A
AVE E SEU NINHO
Era
uma vez...
Não
é assim que começam todas as estórias? Pois então vamos lá...
Uma
avezinha bebê, ainda filhotinha, querendo se equilibrar em suas frágeis
patinhas, descobrindo que seus bracinhos tinham movimentos, mas sem saber ainda
que eram asas e mágicas e que com elas poderia voar, plainar, mergulhar das
alturas, dar rasantes, enfim viver, bailar pelos ares!
Recebia
em seus biquinhos sequiosos e famintos, a comida que nutria e, das asas de sua
mãe o afeto, abrigo e calor.
Essa
avezinha tão frágil, vivia feliz em seu mundinho, seu ninho e porto seguro.
Uma
tarde qualquer de uma certa semana que não vem ao caso, em um mês e ano já bem
distantes dos nossos dias, uma terrível ventania, verdadeira tempestade, quiçá
vendaval, chegou com toda força das intempéries, com canto macabro intercalado
por longos assobios, uivos arrepiantes, a tudo carregando, jogando e o que não
carregava, atirava a destino incerto e lugar ignorado! Horror!
Nossa
avezinha levada pelas forças da natureza, foi finalmente deixada em sítio
aprazível e encontrada por ave amiga e da mesma espécie e assim viveu ou
sobreviveu.
Levada
ao ninho hospitaleiro, com o passar dos dias recebeu carinho e também pitos e
admoestações, pois a mamãe passarinha adotiva,
tinha amor mas não o sabia manifestar, entretanto sabia cuidar, nutrir e
educar e a nossa avezinha foi se desenvolvendo, forte, saudável e bela,
educada.
Seu
canto suave era educado, bonito e contido, seus voos mais pareciam mesuras e
bailados de salão, com movimentos e lonjuras delimitadas. Tornou-se bela e comportada ave, mas não aprendera a
realmente voar pelas alturas e pelas lonjuras, sabia os trinados mas como era
educada, só cantava em baixo tom. Não ousava e
nem sabia que poderia ser e livre ser, cantar e voar!
Comportada
e bonita, um dia a nossa avezinha se enamorou e foi alertada que seu eleito, um
belo pássaro não era da mesma estirpe e que viera de espaços e terras
distantes. Ouvia ainda sobre as diferenças de ninhos, o que não lhe importou
enamorada que estava, ouviu apenas a voz do seu coraçãozinho, triste ave!
Do
ninho que a acolhera foi para outro que também não viria a ser seu, pois o passarinho amado já
tinha em seu ninho uma família pré-existente, assim o ninho já tinha donos e
ela se tornou a ave provedora, acolhedora, mas não podia se esparramar e nem
descansar no novo ninho e nem cantar pois achavam o seu canto feio e assim, foi
minguando a nossa avezinha e tanto minguou a nossa amiguinha que depois de
considerável tempo resolveu deixar esse ninho com que tanto sonhara e suspirara
de cortar corações! Ninho que na verdade nunca fora seu!
Voou
a ave e finalmente pousou em galho acolhedor onde pela primeira vez construiu o
seu ninho, um ninho aconchegante! Nele abrigava aves sem rumo ou doentes,
famintas de amor ou mesmo de minhoquinhas.
Foi
levando sua vidinha de passarinha, aprendeu a dar voos mais largos e longos,
altos, a cantar sem conter a alegria, lutava pela sobrevivência contando sempre
com suas asas e seu biquinho e assim, o tempo passou e as minhocas se tornaram
escassas, as avezinhas pararam de buscar abrigo em seu carinho, ela foi se
tornando mais velhinha, suas asas não tinham mais os mesmos movimentos, seus
voos foram diminuindo, quase parou de voar.
Um
pássaro da sua ninhada primeira, daquela perdida no vendaval, quer levá-la para
o ninho dele o que alegrou pelo carinho á nossa pequena ave.
Entretanto...
e sempre as estórias assim como a história, tem um entretanto e a nossa ave que
pela vez primeira tem um ninho que pode chamar de seu e uma vida que sabe ser
sua, tem medo como teria uma árvore velha em ser arrancada pelas raízes e
transplantada para terreno estranho! Pensa, pois as aves também pensam, que
seria uma ave velha e intrusa! Não teria mais o seu ninho, não seria mais
livre, senhora de si!
O
que acontecerá com a nossa amiguinha?
Penso
eu agora, que isso será outra estória que poderemos contar mais tarde, restando
por ora, torcermos e pedirmos ao Papai do Céu que cuide na nossa amiguinha!
Mariza C.C. Cezar
2 comentários:
Cara amiga: novamente volto, para me deleitar com seus textos. Assim como as avezinhas do seu delicioso conto, crianças são abandonadas diariamente por todo o país, sem encontrar um ninho amigo onde se abrigar. Seu texto também serve de alerta para voltarmos nossos olhos para essas pobres crianças. Um abração.
Acho que eu sei o nome dessa passarinha...Adorei apesar da triste realidade dessa pequena...
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