SAUDADES
DE UM SONHO
Dizem
os sábios e os esotéricos que devemos deixar para trás o passado.
Não
consigo! Não que no passado viva, mas vez por outra dele vivo, quando me lembro
com saudade de um amor, de um momento ou história vivida ou quase vivida por
ter, na bifurcação escolhido ou sido levada a escolher outro caminho.
Aquele
ou aqueles que eu ou o destino descartamos, ficaram no mundo dos sonhos e tão
mais prazerosos! Justamente e talvez, por não os termos percorrido passo a
passo, ficaram com gosto de saudade e com a esperança do que teriam ou que poderiam ter sido melhores! Idealizados!
Vivi!
Como vivi! Entretanto o que deixei de viver, vive em mim fazendo fusquinha ou
embalando sonhos, preenchendo vazios.
Alguns
sonhos mais constantemente sonhados e lembrados, conjecturados, mais coloridos
com as tintas da saudade, esses tem nome, alguns de vivos, outros alcançam
dimensões diversas, mas continuam tão fortes, tão vívidos!
Vívidos
e prazerosos, tentadores, apaixonantes, mas não vividos ou realizados! Apenas o
foram até certo ponto do caminho e depois desviados, descartados, surrupiados
pela sorte ou desdita.
Como
dizer que de sonhos ou de saudade não se vive? Pode-se até não viver, mas como
alimentam sonhos e preenchem lembranças
mesmo que não se viva ou se alimente apenas delas. Fazem parte de momentos do
viver entre um acontecimento ou outro e aproveitam qualquer brecha para se
impor agradavelmente, trazendo nostalgia e gosto de vidas não vividas, apenas
pressentidas, sonhadas e perdidas, quem sabe arquivadas ou em provetas,
dormentes e embrionárias.
Lembretes
ou casulos, à espera de outros tempos e oportunidades?
Sonhos
sonhados, vidas não vividas ou por viver, quem sabe? São mistérios que se
insinuam e com eles convivemos, sonhando sonhos bons, acalentadores, que
emprestam encantos quando nos sentimos esquecidos em um canto, ou à deriva no
descampado da vida que se perde no vazio e na dinâmica da modernidade virtual!
Mariza C.C. Cezar