FUTEBOL!
Era
campeonato de futebol! Os ânimos estavam efervescentes! Os anseios febris
mantinham as atenções de todos na expectativa da vitória! O mundo dos aficionados
vibrava de entusiasmo. Futebol era religião, e religiosa e piedosa prece saia
dos lábios e corações! Promessas de muitos, despachos de outros tantos e também
conchavos e negociatas tomavam conta dos que tudo faziam pelo time do coração!
Os desafios e apostas mobilizavam aqueles que acreditavam piamente no
desempenho do “timaço”. Já se sentiam imbatíveis ganhadores, os “reis do pedaço”!
No
meio de toda aquela azáfama, aborrecida, Laura procurava se entreter com a
filha adolescente e aceitar a ausência do amado dos seus suspiros, a razão da
sua vida, que partira com a comitiva de diretores do Clube, para o jogo
decisivo.
A
cidade vibrava, pulsava, cantava e gritava o nome do time e, depois de um
rápido jantar em cantina da cidade, saíram as duas, mãe e filha, amigas confidentes,
a rodopiar pelas ruas e praças, chegando a integrar o corso da torcida
desenfreada!
Compraram
uma bandeira do time para entrar na brincadeira, pois isso era o que
representava para as duas aquela agitação. Ainda dentro do espírito de
curtição, resolveram voltar para casa e esperar o pai e marido, exultante
vencedor, pois o time da paixão se sagrara campeão!
Laura
calçou uma linda sandália preta de plataforma e salto 10, vestiu apenas uma
tanga “asa delta” de renda negra e, a faixa do time em preto e branco a cair-lhe
em viés do ombro até o curvilíneo quadril encimado por cintura que, de tão
fina, lhe dava o talhe de violão. Desenhou com fino traço do pincel delineador
de olhos, o emblema do time no seio nu, a descoberto pela faixa envergada e, na
nádega oposta, a filha entrando na brincadeira, fez-lhe o mesmo desenho com
cunho alegre e sedutor. Prenderam o pau da bandeira recém adquirida na porta do
armário, para que, a guisa de cortina, saudasse ao diretor campeão assim que
adentrasse ao quarto. Deram-se boa noite as duas cúmplices e, foi acesa no
quarto apenas a luz do abajur de cabeceira.
Recostada
na cama, Laura esperava em ansiosa expectativa, e antevia a surpresa da
recepção sedutora ao campeão, pois ele como um dos diretores, não integrava a
comitiva do time que voltava como vencedor da temporada? Enquanto esperava,
curtia e antevia a festa que seria as boas vindas preparada com requinte de
carinho e detalhes!
O
barulho do motor do carro, as despedidas dos amigos, o ruído da chave no portão
e a seguir na porta da entrada, os passos atravessando as salas, a copa e
cozinha, ruídos da porta da geladeira, novamente passos a subir a escada e na
porta, afastada a bandeira, uma voz que exclama:
-
O que é isso?
E
o guerreiro vencedor, tão esperado, segue tropegamente até o cabideiro em que
deposita a roupa despida e, vestindo um pijama, segue para o banheiro da suite, "chama o Miguel" e "destripa o mico".
Barulho
de água, um bochecho, um gargarejo, rosto lavado, ainda meio trôpego, levanta
os lençóis. Apaga a luz e ressona profundamente!
Mariza C.
de C. Cezar
3 comentários:
Mariza criativa!
Futebol e suas inspirações...
E lá se foi a sedução, ficou a decepção... pobre Laura!
Bjs.
Ai ai ai, que decepção dela, né? rsrsrs
Parabéns pelo texto, Mariza
Cida Micossi
Nossa mazinha tão diferente de tudo o que já li do que você escreveu. Bem legal mesmo! Gostei!
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