ERAM
OUTROS OS CARNAVAIS...
Sexta feira
que antecedia ao Carnaval, a festa da alegria!
A mãe
passara horas de dias à máquina Singer, daquelas de pedal herdada da mãe dela e
ali gastara as vistas e precioso tempo como também suas economias
milagrosamente oriundas do orçamento doméstico!
Feitas
estavam as fantasias, uma para cada dia de folia sadia e tradição familiar. As
das crianças mais fáceis e improvisadas, mas as das filhas, sendo mais velhas
que os meninos, tinham sonhos, vaidade, ilusões e exigências! Criavam com
requinte suas caracterizações.
Finalmente
tudo pronto e perfeito! A alegria tomava conta da casa, a mesa bem situada, já fora
reservada no clube para as quatro noites e as três matinês! Comprados estavam
os confetes e as serpentinas.
Eis
que chega o pai que estava viajando e solene e absurdamente joga um balde de
água fria na alegria reinante! Ele sempre aficionado companheiro de folguedos,
solenemente decreta em tom irrecursável o fim da euforia, dizendo:-“Este ano
não haverá carnaval”!
Olhos
incrédulos, mãe e filhos não podiam crer em seus ouvidos!
Não
adiantaram choros copiosos, pedidos, argumentações, promessas, questionamentos
e muito menos os vários “por quê?” brotando das bocas mais ousadas.
Irredutível,
dizia o pai: -“Porque eu quero! Aqui em casa, este ano nem se cogitará de
carnaval.”
A
filha mais velha se faz porta-voz dos outros e indaga incisiva: -“ Por que? Só
por capricho? Que absurdo de maldade!”Ao que o pai responde: - “Vocês vão ouvir
muitos nãos ao longo de suas vidas e este, será para ensiná-los e para que vão
se acostumando e se preparando a eles.”
Absurdo
protesta a mulher e também os filhos, enquanto lágrimas com gosto de frustração
e revolta escorrem dos olhos já inchados pela choradeira da prole.
O
clima domestico se fez de perplexidade misturada a frustração, mágoa e revolta enquanto
o pai, persistia na negativa peremptória.
Essa
a situação inusitada quando ouve-se um carro estacionando em frente à casa ,
seguindo-se de palmas e alguém vai entrando enquanto chama pelos da casa e aparece um primo dos mais velhos e muito
querido do tio.
Logo
entre choros e palavras atropeladas pois falavam todos ao mesmo tempo, foi o
visitante colocado a par do decreto malfadado.
Com
certa ascendência sobre o tio de quem era muito amigo, conseguiu depois de papo
a dois, a quebra do decreto, o sobrinho se responsabilizando pelos primos mais
novos, acompanhado da tia.
Acertada
a reserva da mesa, comprados os lança-perfumes Rodo Metálico, às quatro noites
e às três matines, para alegria geral, foram as fantasias levadas aos folguedos
e brincadeiras saudáveis dos velhos carnavais.
Mariza C.C. Cezar