segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

ALMOÇO DE NATAL!

                                                                                                                                                   
                                    ALMOÇO DE NATAL



                     Em rústica e imensa mesa de madeira, principalmente para os meus tenros 3 a 5 anos, mesa daquelas de fazenda, toda engalanada por alva  e engomada toalha branca de banquete, posta com requintes apropriados à data, no entanto bem lá no fundo do quintal, mais precisamente, no início do pomar e, sob frondosa e carregadinha amoreira de negros e saborosos frutos, foi que passei alguns inesquecíveis almoços de Natal!
                     Tenho vivo na memória esse quadro, pelo prazer da família grande e quase toda reunida, os vários tios e tias, cada qual com a sua penca de filhos, alegrando aquele almoço festivo e ricamente preparado.
                      Tiradas dos guardados as preciosas louças vindas de alem mar, e ainda os talheres brilhantemente polidos, os imensos guardanapos de linho com monograma bordados, enfeitavam a mesa.
                      As travessas vinham da cozinha, lindamente decoradas, com assados dourados e cheirosos, enchendo-nos a boca de água, inflando nossas narinas e dando brilho aos olhos, despertando o apetite e a gula!
                     As saladas, maioneses e farofas, estas levemente úmidas e enriquecidas com tudo de saboroso que a tia acrescentava com amor para agradar aos nossos paladares!
                     As sobremesas então! Estas arrancavam ah! e oh! das crianças e adultos e estes também se faziam crianças, levados pelo espírito do dia e da comemoração!
                   Festivos e saudosos almoços natalinos havidos em clima de amor e comemoração!
                   Era criança pequena, no entanto, me lembro  bem da alegria, dos sorrisos e abraços, até de algumas tias que, durante o ano, vez por outra, diminuindo o tom da voz e, como quem contasse um segredo, censuravam ou revelavam algum feito atribuído a qualquer delas.
                   Isso me maravilhava! Ver o milagre que Jesus fazia no seu almoço de aniversário, todos reunidos, risonhos, alegres e amigos em volta da mesa, festejando e comemorando o almoço em família!
                    Um abraço aqui, uma brincadeira ali, muitos brindes e alguém, sempre inspirado pelo espírito da data e do vinho, erguendo um brinde pedia a palavra e falava bonito até que cansava e, um outro alguém desse vivas e erguendo outro brinde, encerrasse  o espírito exuberante daquele falador de belas e pastosas palavras.
                    Tudo era festa! Foi aí que nos enchendo de susto a princípio e, de largas risadas a seguir, que a nossa acolhedora anfitriã, a senhora  amoreira , começou a derrubar seus roliços frutos, que estouravam enodoando à branca toalha sobre a mesa!
                     Passado o susto da primeira amora a se despencar com um sonoro “ploft”,  caímos todos na risada e ergueram, os adultos, mais um brinde, desta vez à participação da bela árvore, enquanto nós, as crianças, entre risos batíamos palmas alegremente encantadas!
                     Sim, naquele almoço era tudo festa!
               Hoje  à distância, vejo que fora uma deliciosa festa aquele Natal, sob a amoreira no fundo do quintal, em plena rua da Consolação em São Paulo, Capital!
                  
                                              

2 comentários:

Suely Ribella disse...

E tudo era festa... que maravilha!
Gosto de ler suas histórias, gosto de ouvir vc contar, ler, declamar ... rs...

Anônimo disse...

Desde as primeiras palavras um desenho ia se delineando, formando um quadro de beleza real, culminou com a imagem da menina, que se misturou com a foto, resultante daquela infante, dos tempos idos caminhando para o presente, nesta brilhante intelectual que nos presenteia com estas ricas publicações literárias!
Parabéns a ela e a nós,leitores!