domingo, 2 de março de 2014

CHEGOU O CARNAVAL!

                                                                                                                                  


                                 CHEGOU O CARNAVAL!
                                                

                    É Carnaval!
                Reinado da alegria, da fantasia, sob a regência do “Rei Momo”, bonachão, alegre e que com seu trono, coroa e séquito, sai às ruas e salões, dando o grito do agito, no ritmo de velhas marchinhas, samba, frevo ou maracatu, ao som de pandeiros, reco-reco, cuícas, tamborim,  apitos e da” tuba do Serafim”!
               Ao seu grito, como que arrancadas da mofo de velhos baús ou, de oficinas de costuras, novas e velhas  odaliscas,, baianas, havaianas, holandesas, toureiros, marujos e piratas, pierrôs e colombinas, bailarinas, espantalhos, algumas sereias e fantasmas, animados e despertos pelo ritmo da alegria, confraternizam por quatro noites e três dias e, com samba nos pés, dançam  e pulam sem descanso, levados pelos ardores e humores, contagiados pelo império  da fantasia.
               Um mundo novo, único!
               Um mundo sem bandeiras ou fronteiras em que coexistem bandidos e freiras, o nobre e o mendigo,  em que miscigenam não apenas raças e povos mas almas e castas, sem ideologias, só alegria!
                Figuras díspares se irmanam, coexistem, se descobrem, se identificam,  algumas se apaixonam, outras se acasalam , outras mais  se encontram vindo a formar novos grupos de rebentos com o carnaval e o samba inseridos  alegremente na hereditariedade sanguínea, na identidade da alma de eternos foliões e perpétuos integrantes do “Reinado de  Momo”!
                 Integrantes desse reinado da alegria, da fantasia, assim como eu que venho de troncos, paterno e materno de tradição carnavalesca, ao ponto de meus pais terem se conhecido em pleno carnaval!
                 Mamãe, moça, quase menina ainda, levada ao baile pelas irmãs mais velhas, pois era a caçula de doze filhos, vestindo uma fantasia tirada do velho baú familiar, ela de chinesinho com um pijama de cetim preto, o característico chapéu com a trança única,tendo aos pés seu sapato de sapateado, puxava o cordão pelos salões do clube Harmonia em São Paulo e, ele, o meu pai, de malandro e com mascara da qual se sobressaiam apenas os lindos e grandes olhos verdes , qual uvas Itália!                                                          Papai se encantou e se apaixonou despertando reciprocidade ao som de “La vem seu china na ponta dos pés, ligue le ligue lelé! Chinês come somente uma vez por mês, não vai mais a Xangai ver a batterflay” ou ainda, a marchinha das“Fui às   touradas de Madriii,  prá ver Periii beijar Ceci”... !
              Velhos e queridos carnavais que não voltam mais!
        Como disse, em um deles, meus pais se encontraram, se identificaram, vieram a se casar, pouco depois, e hoje, mais velha de quatro irmãos, decorridos   tantos anos, pois esta crônica se refere ao velho carnaval de l938,  estou aqui, vibrando com mais um grito de: “É Carnaval”!

                          Mariza C. de C. Cezar
                                                                                               

                                                                                                                

               

Um comentário:

Suely Ribella disse...

Mais um texto de suas lembranças, suas histórias de família, de vida...
Mais fotos particulares qu vc mostra... ah, saudade, não?!
Gosto de ler... penso... lembro... reflito...
Obrigada, viu?!
Bjs.