Sou um
cara boêmio, “bom vivam”, solteiro empedernido, que muito já vi e vivi neste
mundo de homens e de Deus. Sou displicente e pavio curto, pequeno-burguês
classe média, num deslizar pachorrento pela vida, em andanças notívagas.
Gosto do sol e, seminu curto esse sol
nas nossas praias santistas, enfim eu
sou eu, homem vivido dentro das minhas perspectivas, profissional militante já
há mais de duas décadas, percorrendo corredores e cotovelos da Justiça dos
homens.
Com essa
minha apresentação, quero apenas dar a vocês, a oportunidade de avaliar o
enfoque pessoal do que vou agora narrar, pois nunca antes vira procissão igual.
Marcou-me, é
verdade, a romaria que tenho presenciado neste último mês, todos os dias úteis,
entre as 11,30 e 13,15 hs, pelo quarto andar de imponente prédio público deste
nosso município e comarca.
São moças,
moças e outras já não tão moças,
senhoras e donzelas, baixas e altas, gordas ou magras, louras, ruivas, morenas,
grisalhas ou negras, femininas ou indefinidas, esportivas ou clássicas, sérias
ou nem tanto, enfim todas elas, essas funcionárias públicas, já há muito minhas
conhecidas, quer de balcões, quer de salões, que transitam, uma por uma, quando
não de duas a duas, com pratos, talheres, marmitas e restos de comida, de suas
respectivas repartições, até a copa ao final do corredor.
Curioso como ao
longo desses anos de exercício profissional, nunca imaginei, como por certo
meus colegas, a situação precária em que vivem no dia a dia, essas peçazinhas
da máquina governamental!
Tão curioso
achei esse desfilar, que tenho voltado sempre a observar tal atividade e, notei
que, quando voltam com a louça lavada, essas funcionárias, retornam sobre seus
passos, entrando na porta anterior á da referida copa e, ás pressas ou devagar,
risonhas ou cabisbaixas, sempre com escova de dentes, sabonetes, toalhas de mão,
retornam ás respectivas salas, para sem pausa ou salutar descanso, iniciarem
com “ar!” profissional, seus papéis funcionais.
Essa procissão
diária das bóias frias do asfalto, me causou estranheza e eu, que muito já vi e
vivi, fiquei tocado, pois me julgo um homem do mundo e concluí, que desconhecia
parte do mundo em que sempre vivi, desconhecia particularidades do dia a dia
das operárias da Justiça, dessa mesma
Justiça em que sempre atuei e cri.
Um comentário:
Essa foi você quem escreveu mazinha?
Poxa ta tão bucólica e romântica! Muito gostosa de ler!!!
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