uma corrida de viés tentando sobreviver.
                Tantos os desenganos, inúmeros e doídos os desencantos com o país e seus líderes, com a inércia e a usura, com a desumanidade do levar vantagem acima de tudo, com a bandalheira e pior, os desencantos tristes e doídos com os mais queridos, os mais íntimos, os mais amados ao longo de longa vida!
                Coração que ainda teima em se sensibilizar com algumas notícias ou com amigos, com cenas e atitudes de desconhecidos, mas do calor dos antigos e mais íntimos amores, é morto o coração que se encolhe e se defende mesmo viciado a bem querer, quase recai no sentir porém a dor latente se faz aguda e ele se encouraça, pois mesmo assim ainda quer pulsar, corresponder à vida e esperar por seus milagres.
                Triste e amigo coração sempre tão gentil e amoroso!
                Como bem o conheço respeito sua dor/luto, mas tento por vezes e quantas vezes possível for e o que necessário se fizer para acordá-lo, revivê-lo e de novo vê-lo ser como sempre foi, num coração puro de amor, amorável e amável.

                                               Mariza C.C. Cezar
                                                                                                          
   


                              

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

PENSAR E PENSAR...

                                        
                           PENSAR E PENSAR...
                                                                                                                                
                Estava eu a pensar e pensar, matutando e quem sabe com alguma filosofia e pitadas de humor, talvez até de pilhéria a respeito da imprevisível proximidade daquela inexorável figura que nem as lâminas do tarô dizem o nome, mantendo apenas o número 13, com medo de ao nomeá-lo, despertar sua atenção fatídica.
                Ao me debruçar sobre esse assunto nada agradável a não ser  aos donos de casas funerárias que dela vivem, revivi estórias ouvidas das conversas das minhas tias que contavam, umas com sorrisos galhofeiros e outras consternadas, a preocupação de  querida amiga que era colega de uma delas na Escola e Academia de Belas Artes de São Paulo.
                Essa amiga era de talhe gracioso, delicada beleza, fino trato e família de escol, era muito vaidosa e, por ser loira e muito clara não andava sem uma sombrinha e as tinha bonitas e de várias cores, algumas pintadas outras com fru-fru ou rendinhas arrematando suas bordas e os cabos de marfim, madeiras entalhadas ou de prata lavradas e com incrustações de pedras semipreciosas, todas com a finalidade de protege-la do sol, evitando sardas que quebrariam a rósea e translucida cor de sua tez de delicado pêssego.
                Comentavam ainda as tias que a amiga nunca ia ao leito sem fazer completa maquiagem, caprichando no ruge e no batom com medo de, por fatalidade vir a morrer durante a noite e ser vista sem seus requintes de beleza e compostura!
                Essa lembrança me levou a outra não menos curiosa e mais trágica com certeza! A lembrança da moça que tendo frequentado alguns velórios e prestado sua solidariedade aos familiares e homenagens aos conhecidos que partiram e então percebeu que  muitas vezes, passada a noite de velório, pela manhã os falecidos apresentavam longos fios de barba espetados pelo queixo.
                Essa moça ficou com pavor de virar um defunto circense e de se transformar em grotesca mulher barbada!
                Não sei lhes dizer se deixou expressas suas últimas vontades e nem se ainda está viva, mas que andou cogitando de caixão lacrado, isso me lembro de ter ouvido falar.
                Que é feito dela não sei lhes dizer pois os caminhos da vida são misteriosos e se encarregam de nos apresentar bifurcações e assim perdi de vista essa assustada garota.
                Quanto a mim e meus devaneios, só posso dizer que espero vir a ser cremada um dia, no mais que isso fique para anos e anos a perder de vista, pois a despeito de minhas dores e limitações, gosto muito da vida e do viver!


                                                    Mariza C.C. Cezar
                                                                                                                                                

                                                                                   
                   

domingo, 30 de outubro de 2016

TEMA RECORRENTE


                                                                         
                                                                         
                              TEMA RECORRENTE...
                                                                                                      
                                                   

                Saudade!
                Tão grande saudade surgiu assim num repente, enquanto dentro da rotina armava e ligava o notebook ouvindo a música que anunciava a abertura da última novela da noite, uma novela até agora bem sem graça.
                Saudade repentina e dominante e nem sei ao certo de que ou de quem.
                Seria saudade de mim? Daquela que fui ou  daquela com quem sonhei, construí projetos, romanceei sucessos? Saudade sim! Seria do passado cheio de azafamas, esperanças e sonhos ou saudade das maquetes construídas por esses sonhos e projetos que acreditava atingiria na vida e com eles boniteza e realizações?
                Essa saudade trouxe melancolia, certo aperto no peito e sensação longínqua de lagrimas nos olhos.
                O nariz que nesses momentos se manifesta, permanece sem o esperado ardor. Impassível se coloca de expectador, esperando para ver onde essa saudade vai dar ou levar.
                Saudade, dizem ser perda de tempo, coisa do passado e sem lugar nestes tempos virtuais em que ninguém tem, nem perde tempo  e tampouco sentimentos reais.
                Dinamismo e impessoalidade fazem a moda, a onda do momento em que velhos chavões se tornaram o apogeu da intelectualidade dominante!
                Tantos os filósofos a repetir conceitos e a atribuí-los a autoridades e destaques da intelectualidade com projeção no Google ou ainda no aspecto religioso ou místico, uma chuva de conceitos e de frases feitas ou normas, como se fossem verdades incontestes!
                E essa saudade repentina me fez menina, como se quisesse voltar a um ritmo de vida doce e com futuro certo, com afetos sinceros e amigos e família de carne e osso com abraço amoroso e afeto real!
                Ao escrever sobre essa saudade, o que fiz foi digeri-la e sem me libertar dela, voltei à rotina, à realidade crua que se é nua, não é despida de sonhos, vez que sou incorrigível!
                Volto ao meu dia a dia e por hora, ao burburinho da internet a abraçar amigos e parentes pelo veículo virtual, esse veículo mágico que nos leva a grandes viagens e sonhos, que encurta distâncias e tempo, sem tempo para saudade, pois tudo é rápido e está prontamente ao alcance na dinâmica do agora e já.

                                                       Mariza C.C. Cezar
                                                                                                      

                                                                 
 

sábado, 22 de outubro de 2016

MOMENTOS DE REFLEXÃO







                                                                               
                                                                                       
                                                   MOMENTOS DE REFLEXÃO
                                                                                                      


                Desde pequenos somos ensinados a fazer exames de consciência, avaliações dos nossos sentimentos, desejos, condutas, pensamentos e principalmente das nossas ações, somos também alertados quanto aos diversos tipos de consciência, a escrupulosa, a condescendente, a relapsa, conivente, ao nos tornarmos adultos e mais instruídos e responsáveis passamos a fazer periodicamente certos balanços de períodos do nosso viver.
                Fazemos a partir de certa idade um verdadeiro balanço do nosso ser, emoções, conquistas, projetos e realizações. Avaliamos e por vezes questionamos realizações e projetos e procuramos encontrar os possíveis erros e deslizes de conduta ou de projetos para evitá-los e corrigirmos o que houver para ser melhorado ou evitado, banido, no entanto também muitas vezes nos congratulamos conosco mesmo e com os sucessos realizados, galgados ou alcançados.
                Verdadeiros exames de consciência, de contabilidade não apenas em termos financeiros e econômicos, mas ainda não nos atemos ao ter, nos ocupamos principalmente do ser, esse o maior objetivo!
                Dias desses como sempre faço por adorar ler e por ter uma imensa atração por crônicas, li uma de conhecida cronista local a quem muito aprecio e ela comentava seu recente aniversário e sobre o balanço anual que habitualmente faz por essa ocasião, o que me transportou ao assunto e constatei que habitualmente faço o meu “balanço anual” por ocasião da virada do ano protocolar, dentro do nosso calendário gregoriano, aí minha analise de vida, aí minhas despedidas e agradecimentos ao que fiz e fui, ao que conquistei e ao que perdi e também minhas avaliações e projetos a que corrigir, reforçar, equilibrar e conquistar ou realizar.
                Na minha virada de ano personalíssima, no meu aniversário, me transformo em criança e só quero curtir e festejar a mim e à vida e ao meu viver!
                Talvez queira, por carência suprir o “clima” de festa que não tive ao longo dos verdes anos, vez que antecipavam o meu bolo por uns dias e eu, todos os anos apagava às velinhas em bolo conjunto no dia do aniversário do meu tio-pai e isso por ser a data do meu natalício de triste luto para a mãe e tios, pois minha avó materna  morrera no dia em que completei dois aninhos.
                Hoje em dia, todos os anos em 16 de julho, eu me dou de presente, um dia leve, cheio de bem querer, de amigos e de brindes à vida e à vontade de viver!
                Espero continuar a isso fazer por algum bom tempo e a contar com os preciosos abraços que tenho recebido e a outros que a esses venham  se juntar!

                                                             Mariza C.C. Cezar
                                                                                                                                         



domingo, 9 de outubro de 2016

DA CASA EM FRENTE...

                                                                           
                                                         

                              DA CASA EM FRENTE...
                                                                                                    

                Na rua em que morava havia um correr de sobradinhos, iguais e geminados bem defronte á minha casa.
                Preenchia minhas horas preguiçosas sentada ao terraço  no cair da tarde e entre um livro ou um trabalho manual, me divertia observando os pequenos pássaros que ainda se aventuravam de uma árvore a outra antes de se recolherem ao ninho e também às retardatárias borboletas pousando de flor em flor que coloriam meu pequeno jardim.
                A verdade é que observava também aos sobradinhos à frente de casa e ainda às crianças, ano a ano acompanhando seus desenvolver.
                Fui observadora cúmplice de muitos namoricos a partir da adolescência delas, assim como de algumas rusgas, rompimentos e quantas vezes  mesmo de longe compartilhei os sonhos que faziam as mocinhas desses sobrados, suspirarem enquanto perscrutavam os céus estrelados assim como às esquinas.
                Pouca diferença de idade entre elas, a mais nova e sapeca desde pequena até os seus vinte e poucos anos, saia de sua casa pela janela do quarto dos pais e percorrendo o telhadinho que cobria aos terraços das duas casas, entrava na visinha também pela janela a fim de tagarelar com a amiga.
                Sabe-se lá o que confidenciavam a despeito do sempre presente e alerta olhar das duas famílias que, às antigas, não davam muita trégua ou liberdade às mocinhas.
                Vi namoros nos portões, depois nos terraços e até que obtida a devida permissão, promovidos ás salas e até a algumas refeições.
                A mais velha das duas, aquela cujo terraço dava diretamente em frente ao meu, linda e prendada mocinha, sempre tinha pretendentes que a pé ou de carro, batiam à sua porta, alguns não passaram de flerte ou paquera, outros de namoricos, alguns duravam uns poucos meses e o mais longo  e bem mais tarde, uns dois anos.
                Flores sempre eram entregues e bem recebidas, mas os namoros às antigas e com constante vigilância, não fossem com intenções sérias, eram logo descartados.
                Uma tarde apareceu um rapaz de terno, o que não era de todo incomum, o incomum era a postura empertigada e o imenso nariz em figura angulosamente magra, o que me fez duvidar da continuidade desse namorico e não sem razão, pois pouco durou o namoro de mãos dadas a percorrer o quarteirão.
                Soube depois pela própria mocinha que indignada e entre risos me contou que o dito pretendente era tão religioso que tinha dois conselheiros espirituais, um padre capelão em igreja do centro da cidade e outro no Palácio do Bispo, mais próximo das praias.
                Disse-me mais a mocinha que o rapaz em questão  se confessava a ambos os padres e com eles trocava confidências e pedia diretrizes e que isso fizera bem recentemente  por ter a ela roubado um beijo não sendo rejeitado e tão indignado estava por a moça ter aceitado o beijo que gesticulava e esbravejava até que um perdido mosquito entrou-lhe pela bocarra aberta, dando-lhe um susto que acabou em surto! Quanto mais tentasse expelir o voador e sem sucesso, mais a nossa amiguinha era tomada por incontrolável acesso de riso!
                Disse-me ainda, que durou um bom tempo esse drama e comédia. Terminado estava o namoro.
                Por vezes me vejo a relembrar esse tempo e suas histórias, doces lembranças!
                Terão as mocinhas, que vi crescer, realizado seus sonhos? Estarão casadas, rodeadas de filhos e netos? Serão profissionais competentes?
                O que terá sido feito daquelas jovens que tanto coloriram minhas tardes preguiçosas?

                                                 Mariza C.C. Cezar
                                                                                                      

sábado, 24 de setembro de 2016

RITOS DE PASSAGEM

                                                                 

                                                                       

                                  RITOS DE PASSAGEM
                                                     

                Importantes os ritos de passagem, ocorrem muitas vezes despercebidos para muitos que sentem, sofrem ou se extasiam sem entender seu significado e real importância.
                Povos antigos e tradições de algumas etnias e culturas, como diversos núcleos religiosos, reverenciam, festejam, cultuam e preparam essas passagens de tempo, de status e degraus de experiência.
                Muitos na verdade são esses ritos, alguns perceptíveis e até comemorados, sem que, entretanto se dê a eles a importância ou a preparação apropriada.
                São muitas as mudanças de fase ou status, principalmente aquelas que trazem experiências, responsabilidades e liberdades marcantes e diversas.
                Muitas são as “primeiras vezes” na vida de todos nós, mas nem sempre nos apercebemos da importância delas e o quanto marcam as nossas vidas e interferem no nosso caminhar pelas retas e curvas do cotidiano do nosso viver!
                Mudanças fisiológicas, emocionais, etárias, culturais, acadêmicas, profissionais, liberdades e responsabilidades, adquiridas, assumidas por livre escolha ou a nós delegadas, o que importa é que todas elas trazem um rito de passagem mesmo que não estejamos culturalmente preparados para reconhecê-las ou tenhamos maturidade para prepará-las ou festejá-las condigna e necessariamente.
                O primeiro choro ao nascer, o primeiro sorriso, a primeira palavra, o primeiro passo, a primeira gracinha,o primeiro tombo, o primeiro animalzinho de estimação, o primeiro amigo, o primeiro dia de aula, o primeiro dente de leite assim como depois, o primeiro dente definitivo e também  a primeira briga, e assim tantas são as primeiras vezes ao longo da infância!
                Na adolescência então, quando deixamos de ser crianças e nossos hormônios começam a se manifestar e entram em ebulição trazendo  muitas mudanças no corpo e no temperamento! Para a menina o desabrochar dos pequeninos seios e para os meninos as diferentes modulações de voz, a primeira ereção e para elas, a primeira menstruação.
                O primeiro beijo roubado ou compartilhado, o primeiro namoro, os suspiros e sonhos...
                O primeiro sexo para uns, o primeiro batom para elas e por vezes o primeiro cigarro para os dois, assim como o primeiro roubo do carro dos pais para uma volta!
                Cada fase ou estágio acarretam várias e diversas “ primeiras vezes”.
                O primeiro emprego, o diploma universitário, o casamento, a primeira noite, a “primeira vez”  sacrossanta ou com tentador gosto de pecado ou de desafio aos princípios e normas!
                Com o passar dos séculos e décadas, os usos e costumes alteram certas tradições e valores e muitos desses ritos de passagem passam despercebidos, o que é uma pena, pois o prazer momentâneo perde muito tempero que dá mais sabor à vida e as passagens acontecem sem que se dê acordo delas.
                Abordamos algumas pequeninas mudanças em que galgamos experiências e conquistas, mas os grandes acontecimentos marcam os verdadeiros ritos de passagem, não apenas de ser e de viver, mas também de cunho religioso em diferentes culturas, ocasiões em que muitas vezes atravessamos verdadeiros portais etéreos e energéticos com repercussão em cada fimbria do nosso ser, mesmo da nossa alma e quem sabe com ecos energéticos com consequências por toda a eternidade cósmica, pois não somos todos UM com todos e com repercussões históricas e vibráteis pela eternidade?
                                    
                                                             Mariza C.C. Cezar
                                                                                                                              

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

MEUS SONHOS ADOLESCENTES...

                                                                                                                                  


                MEUS SONHOS ADOLESCENTES...
                                                   

                                                   
                Não sei dizer bem se os sonhos eram adolescentes ou apenas de adolescente, mas que eram apropriadamente sonhos românticos e alguns de grandeza, lá isso eram!
                Em criança pequena resolvi que seria princesa e depois rainha, com crueza minha tia-mãe me desiludiu e confundiu, pois disse taxativamente que eu nunca o seria, pois para tanto precisaria ter nascido de sangue azul! Como se desde sempre ouvira referência à nobreza e aos brasões da família que viera como colonizadores e que seriam primos do rei de Espanha e do Bispo de Plascência na província de Burgos, Espanha e ainda que em aqui chegando, o primeiro Camargo se casara com Joana Ramalho filha de Bartira e neta do Cacique Tibiriçá? Então realeza do lado europeu e do nativo!
                Enfim desisti do trono e resolvi que seria mulher de Embaixador e sonhava com as recepções e os safáris na África.
                Pobre menina que nem sonhar certo sonhava, pois nascera numa época em que mulheres eram meras figuras decorativas ou de sustentação, sempre no segundo plano ou por detrás das cortinas!
                Na adolescência, toda manhã, ao abrir a janela do quarto saudava o dia e ficava um bom tempo a namorar o morro de Sta. Terezinha e nele, a igrejinha  encarapitada bem no topo, sonhando que lá me casaria em cerimônia romântica e intima o suficiente para caber na igrejinha pequena e bucólica.
                Sonhava também que teria uma “hacienda” em plena selva amazônica e que lá chegaria em helicóptero particular.
                Confesso que esse sonho que não alimento mais ainda me é caro! Gostaria de tê-lo realizado!
                Outro sonho que logo se desvaneceu, desencantou, foi o presente de aniversário dos 15 anos de idade! Que desilusão o anel de brilhante incrustado em aro de platina quando sonhara com outro, de ouro e sinete para ser usado no dedo mindinho com as armas e brasões de família! Sonhara em lacrar as cartas cor de rosa e perfumadas com o timbre do anel, como se via nos filmes de capa e espada!
                Sonhos romanescos! Na verdade, pouco depois passei a sonhar com um lar, marido, filhos e  fumegante cozinha!
                Depois passei a sonhar e suspirar pelos namorados, pois um viria a ser o príncipe encantado que tornaria realidade o sonho infantil de ser rainha, só que agora do lar e da fumegante cozinha!
                Enquanto sonhava, estudava e depois o trabalho, passando a seguir, a fazer os dois, estudar e trabalhar sonhando realizar o sonho de fazer Direito do qual fora desviada pela imperiosa intervenção paterna.
                Estudava, trabalhava e terminada a Escola Normal, estava apta a lecionar. Prestei vestibular e fui aprovada.
                Terminado o curso de Direito em que sonhei me dedicar ao Ministério Público e ser Promotora de Justiça, pois essa é a missão dos Promotores Públicos, agir em defesa da sociedade!
                Em todo o Estado apenas duas exceções femininas no mundo dos homens e Justiça Pública e na Magistratura, nem sonhar se poderia, pois não era admitido nem em pensamento mulher nas fileiras do Judiciário Paulista!
                Sonhos abortados, pois eram sonhos adolescentes que careciam de realidade!
                Concursos públicos? Dois anos ou mais sem que fossem abertos no nosso Estado e, nos anos 70 era difícil deixar a família e se aventurar em carreiras fora do Estado.
                Enquanto isso sonhava ainda com o amor, com o lar, filhos e com o namorado.
                Casei com advogado e o sonho de seguir o Ministério Público perdeu para o casamento, não poderia correr comarcas e deixar o marido e o lar!
                Advogar? Seria em termos profissional o sonho reserva que também se diluiu na intransigência do marido.
                Os sonhos foram morrendo uns, outros fizeram “ploc” como etéreas bolhas de sabão!
                Cozinha fumegante eu conquistei e também o canudo contendo o diploma, de resto tudo se desvaneceu.
                Continuo sonhando, agora em manter o  imperdível bom humor e eventualmente conseguir um tento ou outro, no decorrer da monotonia do dia a dia e esse  não é mais um sonho adolescente!

                                                     Mariza C.C. Cezar