terça-feira, 12 de julho de 2016

A AVE E SEU NINHO...


                                                                       
                                                                   

                         A AVE E SEU NINHO
                                                    
                                                    



                       Era uma vez...
                  Não é assim que começam todas as estórias? Pois então vamos lá...
                Uma avezinha bebê, ainda filhotinha, querendo se equilibrar em suas frágeis patinhas, descobrindo que seus bracinhos tinham movimentos, mas sem saber ainda que eram asas e mágicas e que com elas poderia voar, plainar, mergulhar das alturas, dar rasantes, enfim viver, bailar pelos ares!
                Recebia em seus biquinhos sequiosos e famintos, a comida que nutria e, das asas de sua mãe o afeto, abrigo e calor.
                Essa avezinha tão frágil, vivia feliz em seu mundinho, seu ninho e porto seguro.
                Uma tarde qualquer de uma certa semana que não vem ao caso, em um mês e ano já bem distantes dos nossos dias, uma terrível ventania, verdadeira tempestade, quiçá vendaval, chegou com toda força das intempéries, com canto macabro intercalado por longos assobios, uivos arrepiantes, a tudo carregando, jogando e o que não carregava, atirava a destino incerto e lugar ignorado! Horror!
                Nossa avezinha levada pelas forças da natureza, foi finalmente deixada em sítio aprazível e encontrada por ave amiga e da mesma espécie e assim viveu ou sobreviveu.
                Levada ao ninho hospitaleiro, com o passar dos dias recebeu carinho e também pitos e admoestações, pois a mamãe passarinha adotiva,  tinha amor mas não o sabia manifestar, entretanto sabia cuidar, nutrir e educar e a nossa avezinha foi se desenvolvendo, forte, saudável e bela, educada.
                Seu canto suave era educado, bonito e contido, seus voos mais pareciam mesuras e bailados de salão, com movimentos e lonjuras delimitadas. Tornou-se  bela e comportada ave, mas não aprendera a realmente voar pelas alturas e pelas lonjuras, sabia os trinados mas como era educada, só cantava em baixo tom. Não ousava e  nem sabia que poderia ser e livre ser, cantar e voar!
                Comportada e bonita, um dia a nossa avezinha se enamorou e foi alertada que seu eleito, um belo pássaro não era da mesma estirpe e que viera de espaços e terras distantes. Ouvia ainda sobre as diferenças de ninhos, o que não lhe importou enamorada que estava, ouviu apenas a voz do seu coraçãozinho, triste ave!
                Do ninho que a acolhera foi para outro que também não  viria a ser seu, pois o passarinho amado já tinha em seu ninho uma família pré-existente, assim o ninho já tinha donos e ela se tornou a ave provedora, acolhedora, mas não podia se esparramar e nem descansar no novo ninho e nem cantar pois achavam o seu canto feio e assim, foi minguando a nossa avezinha e tanto minguou a nossa amiguinha que depois de considerável tempo resolveu deixar esse ninho com que tanto sonhara e suspirara de cortar corações! Ninho que na verdade nunca fora seu!
                Voou a ave e finalmente pousou em galho acolhedor onde pela primeira vez construiu o seu ninho, um ninho aconchegante! Nele abrigava aves sem rumo ou doentes, famintas de amor ou mesmo de minhoquinhas.
                Foi levando sua vidinha de passarinha, aprendeu a dar voos mais largos e longos, altos, a cantar sem conter a alegria, lutava pela sobrevivência contando sempre com suas asas e seu biquinho e assim, o tempo passou e as minhocas se tornaram escassas, as avezinhas pararam de buscar abrigo em seu carinho, ela foi se tornando mais velhinha, suas asas não tinham mais os mesmos movimentos, seus voos foram diminuindo, quase parou de voar.
                Um pássaro da sua ninhada primeira, daquela perdida no vendaval, quer levá-la para o ninho dele o que alegrou pelo carinho á nossa pequena ave.
                Entretanto... e sempre as estórias assim como a história, tem um entretanto e a nossa ave que pela vez primeira tem um ninho que pode chamar de seu e uma vida que sabe ser sua, tem medo como teria uma árvore velha em ser arrancada pelas raízes e transplantada para terreno estranho! Pensa, pois as aves também pensam, que seria uma ave velha e intrusa! Não teria mais o seu ninho, não seria mais livre, senhora de si!
                O que acontecerá com a nossa amiguinha?
                Penso eu agora, que isso será outra estória que poderemos contar mais tarde, restando por ora, torcermos e pedirmos ao Papai do Céu que cuide na nossa amiguinha!
                                      
                                          Mariza C.C. Cezar
                                                                                                                                  
                                                                                                                                                                     



                                                                               

2 comentários:

Flávio Tallarico disse...

Cara amiga: novamente volto, para me deleitar com seus textos. Assim como as avezinhas do seu delicioso conto, crianças são abandonadas diariamente por todo o país, sem encontrar um ninho amigo onde se abrigar. Seu texto também serve de alerta para voltarmos nossos olhos para essas pobres crianças. Um abração.

Jouvana disse...

Acho que eu sei o nome dessa passarinha...Adorei apesar da triste realidade dessa pequena...