EUFEMISMO!
Por que essa
necessidade de se travestir relacionamentos, sentimentos ou mesmo acasalamentos
em amor, e este em lirismo?
Idealizar os
relacionamentos, romanceá-los, envolvê-los em poesia e esta em sonhos líricos,
passou a ser uma tendência humana, fruto da monogamia hipotética que embasa a
família, para a qual se trabalha, garantindo-lhe o sustento e sobrevivência e,
para se sustentar esse ideal social, é que se mantêm a regência
da fé, ordenada e orientada pela religião e suas igrejas.
Associou-se o sexo a
algo sujo e pecaminoso, fruto dos desejos desencadeados pela sedução diabólica
da serpente sinuosa, hipnótica, tentadora que nos mantêm presos ao seu bailado
deslizante e arrebatadoramente sedutor!
Serpente essa que na sua
dança envolvente, nos oferta curvilínea, perfumada, suculenta e colorida maçã,
fruto que nos faz salivar e cair em tentação, remetendo-nos de pronto, à fase
oral!
Salivando, nos rendemos
a todas as paixões desencadeadas e, mordemos com vontade plena o saboroso
fruto!
Assim também nos entregamos
aos prazeres da carne, do sexo, entre cheiros e lambidas, caricias e mordidas
num jogo de sinuosidades e seduções, modulações de voz e sussurros, de perfumes
e odores exalados pelos humores dos
corpos ávidos e famintos!
Cheios de artimanhas e
estratégias, nos vestimos com requinte, para nos despirmos em etapas e ritmos,
em jogos de cena que arrebatam pelo suspense e, insinuam promessas, acirrando
desejos, desencadeando paixões, despertando loucuras, nos fazendo cativos e
irracionais!
Somos então, envolvidos
em elaborada teia que servirá de rede,
oscilando ao convite dos prazeres e, assim embalados, arderemos em chamas e nos
entregaremos loucamente apaixonados aos ardores que nos unem e nos consomem.
Consumidos após consumar e
sacramentar a entrega em total amplexo, exangues e lascivamente satisfeitos,
nos largamos prazerosamente ao descanso, ao silêncio da intimidade
compartilhada, em arfar rítmico e suave, em cadência de saciedade e de paz!
Não deveríamos camuflar,
maquiar, enfeitar, nunca deveríamos fantasiar, chamar de amor a esse
arrebatamento e menos ainda envolvê-lo em lirismo que nada tem com a realidade
vivida.
O sexo pode vir a se
transformar em amor, como o amor pode despertar arrebatamento e sexo.
Quão linda é essa dança
ritualística da vida!
2 comentários:
Uau! Que belo texto!
Cheios de artimanhas e estratégias... e lá está o jogo da sedução, numa linda dança da vida!
Perfeito, Mariza!
excelente texto...
parabéns...
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