sábado, 4 de janeiro de 2014

PARALELAS

                                                                                                                                                                   
                                                                                                   PARALELAS.
                                                                                                            

               Segurar sobre o papel uma caneta e deixar que os dedos sigam os caminhos das paralelas entre espaços, registrando em garranchos corridos ou elaboradas grafias, o que lhe ditam instintos, sussurros, vozes ou gritos, ainda lamentos ou gargalhadas, até ironias em tons coloquiais, doutos, trabalhados ou impulsivos e chãos, por vezes com pitadas de cinismo, o sal das caricaturas.
               São palavras que se sobrepõe a outras palavras, independente do estilo, cadência, rima, significado lógico, claro ou insinuadas citações ou sentimentos velados que nos espiam das entrelinhas!
              Serão ditadas do coração ou da razão? Estaremos nos expressando com os sentimentos ou com o cérebro no comando de neurônios que emitem ordens e impulsos elétricos a músculos e nervos que se põe a dançar ao som e compasso, no ritmo das ondas recebidas?
             Quem sabe, esse malandro comandante, esse cabeça da tal engrenagem, ao acessar o banco de dados da memória, os registros de impressões vividas ou colhidas, acesse também os humores  e hormônios e, da química orgânica desencadeada e desencadeadora de emoções, como de ações ou reações, para colocar um pouco de vida, de ritmo, de colorido, ao que os dedos transmitem à inanimada caneta contadora de histórias?
         Sei com certeza, que tal aventura não se trata de psicografia e nem de associação aleatória de palavras a descortinar o subconsciente!
          Sei ainda que esse baile da caneta sobre o papel, esse caminho percorrido, essa aventura não é aleatória, mas um trabalho ou um jogo prazeroso em que se reúne e acorre, todo um exército, sob o comando da regência da vontade imperante, de todo esse complexo chamado humano!
          Será?

                               Mariza C de C. Cezar.
                                                        
                                                 

Um comentário:

Suely Ribella disse...

Bravo! Seu texto está um primor, Mariza!


BRANCO PAPEL

Ao ver um branco papel,
dona caneta se assanha,
encara a folha, se arrisca,
empurra tintas, pincel,
largo sorriso arreganha,
e suavemente rabisca,
uns versos de amor ao léu...

Suely Ribella ©