sábado, 26 de abril de 2014

ERA UMA VEZ UMA...



                                                             
                        ERA UMA VEZ UMA...                                                                  

                                                



            Triste árvore!
        Única entre tantas outras árvores, arbustos ou seculares, estas poucas e cada vez mais raras, rodeadas por frutíferas ou frondosas, espalhando sombra e frescor! Árvores as mais diversas, algumas floridas como o ipê, o manacá da serra, a quaresmeira e as paineiras distribuindo flores, cores e perfumes, beleza por entre os vários tons de verde daquele mar de vívidas folhagens espalhadas por férteis terras que sobem colinas, galgam montes e cordilheiras, correm campinas, abrigando rios e escondendo cachoeiras.
        No cair da tarde, qual vizinhas matraqueiras de subúrbio, se põe a contar umas às outras as novidades do dia e a vida das vizinhas e o vento, se encarrega de espalhar histórias e boatos que divertem algumas espantando outras.
        Chegando a noite, abrem seus braços para abrigar aves em busca do pouso noturno. Pequenos animais também se achegam e vão se instalando abrigados por frondosas copas. As senhoras faladeiras a todos abraçam e aninham quais mães zelosas e hospedeiras solícitas.
        Apenas a triste árvore do começo da nossa história, não se comprazia com as histórias do fim das tardes, preferindo ouvir o canto das companheiras ao som das brisas e aragens e até das tempestades que regem o bailado desenfreado, orquestrado e coreografado pelas intempéries que agitam as ramagens e tresloucados galhos em ritmos atávicos.
        A nossa árvore triste ali chegara ainda em pequenina semente carregada pelo vento e vinda de lugares distantes. Germinou na terra fértil e cresceu rodeada por espécies outras, sem igual naquele espaço, buscando o sol, aproveitando as necessárias sombras e chuvas, foi crescendo, desabrochando, tentando se aclimatar. Alimentou sonhos de participar, de se identificar, de construir alianças e frutificar.
        Fez poucas alianças e foi fustigada e invejada por muitos, pois à medida que desabrochava e encorpava, foi se distinguindo pelo porte e pela beleza diferente.
        Nossa triste e bela árvore nunca realizou o sonho de se expandir em vida, de frutificar e se cobrir de suculentos e apetitosos frutos que alimentassem vidas e cumprissem suas razões de ser, espalhando pela terra fértil, suas sementes, sua espécie!
        Verdade que se não deu frutos, sua alma e seu coração de árvore-mãe verteu sua doce e nutritiva seiva, alimentando às outras espécies, à terra amiga e a vários animaizinhos que, sedentos ou famintos, se abrigavam e se aninhavam na segurança da sua disponibilidade amiga.
        Hoje mais frágil e vivida, com menos vigor e seiva, continua a acolher peregrinos, mas agora se sente triste e só e nem sabe por quanto tempo ainda isso se dará!

                                     Mariza C. de C. Cezar
‘                                                               
                                                                             
                                                                                                                                   

domingo, 20 de abril de 2014

PÁSCOA

                                                                                                                                               

                                                       PÁSCOA
                                                                                                       


          Páscoa da Ressurreição!
        É esse o espírito da páscoa, a ressurreição, o renascer para a luz, o que só é possível através do amor!
        Não consigo entender ou compactuar com esse eterno reviver da dor, do crime hediondo, crime de ódio e exclusão advindos da culpa, da prepotência, da ganância e do medo que culminaram entre tantos, com tão vis atitudes, como a traição, tortura, humilhação e com requintes de absurda maldade e exposição pública o assassinato do Cristo Jesus, o Messias prometido e assim reconhecido por seus seguidores, os cristãos!
        Respeito todas as crenças e seus dogmas e também seus rituais, mas não acredito que reviver, reanimar ano após ano, por séculos e séculos esse crime de muitos e esse sacrifício que oferecido da cruz, enquanto clamava ao Pai que nos perdoasse em Seu nome, pois nós os humanos, não sabíamos o que fazíamos, vá trazer maior luz ou renascimento à humanidade como um todo e também não aqueles que abraçam ao cristianismo.
        Reverenciemos a Cristo Jesus em amor e sigamos Seu exemplo. Essa a grande lição que nos deixou, que cumpríssemos em especial, os dois grandes mandamentos da lei de Deus: que O amassemos sobre todas as coisas e, ao próximo como a nós mesmos! Ao amarmos a Deus sobre todas as coisas, já estaremos amando ao próximo e às coisas outras, pois em Sua Onipotência, tudo e todos, inclusive nós mesmos somos Deus, pois Ele está em tudo e em cada um de nós!
        Esse Amor Onipresente nos faz renatos para a vida, e aí entendemos Vida Eterna!
        Ontem proclamamos: Aleluia! Pelo amor, a morte foi vencida e a Luz se fez esplendorosa e dentro desse esplendor e através do Messias e de Seu Amor, se deu a ressurreição!
        Crimes e culpas são passados, foram perdoados e, quem somos nós para revivê-los desrespeitando a vontade soberana, a ordem divina do próprio Cristo?
        Sigamos seu exemplo e revivamos nas lembranças, nas memórias, nas tradições culturais e religiosas. Nos sentimentos e regras que norteiam nossas vidas, a Sua vontade, o Seu exemplo e renasçamos em amor, dia a dia, minuto a minuto, anos e séculos e, por todos os séculos: a Ressurreição, a Luz pelo Amor!


                                      Mariza C. de C. Cezar
       

domingo, 13 de abril de 2014

CONFISSÕES



                               Boa noite meus fieis amigos! Hoje deixo com vocês um texto de autoria da minha sobrinha Gisele Cezar Martins, o que não é a primeira vez que faço. Espero que gostem.
Abraços meus,

                            Mariza C. de C. Cezar


                                                                                     
                                                                                            CONFISSÕES

         Realmente chego à conclusão que sou uma ilha inatingível em algum ponto do pacífico, pura e simplesmente pelo que o nome nos induz a pensar! Paz... é isso!Uma ilha longínqua, mas apesar da distância e contrariando a sua inatingibilidade a extinção atinge meus mares de tão explorados que eles se encontram!
         Tenho uma obsessão pelos livros e pelas palavras, mas deixo-os ao lado do lençol estendidos no chão e me esticando ao máximo, reteso meus nervos de aço enquanto abandono as palavras escuras em meus pensamentos, criando um obstáculo para que elas não pulem do imaginário, para o mundo real. Mundo Real?
         O único contato que tenho tido com a tal realidade, se dá através deste teclado virtual, que me conecta com o inteligível e temporariamente afasta-me do meu mundo doente. É isso! Tudo o que há em mim está incuravelmente enfermo. Acho que um cancro etéreo corroi minha vontade, dizimando aos poucos tudo o que um dia sonhei para mim e então me deixo, sem coragem, momento a momento, olhando para um ponto fixo no teto, e dentro de mim, alimento o vazio que me alimenta.
         Sei que daqui há pouco tomarei banho e me prepararei para o seminário ironicamente intitulado “ a era do vazio”, sei também que sorrirei, falarei frases altamente elaboradas, podendo-se dizer até mesmo, “ intelectuais”! Fácil  repetir ideias de estudiosos que alimentam mentes brilhantes! Serei bem sucedida em minha apresentação e depois, para continuar a abrandar o nada, sentaremos todos como pessoas civilizadas e beberemos algumas cervejas, dialogaremos um pouco mais sobre filosofia, psicologia e todas as orgias finais e então, cumpridas as tarefas da vida diária, nós viraremos as costas e nos diremos até mais.
         Talvez seja por isso que me deixei envolver pelas poesias, pelas persianas que ventam o mar, devido ao distanciamento que me proporciona proteção, assim posso sustentar em mim um único vínculo com a lucidez, enquanto que, por traz da cortina, continuo a me jogar nesse poço sem fim e, hora após hora eu caio um pouco mais para dentro desse buraco infernal e, como quem não tem forças para nem mais um suspiro, eu me solto e, com todo o peso das pedras que carrego, mergulho para as profundezas dos braços de Poseidon
Morte! Morte, morte, berram as vozes em meus ouvidos e eu, sorrio para o inevitável Sei que é isso que atrai o desfecho final onde saberei ou não, da dor que sempre e sempre, me devorou como sanguessuga voraz! Assusto-te com meu semblante sereno de fertilidade? Perdoe a incontrolável volúpia que vez por outra acomete meus desejos insatisfeitos! Dias como estes são exceções no mundo da imaginação e, esquizofrenicamente a  sanidade me acompanha nesta tarde, forçando-me à sinceridade.
Fujam enquanto as  aranhas ainda não teceram  em suas mentes, os contos de terror que lhe aprisionarão para todo o sempre em um antro de perversão. Corram enquanto a inocência de certa forma ainda não lhes abandonou e agarrem-se à pureza que, como mestra e amiga, sempre nos indica o caminho à redenção, pois nas bem aventuranças o Messias mesmo  nos revelou: “Felizes os puros de coração porque eles verão a Deus”.
Veem? As palavras fluem um pouco melhor, não é? Então aproveitem essas palavras e não deixem que elas lhes enganem, pois tudo tem um duplo sentido e, se hoje escandalizo, é para dizer quem sou, mas resta ainda em mim, um vestígio de luz  que terei, eu mesma que reanimar matando, na penumbra, todos os outros eus que alimento em segredo. É uma luta de sobrevivente e, ao vencedor será dada a coroa da vida!
Um dia, um anjo chamado Augusto, escreveu a esse vencedor:
         “  VENCEDOR
Toma as espadas rútilas, guerreiro,
e à rutilância das espadas, toma
a adaga de aço, o gládio de aço, e doma
meu coração – estranho carniceiro!

Não podes? Chama então presto o primeiro
e o mais possante gladiador de Roma.
e qual mais pronto e qual mais presto assoma
Nenhum pôde domar o prisioneiro.

Meu coração triunfava nas arenas
Veio depois um domador de hienas
E outro mais, e por fim, veio um atleta,

Vieram todos, por fim; ao todos, uns cem...
E não pôde domá-lo enfim ninguém,
Que ninguém doma um coração de poeta!”

É isso, meu coração de poeta, insaciável como esse meu espírito que vaga pelo mundo sem ser de ninguém, sem ter canto, recanto ou sossego, mas como uma ilha  solta e naufraga no oceano, afunda como Atlântida do mar das Bahamas, e nas solitárias tardes de um dia qualquer, em que os peixes foram todos capturados pelas redes e pelos mausoléus dos criadores de homens, eu que, como transatlântica, mergulho um pouco mais nesse precipício chamado dia.

                                    Gisele Cezar Martins
                                    Maringá,01/04/2004
                                                        
                                                         
                                                                                 

sábado, 5 de abril de 2014

GRUTA

                                                                                          

                        GRUTA
                                                   
                                                     

        Hoje é uma data muito especial! Em razão dela, amigos se reúnem em nome do amor em meio à Mata Atlântica, festejando o 5º aniversário de um núcleo de luz!
        Há cinco anos estivemos todos juntos, unidos ao casal anfitrião Mônica e Robert, para pagando uma promessa feita no passado, finalmente chegado o momento e o local certo, consagrar a gruta erguida à Nossa Senhora de Fátima e Sta. Rita de Cássia, com piedoso sentimento de gratidão e louvor!
        Relembramos hoje, com reverente sentimento e postura, a grandeza daquele momento sagrado.   Festejamos não apenas o pagamento de uma promessa, mas a materialização da gratidão e louvor e ainda a vivificação do amor e luz que vêm sendo dia a dia reverenciados e ano a ano cultivados.
        Todos os anos, amigos solidários têm se reunido em volta da gruta e renovado o espírito de amor e os propósitos que nortearam a todos naquela data da consagração!
        Intensificada tem sido no decorrer desse tempo a luz, como expandida a egrégora desse abençoado núcleo de fé.
        É uma gruta ecumênica erguida, consagrada e alimentada com amor e objetivando a irradiação da luz que abençoa e cura todas as mazelas humanas!
        Envaidecida e grata aos céus e ao amor dos amigos Mônica e Robert que me permitiram o privilégio de participar ativamente da consagração da gruta e, impedida fisicamente de estar com vocês no momento sagrado da renovação dessa consagração, me sinto e me faço ativamente presente e partícipe em espírito, energia e intenção!
        Reverente, uno minhas comemorações às de vocês queridos amigos!
        À gruta o meu amor, preces e gratidão!

                               Em e por 04/05 de abril de 2014

                               Mariza de C. de C. Cezar