ARIZONA
Ela está presente na minha história de vida, assim como presente constante se faz na minha afetividade.
Ela está presente na minha história de vida, assim como presente constante se faz na minha afetividade.
Ágil, lúcida, esperta, lutadora
e valorosa, amiga com alma irmã!
Pioneira em tempos de mudança,
pois nos conhecemos nos anos sessenta, quando enfrentou conceitos e
preconceitos familiares e sociais, pois espírito indômito e imbatível, ergueu a
bandeira da liberdade, da autenticidade e saiu do berço interiorano, lá dos
confins da alta Sorocabana e veio aportar na nossa Santos, contando com seu
discernimento e garra, mais o emprego público, eis que concursada.
Deixou no interior seu amor pelo
basquete, pois aqui no litoral seu basquete era a luta pelo dia a dia, o
trabalho da repartição da Fazenda Pública, a conquista pelo aluguel da
quitinete, sua sobrevivência e o custeio da faculdade de Direito na “Casa
Amarela”.
Querida amiga, irmã de alma!
Se guerreira era, também era dona
de uma ternura sem igual, de sensibilidade ímpar e de honestidade e
lealdade raras !
Minha amiga com nome de cigarro,
de estado Norte Americano, que aos incautos insinuava uma vaqueira, assim
chamada pela paixão dos irmãos mais velhos encantados com os filmes norte
americanos retratando o faroeste.
Vaqueira não era mas se chamava
Arizona e tinha grandes, lúcidos, brilhantes e mansos olhos negros que se
sobressaiam da moldura loira formada pelos cabelos sempre soltos ao vento,
olhos que me faziam, a título de galhofa e com grande carinho, chamá-la de:
minha “vaca amarela”.
Seus olhos transmitiam mansidão,
certeza, profundidade de ser e de conviver.
Fui testemunha de seu casamento
civil e madrinha do seu primeiro filho varão e recebi um terrível choque quando
telefonei para cumprimentar pelo aniversário, meu afilhado então na pré
adolescência, quando fiquei sabendo que tinham ido todos e às pressas, para o
enterro da mãe!
Arizona que se aposentara, estava
implantando e dirigindo uma fazenda de gados no pantanal e, sofreu um acidente
quando levava uma caseira com os filhos, para essa fazenda.
Ficou na estrada e, dali seguiu
para o túmulo da família de origem, os Baltuilhe , lá de Santo Anastácio, junto
da sua mãe.
Querida amiga, minha “vaca
amarela”, gosto de saber que você está aí, nesse outro ponto cósmico, vibrando,
cintilando sempre em sintonia com o meu bem querer!
4 comentários:
Historia comovente,muito bom,triste ou nao.Foi o melhor para ela
Eu me lembro dela!!
qUERIDA MARIZA, HISTÓRIAS DO PASSADO ÁS VEZES NOS REMETEM A LINDAS E ÁS VEZES NÃO TÃO LINDAS LEMBRANÇAS. VALEU O TEXTO, BEM ESCRITO COMO SSEMPRE!
BEIJOS
mONICA
Mazinha, quando você falou da mansidão dos olhos e da profundidade de ser e conviver, foi mesmo uma vaca que me veio ao pensamento. Já olhou pro olho de uma vaca? é justamente assim, seguro e profundo.
Tão assassinada e tão pacífica, não é por menos que na cultura fortemente espiritualizada da India ela seja sagrada. E é sagrada pra mim também.
Seu texto tá lindo, e demostra a grande amiga que você é.
Te amo!
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