Se por um
lado amo o direito e o reverencio como matéria por suas origens, histórico e
finalidade; pela multiplicidade acadêmica que envolve o seu estudo e a
diversidade de sua grade de bacharelato e currículo escolar.
Se
reverencio e admiro o direito por suas origens nas leis escritas, nos usos e
costumes e jurisprudência formada e informada pelos julgados dos tribunais e
instâncias superiores, se me sinto gratificada pela diversidade cultural e pela
abrangência enriquecedora com que tal curso me agraciou, não posso expressar o
mesmo entusiasmo e admiração por seu campo de atuação no mundo dos homens, isto
é, pela Justiça terrena, órgão estatal de máxima importância, pois é um dos três
poderes previstos na Carta Magna, a Lei Maior da Nação, órgão esse encarregado
de processar, administrar e aplicar e fazer aplicar o Direito e suas Leis e, em
nome desse mesmo Direito, fazer Justiça!
A Justiça,
como mulher é apresentada simbolicamente, portando uma balança que nos diz no
cuidado no julgamento, com a valoração de cada caso a ser julgado, pesado,
medido, estudado, esgotando todos os recursos disponíveis para avaliar em
profundidade e lhaneza os procedimentos em curso, com isenção de ânimo, como
demonstra a venda nos olhos daquela figura feminina que, veementemente grita a
imparcialidade de suas avaliações e julgamentos, o que lhe permite usar com
autoridade e sem titubear, a espada que empunha, garantindo que nada e nem
ninguém escapa das conseqüências de seus atos, de suas escolhas e erros.
Assim nos
apresentam a Justiça e, piamente a cremos: sábia, responsável, impoluta,
imparcial, enfim justa, no entanto nos esquecemos que ela é terrena, criada,
gerida, administrada e aplicada por homens, homens cultos, homens preparados,
homens honrados e humanos e, assim eminentemente sociáveis e, se sociáveis
também políticos e... falíveis.
Prefiro me
calar, e pusilânime omitir o que muito poderia e gostaria de dizer, de gritar
em razão dos anos de vivência e observação tanto do lado de lá como no de cá dos balcões que separam
hierarquias funcionais e o povo a que pertencem tanto os operários como os
togados investidos desse mesmo poder estatal!
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