NOS IDOS DOS ANOS...
Faz
tempo já! Nos idos dos anos oitenta e qualquer coisa, é que aconteceu...
Viagem
na cadeira do dentista! Deliciosa viagem astral enquanto tratava de emergência
de um canal e, em razão da inflamação aguda, absolutamente na raça!
O
Dentista um tanto temeroso e sem graça explicara-me que em razão da seriedade
da inflamação, não daria para “pegar” a anestesia.
Submeti-me
derrotada pela lancinante dor, ao tratamento possível e que me livrasse do
angustiante sofrimento!
Enquanto
de motor em punho, ia o doutor abrindo ensurdecedoramente meu dente para limpar
e tratar o canal, viajei! Atravessei um portal mágico e me encontrei vagando
por frondosa floresta rumo ao barulho de água, até que me deparei com uma
clareira ou quem sabe, com o final da floresta.
Era
um lindo e delicioso local com um lago azul em que nadavam peixinhos
vermelhos e outros dourados que por
vezes punham a cabecinha para fora da
água, não sei se para respirar ou interagir com outros animaizinhos que
descansavam nas margens do lago ou bebiam de sua água.
Uma
família de coelhinhos brincava a um dos lados da margem, enquanto borboletas
esvoaçando dançavam qual flores bailarinas e, do outro lado da margem um
veadinho qual Narciso, se debruçava
sobre a água límpida, não para mirar a própria imagem, mas para matar a sede!
Quem
mirava sua imagem no espelho das águas era eu, encantada com aquele mundo paradisíaco.
Pequenos
pássaros voando transavam de um lado a outro enquanto bebericavam da queda de
água e pousavam entre seus volteios, nos galhos das árvores limítrofes, sempre
cantando como se trocassem seus segredos ou notícias. Pode ser que comentassem
minha presença, ou ainda que saudassem à vida!
Disse
queda de água, pois era bem isso! O lago
por um lado que me sugeria uma cabeceira, tinha rochas e a água cantante
e límpida saltitava por entre as pedras até que caíssem no lago e ali
serenassem.
Entusiasmada
e curiosa, ousei atravessar a diáfana cortina de água e passei por pequeno
túnel e como num átomo de segundo, num
repente saí do outro lado, quedando-me maravilhada no alto de uma montanha que
fazia parte de uma cordilheira que se estendia ondulante ao longo do alcance
das vistas!
Esse
mar de verde que era mata, serpenteava em diferentes tons e curvas, dos dois
lados de um vale em que bem em baixo corria um rio sereno , sabendo-se lá até onde iria dar! Seu itinerário talvez
fosse correr mundo e desaguar no mar.
Extasiada,
deslumbrada, em pé no topo daquela montanha, sentia o vento a me balançar as
roupas e cabelos soltos, enquanto me fustigava a face!
Em
espírito me prostrei, colocando os joelhos em terra e rocha ao mesmo tempo em que
espalhava o olhar que se inundava da paisagem e seguia perdendo-se no horizonte,
abrangendo toda aquela exuberância que atestava a grandeza do Criador!
Mariza
C. de C. Cezar