domingo, 15 de outubro de 2017

ELOQUÊNCIA...

                                                                     






                                             
                                                                     

                               ELOQUÊNCIA... 
                                                                     

                        O que será mais eloquente, a voz, o tom, o clamor, o burburinho, o sussurro ou o silêncio já que falamos de sons e não de posturas ou gestuais?
                        Dias destes li um texto em que uma sobrinha dizia ser no silêncio do mar que encontrava a Voz de Deus e logo abaixo havia uma observação minha dizendo não entender bem assim, pois para mim, o mar não tem nada de silencioso, mesmo quando na calmaria.
                        Mais eu dizia vez que no meu entender e sentir, a voz do silêncio é a Voz de Deus que ecoa dentro de nós.
                        Não vejo o mar em silêncio, para mim ele canta, também grunhe, ruge, estoura, extravaza em seus altos e baixos, toda a força do movimento ou da calmaria, em sons característicos e apropriados a cada momento, mesmo sussurros, suspiros, ais ou lamentos.
                        Em suas vozes ouvimos a Mãe Natureza, Netuno e sua corte que é rica e variada ouvimos também as vozes de outras plagas contando e cantando estórias daqui e de além-mar, seja em gemidos, gritos e vozes do além dos muitos e diferentes fantasmas que habitam suas profundezas, como chegam à suas praias ou rebentações, nos costões, rochas e quebra-mar!
                        Quão belo e eloquente é o mar com seus sons e ruídos, marolas, balanços  e gigantescas ondas e seus nuances variáveis do verde ao azul, chegando por vezes ao cinza esse “baita tancão besta”como exclamou meu avô menino, na primeira vez em que veio a Santos e descortinou essa imensidão que é o nosso vasto mar que desperta amor e respeito, embelezando a vista e banhando a orla, seus residentes  e turistas, inspirando poetas e músicos, alimenta e sustenta  pescadores e caiçaras como mantém, impérios capitalistas de pescados como a industria sem chaminés que também trás reconhecimento e divisas.
                        Pelas rotas marítimas se conquistou o mundo, se desbravaram continentes, navegaram e traficaram reinos, comerciantes, piratas e negreiros, turistas, estudiosos da fauna e flora marinha e também traficaram tesouros e divisas, não esquecendo as políticas que pulularam com usos e costumes ou mesmo roupagens épicas no decorrer dos tempos.
                        Esse mar de comerciantes, desbravadores e poetas, demarcava distâncias, diferentes culturas, etnias, civilizações, a força e a importância do mar que se mantém todas essas diferenças também proporciona o intercâmbio, a mistura, confraternização e miscigenação de povos e almas, de credos e raças, de usos e costumes, de bens e afetos.
                        No entanto o mar que ouço conta muito mais, me conta o segredo da vida, suas origens e ainda as cósmicas, pois a água é condutora de eletricidade e no caso do mar, pensemos em energias cósmicas e memórias ancestrais, pois ao que me consta é o útero do mundo, pelo menos do nosso planeta.


                                                               Mariza  C.C. Cezar

                                                                                                                                                     
                                                                                                                                                           


4 comentários:

Flávio Tallarico disse...

CARA AMIGA. ESTOU DE PLENO ACORDO COM AS SUAS COLOCAÇÕES SEMPRE CERTEIRAS, CAPTANDO, COM SEU ESPÍRITO POÉTICO, AS VOZES DO NOSSO MUNDO. O MAR É COM CERTEZA A NOSSA ORIGEM. QUEM SOUBER OUVI-LO (E VOCÊ O SABE BEM), DESVENDARÁ OS MISTÉRIOS DA VIDA. PARABÉNS POR MAIS ESSA LINDA CRÔNICA QUE VOCÊ NOS OFERECE. UM ABRAÇO.

Ercy Longo disse...

Maravilhosa descricao de nosso mar que tanto nos encanta e fascina, mas que tambem nos amedronta quando nos mostra a forca de suas aguas! Sua poesia tambem nos encanta e nos faz lembrar da grande importancia de nossa mae Natureza, ja tao maltratada pelos homens.

Mario disse...

Muito bonito seu texto,profundo, muito cheio de verdade e vida, assim como, o mar!

Jouvana disse...

O mar é uma fonte eterna de inspiração e nos leva a viajar através do tempo, a imaginar tantas histórias... adorei!!