CHEGOU O CARNAVAL!
É Carnaval!
Reinado da alegria, da
fantasia, sob a regência do “Rei Momo”, bonachão, alegre e que com seu trono,
coroa e séquito, sai às ruas e salões, dando o grito do agito, no ritmo de
velhas marchinhas, samba, frevo ou maracatu, ao som de pandeiros, reco-reco,
cuícas, tamborim, apitos e da” tuba do
Serafim”!
Ao seu grito, como que
arrancadas da mofo de velhos baús ou, de oficinas de costuras, novas e
velhas odaliscas,, baianas, havaianas,
holandesas, toureiros, marujos e piratas, pierrôs e colombinas, bailarinas,
espantalhos, algumas sereias e fantasmas, animados e despertos pelo ritmo da
alegria, confraternizam por quatro noites e três dias e, com samba nos pés,
dançam e pulam sem descanso, levados
pelos ardores e humores, contagiados pelo império da fantasia.
Um mundo novo, único!
Um mundo sem bandeiras ou
fronteiras em que coexistem bandidos e freiras, o nobre e o mendigo, em que miscigenam não apenas raças e povos
mas almas e castas, sem ideologias, só alegria!
Figuras díspares se irmanam,
coexistem, se descobrem, se identificam, algumas se apaixonam, outras se acasalam ,
outras mais se encontram vindo a formar
novos grupos de rebentos com o carnaval e o samba inseridos alegremente na hereditariedade sanguínea, na
identidade da alma de eternos foliões e perpétuos integrantes do “Reinado de Momo”!
Integrantes desse reinado da
alegria, da fantasia, assim como eu que venho de troncos, paterno e materno de
tradição carnavalesca, ao ponto de meus pais terem se conhecido em pleno
carnaval!
Mamãe, moça, quase menina ainda,
levada ao baile pelas irmãs mais velhas, pois era a caçula de doze filhos,
vestindo uma fantasia tirada do velho baú familiar, ela de chinesinho com um
pijama de cetim preto, o característico chapéu com a trança única,tendo aos pés
seu sapato de sapateado, puxava o cordão pelos salões do clube Harmonia em São
Paulo e, ele, o meu pai, de malandro e com mascara da qual se sobressaiam
apenas os lindos e grandes olhos verdes , qual uvas Itália! Papai
se encantou e se apaixonou despertando reciprocidade ao som de “La vem seu
china na ponta dos pés, ligue le ligue lelé! Chinês come somente uma vez por mês,
não vai mais a Xangai ver a batterflay” ou ainda, a marchinha das“Fui às touradas de Madriii, prá ver Periii beijar Ceci”... !
Velhos e queridos carnavais que
não voltam mais!
Como disse, em um deles, meus
pais se encontraram, se identificaram, vieram a se casar, pouco depois, e hoje,
mais velha de quatro irmãos, decorridos tantos anos, pois esta crônica se refere ao velho
carnaval de l938, estou aqui, vibrando
com mais um grito de: “É Carnaval”!
Mariza C. de C. Cezar
Um comentário:
Mais um texto de suas lembranças, suas histórias de família, de vida...
Mais fotos particulares qu vc mostra... ah, saudade, não?!
Gosto de ler... penso... lembro... reflito...
Obrigada, viu?!
Bjs.
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