segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

NOS IDOS DOS ANOS...

                                                                                         



                        NOS IDOS DOS ANOS...
                                                  
                                                 


                Faz tempo já! Nos idos dos anos oitenta e qualquer coisa, é que aconteceu...
                Viagem na cadeira do dentista! Deliciosa viagem astral enquanto tratava de emergência de um canal e, em razão da inflamação aguda, absolutamente na raça!
                O Dentista um tanto temeroso e sem graça explicara-me que em razão da seriedade da inflamação, não daria para “pegar” a anestesia.
                Submeti-me derrotada pela lancinante dor, ao tratamento possível e que me livrasse do angustiante sofrimento!
                Enquanto de motor em punho, ia o doutor abrindo ensurdecedoramente meu dente para limpar e tratar o canal, viajei! Atravessei um portal mágico e me encontrei vagando por frondosa floresta rumo ao barulho de água, até que me deparei com uma clareira ou quem sabe, com o final da floresta.
                Era um lindo e delicioso local com um lago azul em que nadavam peixinhos vermelhos  e outros dourados que por vezes punham  a cabecinha para fora da água, não sei se para respirar ou interagir com outros animaizinhos que descansavam nas margens do lago ou bebiam de sua água.
                Uma família de coelhinhos  brincava a um dos  lados da margem, enquanto borboletas esvoaçando dançavam qual flores bailarinas e, do outro lado da margem um veadinho  qual Narciso, se debruçava sobre a água límpida, não para mirar a própria imagem, mas para matar a sede!
                Quem mirava sua imagem no espelho das águas era eu, encantada com aquele mundo paradisíaco.
                Pequenos pássaros voando transavam de um lado a outro enquanto bebericavam da queda de água e pousavam entre seus volteios, nos galhos das árvores limítrofes, sempre cantando como se trocassem seus segredos ou notícias. Pode ser que comentassem minha presença, ou ainda que saudassem à vida!
                Disse queda de água, pois era bem isso! O lago  por um lado que me sugeria uma cabeceira, tinha rochas e a água cantante e límpida saltitava por entre as pedras até que caíssem no lago e ali serenassem.
                Entusiasmada e curiosa, ousei atravessar a diáfana cortina de água e passei por pequeno túnel  e como num átomo de segundo, num repente saí do outro lado, quedando-me maravilhada no alto de uma montanha que fazia parte de uma cordilheira que se estendia ondulante ao longo do alcance das vistas!
                Esse mar de verde que era mata, serpenteava em diferentes tons e curvas, dos dois lados de um vale em que bem em baixo corria um rio  sereno , sabendo-se lá  até onde iria dar! Seu itinerário talvez fosse correr mundo e desaguar no mar.
                Extasiada, deslumbrada, em pé no topo daquela montanha, sentia o vento a me balançar as roupas e cabelos soltos, enquanto me fustigava a face!
                Em espírito me prostrei, colocando os joelhos em terra e rocha ao mesmo tempo em que espalhava o olhar que se inundava da paisagem e seguia perdendo-se no horizonte, abrangendo toda aquela exuberância que atestava a grandeza do Criador!

                                               Mariza C. de C. Cezar               


                                                                                         

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