sábado, 29 de março de 2014

FUTEBOL!


                                                                       
              FUTEBOL!                        
                                                    

        Era campeonato de futebol! Os ânimos estavam efervescentes! Os anseios febris mantinham as atenções de todos na expectativa da vitória! O mundo dos aficionados vibrava de entusiasmo. Futebol era religião, e religiosa e piedosa prece saia dos lábios e corações! Promessas de muitos, despachos de outros tantos e também conchavos e negociatas tomavam conta dos que tudo faziam pelo time do coração! Os desafios e apostas mobilizavam aqueles que acreditavam piamente no desempenho do “timaço”. Já se sentiam imbatíveis ganhadores, os “reis do pedaço”!
        No meio de toda aquela azáfama, aborrecida, Laura procurava se entreter com a filha adolescente e aceitar a ausência do amado dos seus suspiros, a razão da sua vida, que partira com a comitiva de diretores do Clube, para o jogo decisivo.
        A cidade vibrava, pulsava, cantava e gritava o nome do time e, depois de um rápido jantar em cantina da cidade, saíram as duas, mãe e filha, amigas confidentes, a rodopiar pelas ruas e praças, chegando a integrar o corso da torcida desenfreada!
        Compraram uma bandeira do time para entrar na brincadeira, pois isso era o que representava para as duas aquela agitação. Ainda dentro do espírito de curtição, resolveram voltar para casa e esperar o pai e marido, exultante vencedor, pois o time da paixão se sagrara campeão!
        Laura calçou uma linda sandália preta de plataforma e salto 10, vestiu apenas uma tanga “asa delta” de renda negra e, a faixa do time em preto e branco a cair-lhe em viés do ombro até o curvilíneo quadril encimado por cintura que, de tão fina, lhe dava o talhe de violão. Desenhou com fino traço do pincel delineador de olhos, o emblema do time no seio nu, a descoberto pela faixa envergada e, na nádega oposta, a filha entrando na brincadeira, fez-lhe o mesmo desenho com cunho alegre e sedutor. Prenderam o pau da bandeira recém adquirida na porta do armário, para que, a guisa de cortina, saudasse ao diretor campeão assim que adentrasse ao quarto. Deram-se boa noite as duas cúmplices e, foi acesa no quarto apenas a luz do abajur de cabeceira.
        Recostada na cama, Laura esperava em ansiosa expectativa, e antevia a surpresa da recepção sedutora ao campeão, pois ele como um dos diretores, não integrava a comitiva do time que voltava como vencedor da temporada? Enquanto esperava, curtia e antevia a festa que seria as boas vindas preparada com requinte de carinho e detalhes!
        O barulho do motor do carro, as despedidas dos amigos, o ruído da chave no portão e a seguir na porta da entrada, os passos atravessando as salas, a copa e cozinha, ruídos da porta da geladeira, novamente passos a subir a escada e na porta, afastada a bandeira, uma voz que exclama:
        - O que é isso?
        E o guerreiro vencedor, tão esperado, segue tropegamente até o cabideiro em que deposita a roupa despida e, vestindo um pijama, segue para o banheiro da suite, "chama o Miguel" e "destripa o mico". 

        Barulho de água, um bochecho, um gargarejo, rosto lavado, ainda meio trôpego, levanta os lençóis. Apaga a luz e ressona profundamente!

                                      Mariza C. de C. Cezar
                                                                                                             



                                           

sábado, 22 de março de 2014

NUMEROLOGIA

                                                                                                                                                         
              NUMEROLOGIA 
                                                       


              No universo, tudo é energia, e como a energia é dinâmica, até a aparente inércia é pulsante e vibra em ritmo próprio e, em harmonia com o todo e, esse pulsar , esse vibrar, é vida.
              A energia pulsante, vibrante, de cada molécula ou átomo, em movimento próprio e único, inscrito no âmago, no núcleo de cada partícula condensada de energia materializada, é que atrai e condensa aquele ou aquelas que têm o mesmo diapasão, o mesmo ritmo e, assim somos formados, materializados pela união única de átomos e moléculas instruídos pelo mesmo DNA, num pulsar  próprio à cadência sem igual, única, que retrata  o histórico de nossa vida como ser energético ou espiritual.
              Nosso ritmo é próprio, único, ele é o que ou quem somos e segue o compasso de sua própria individualidade, norteado ou impulsionado pelo histórico da música sem igual do nosso ser.
               O importante é que o nosso movimento esteja em harmonia, que nenhuma de nossas células destoe do próprio ser ou ainda, do compasso universal do qual se originou.
             É essa a finalidade do nosso ser, é a preservação do ritmo próprio, a busca da harmonia individual e com o universo, o aprimoramento pela elevação às oitavas superiores, da nossa própria música, para que alcancemos e integremos a sinfonia das estrelas ou melhor, para que vibremos em harmonia com o Criador, para que possamos reintegrar o ritmo e a harmonia  de que somos fragmentos, essa harmonia que é Deus!
           Para podermos trabalhar nosso ritmo e harmonia é necessário que venhamos a conhecer esse ritmo e essa harmonia, ou melhor, essa energia.
            É mister  sabermos quem somos e, a numerologia é a arte ou a ciência que pela mensuração  de nossa vibrações e através da valoração  das letras do nosso nome e, considerando nossa data de nascimento em sua simbologia gráfica, os números que dimensionam o diapasão vibracional de cada cadência de tempo, sons esses cujas vibrações retratam, pela harmonia única, a nossa vibração de ser, que vai nos dar a conhecer, a realidade de nossa música personalíssima , a história da nossa alma, a crônica de nossa vida desde todo o sempre!
           Conheceremos então, particularidades do nosso registro akashico , ou seja, da nossa vida escolar da espiritualidade cuja “secretaria”, não sei se informatizada ou não, contem os registros de nosso aproveitamento evolutivo.
            Não podemos ou não devemos buscar a numerologia  e seus estudos, por mera curiosidade ou superstição, mas sim como um referencial para auto conhecimento e com a finalidade de crescimento e evolução.
            Várias são as escolas a trabalhar com a numerologia, desde a Cabalista, a Tântrica, a Hindu,  a Astrológica e outras mais . Seguimos a  escola de Pitágoras por razões de afinidade e coerência com nossas origens culturais e históricas.

                                          Mariza C. de C .Cezar
                                                                                                                                            

sábado, 15 de março de 2014

POESIA MENTIR

                                                                                                                                               
     POESIA MENTIR!
                                                                          

     Não faço poesia.
     Poesia vive em mim!
     Sem pieguices,
     sem métricas,
     apenas viver e sentir
     no meu compasso
     com meu próprio passo!
     A alma em palavras,
     esta, em cadências,
     do próprio pulsar,
     do personalíssimo sentir,
     do ser a vibrar,
     mesmo que devagar,
     sem falar em amar,
     sem paixão!
     Não quero poetar,
     bulir com o meu sentir
     não quero rimar
     rima pobre,
     a pobre e triste  rima:
     dor com amor!
     E nem quero mentir
     para você e para mim!

                      Mariza C. de C. Cezar
                                                                           

                                                                  

domingo, 9 de março de 2014

REGINA ALONSO

                                                                                                                                                       
                                        REGINA    ALONSO

                                                                       
                          VISITA  PRESENTE

                          Hoje a velha companheira do dia a dia, já de há tempos, me trouxe um presente!
                           Com imenso prazer me pus a degustá-lo, a saborear palavra a palavra, pontos e virgulas, exclamações e reticências, linhas e entrelinhas, toda a beleza de forma  e todo o conteúdo do texto e contexto!
                           Hoje em sua visita, a velha amiga me trouxe outra mais nova, recente, mas nem por isso menos querida ou preciosa.
                          Com sofreguidão e encantamento, me deliciei enquanto absorvia, bebia suas palavras e com elas, suas memórias e esperanças!
                          Como sabe nos prender e nos envolver! Que companhia agradável!
                           Pena que essa visita, ocorra tão raramente, em razão de todo seu dinamismo e dedicação às causas que abraça!
                           Amiga atenciosa e simpática, com alma artista, seu papo poesia em prosa ou verso, encanta!
                           Por favor, “Tribuna” velha amiga, traga mais vezes, em suas visitas, a magia, a beleza, a suavidade, a força e poesia de Regina Alonso!

                                              Mariz C. de C. Cezar
                                
                    
                                                              

sexta-feira, 7 de março de 2014

MULHER, SEMPRE MULHER!

                                                                                                                                         
                                           

              MULHER , SEMPRE MULHER!
                                                                                            

              Mãe minha!
              Mãe sim, mas, antes e acima de tudo, mulher e muito! Tanto que foi pioneira no seu tempo, justamente por ser muito gente e gente grande, Gente com “G” maiúsculo!
            Não se aquietou em ser  apenas mulher e mãe, por mais e muito que isso possa significar!
           Se mãe e mulher indiscutivelmente ela o foi, assim como competente, dedicada, delicada, abnegada, generosa, muito mãe e mulher  em favor de sua prole, do  seu lar, da sua  classe e do justo em toda e qualquer circunstância, foi também  uma guerreira!
             Dona Enir, foi uma gentil e braba guerreira, muitas vezes incompreendida para os padrões da época , chegando por vezes a ser rotulada por uma de suas irmãs mais velhas , como “endemoninhada”, por não se aquietar, não se calar sempre, não se enquadrar no lugar comum se isso fosse ou se tornasse aviltante à dignidade de ser, e à liberdade de dizer ou de defender seus ideais!
           Amada e querida mulher!
           Como me orgulho em tê-la tido por mãe!

                                    Mariza C. de C. Cezar

                                                                                                         

                                                   

domingo, 2 de março de 2014

CHEGOU O CARNAVAL!

                                                                                                                                  


                                 CHEGOU O CARNAVAL!
                                                

                    É Carnaval!
                Reinado da alegria, da fantasia, sob a regência do “Rei Momo”, bonachão, alegre e que com seu trono, coroa e séquito, sai às ruas e salões, dando o grito do agito, no ritmo de velhas marchinhas, samba, frevo ou maracatu, ao som de pandeiros, reco-reco, cuícas, tamborim,  apitos e da” tuba do Serafim”!
               Ao seu grito, como que arrancadas da mofo de velhos baús ou, de oficinas de costuras, novas e velhas  odaliscas,, baianas, havaianas, holandesas, toureiros, marujos e piratas, pierrôs e colombinas, bailarinas, espantalhos, algumas sereias e fantasmas, animados e despertos pelo ritmo da alegria, confraternizam por quatro noites e três dias e, com samba nos pés, dançam  e pulam sem descanso, levados pelos ardores e humores, contagiados pelo império  da fantasia.
               Um mundo novo, único!
               Um mundo sem bandeiras ou fronteiras em que coexistem bandidos e freiras, o nobre e o mendigo,  em que miscigenam não apenas raças e povos mas almas e castas, sem ideologias, só alegria!
                Figuras díspares se irmanam, coexistem, se descobrem, se identificam,  algumas se apaixonam, outras se acasalam , outras mais  se encontram vindo a formar novos grupos de rebentos com o carnaval e o samba inseridos  alegremente na hereditariedade sanguínea, na identidade da alma de eternos foliões e perpétuos integrantes do “Reinado de  Momo”!
                 Integrantes desse reinado da alegria, da fantasia, assim como eu que venho de troncos, paterno e materno de tradição carnavalesca, ao ponto de meus pais terem se conhecido em pleno carnaval!
                 Mamãe, moça, quase menina ainda, levada ao baile pelas irmãs mais velhas, pois era a caçula de doze filhos, vestindo uma fantasia tirada do velho baú familiar, ela de chinesinho com um pijama de cetim preto, o característico chapéu com a trança única,tendo aos pés seu sapato de sapateado, puxava o cordão pelos salões do clube Harmonia em São Paulo e, ele, o meu pai, de malandro e com mascara da qual se sobressaiam apenas os lindos e grandes olhos verdes , qual uvas Itália!                                                          Papai se encantou e se apaixonou despertando reciprocidade ao som de “La vem seu china na ponta dos pés, ligue le ligue lelé! Chinês come somente uma vez por mês, não vai mais a Xangai ver a batterflay” ou ainda, a marchinha das“Fui às   touradas de Madriii,  prá ver Periii beijar Ceci”... !
              Velhos e queridos carnavais que não voltam mais!
        Como disse, em um deles, meus pais se encontraram, se identificaram, vieram a se casar, pouco depois, e hoje, mais velha de quatro irmãos, decorridos   tantos anos, pois esta crônica se refere ao velho carnaval de l938,  estou aqui, vibrando com mais um grito de: “É Carnaval”!

                          Mariza C. de C. Cezar