domingo, 25 de junho de 2017

DOS TEMPOS DE ANTANHO...

                                                                               

                        DOS TEMPOS DE ANTANHO...
                                                                                
                                                                                        

                        Vemos essas mesas postas com requinte, tão formosas e convidativas, a nos seduzir, afagar ao nosso ego como se fosse uma carícia cheia de promessas, enquanto salivamos com o apetite e até a gula despertada e imaginando as iguarias a serem ofertadas e saboreadas.
                           Da mesa posta ao cardápio, á degustação e digestão!
                        Louça inglesa  sobre toalha bordada e com detalhes preciosos de renda irlandesa, os copos de cristais lapidados com mestria a tilintar ao toque, com sonoro e alegre eco, a lavanda com elegância colocada á frente, em diagonal ao lado dos pratos, para que os comensais lavem as pontas dos seus dedos.
                        Já os guardanapos grandes, com monogramas que acompanham à toalha, lindamente dobrados e postos em cima de cada prato ou ao lado  nos “sou-plats”em mesas mais modernas.
                        Os descansos de talheres também ao lado já os talheres foram deixados para depois, mas sempre lindamente polidos de prata de lei, alguns com detalhes  em ouro, hoje os mais comuns de alpaca Wolf, ou inoxidáveis.
                       Os talheres foram deixados para o final é por terem uma regra lógica e importantíssima em sua disposição e isso não se deve ao capricho dos requintes apregoados pelo saudoso Marcelino de Carvalho, mas sim por praticidade e elegância ao usá-los.
                 Vamos a eles pois em primeiro lugar devem ser colocados os talheres, à direita e à esquerda do prato e sempre a serem usados de fora para dentro, isto é na prioridade de uso, de acordo com o serviço e a ordem a serem apresentados.
                        Isso me foi ensinado pela minha tia-mãe, a já famosa T’a Tita, enquanto contava uma estória com sabor do tempo de antanho, quando as mulheres  ainda não tinham queimado seus sutiãs e não eram imponderadas.
                     A menininha que eu era ouviu atentamente à estória e mais tarde a transmitiu às crianças da família e ensinou a muitas domésticas que teve ao longo dos anos, no entanto essa pequena estória hoje, já não teria o mesmo gosto ou efeito, pois os tempos mudaram!
                      Vamos ao exercício de memorização:
                    Antigamente, como os tempos eram diferentes e as mulheres mais frágeis e temerosas, nunca saiam de casa sozinhas, no mínimo iam de duas a duas, sempre com uma companhia, então vejamos: “a” faca e “a” colher são femininas  portanto estão sempre juntas e como são tementes e temerosas andam sempre pelos caminhos da direita e assim “a” faca e “a” colher ficam  do lado direito do prato, já “o” garfo é masculino e assim sendo corajoso e atrevido  está sempre só  e pelos caminhos tortuosos e sinistros, andam pela esquerda e assim ficam do lado esquerdo do prato.
                      Já as crianças como requerem cuidados dos adultos ficam acima dos pratos, para que os mais velhos zelem por elas e assim, os talheres de sobremesa são dispostos seguindo a ordem, “a” colher e “a” faca são colocados à frente do prado com os cabos para a direita e, entre elas e com o cabo para a esquerda deverá ficar “o” garfo.
                    Antiga ou não, creio que ainda serve para ensinar e memorizar a distribuição dos talheres à mesa desde que não se trate de serviço à americano os  atuais  por serem informais e práticos  mais ao sabor dos tempos modernos que são corridos e dinâmicos.

                                                                                                             Mariza C.C. Cezar
                                                                                                                                                                 



5 comentários:

Flávio Tallarico disse...

Uma bela crônica ensinando comportamento e etiqueta. Um abraço.

Suely Ribella disse...

Antanho... tempos outros, mais refinados, mais elegantes, mais bonitos... Hoje, pouco se vê desses costumes.
Gostei de ler, refletir... Obrigada, Mariza. Bjos.

Mario disse...

Formosa Mariza,
simplicidade,
altiva, altaneira,
sobeja, boas maneiras!
Beijo no coração amiga! Obrigado pela lição!

Raul Drewnick disse...

Mariza, tão luminoso, tão ensolarado este blog. Parece um dia no campo. Aromas, perfumes, e brisas para espalhá-los. Ah, que bom aspirá-los.

Mariza C C. Cezar disse...

Raul, quanta honra e prazer me dá uma visita tão ilustre quão douta ! Seu gentil comentário me sensibiliza e incentiva. Hoje me sinto realizada. Obrigada e abraços.