sexta-feira, 15 de abril de 2016

POETA INSPIRA ALÉM DA POESIA



                                                                       
                                                                                   

                       POETA INSPIRA ALEM DA POESIA
                                                                                                         


                Lendo uma bela poesia da poetisa Nina Lume, que a apresenta como pobre, por não ser enquadrada pela métrica usualmente esperada dos poetas de sua grandeza, não resisti e enlevada e empolgada pelo tema, fui me estendendo em comentários e quando vi, deu no que vocês vêm aqui e agora:
              Que belo enfoque! Que visão paradisíaca! Poética a criação da Terra no universo inserida!                                                                                        A poeta justifica tão bem os contrastes da noite e do dia! Ocultou em simbiose a mulher com a cobra, pois se curvilínea uma, sinuosa a outra o é! Á mulher fez rainha da noite  e dos seus mistérios e tentações encobertas pela falta de luz!                                                                                                  Deu a ela, o Criador, sob esse enfoque, a submissão de receber eternamente o luar do rei sol, senhor da luz e do dia e com o dia ele o sol, recebe ainda o encargo do labutar à ardência do calor. A bem da mulher, fê-la mãe de sois a brilhar ao longe, com imagem de estrelas! Essas estrelas que se nos apresentam como cintilantes enfeites da rainha da noite e de seu manto de sombras e rasgos de luar! Presumo que ao sol foi dado o encargo de fazer germinar grãos e vida. Á lua a atribuição foi de parir distantes e inatingíveis sois! Não é que os marotos, sol e lua, punidos pela ousadia do amor concretizado, foram condenados  á eterna separação   e  não é que driblam á Divina condenação,  penetrando juntos ele como réstia de luz e ela como sombra iluminada por diáfana renda de prata nas alcovas e recantos os mais diversos e inesperados em que maravilhados e banhados pelo luar outros amantes se rendem ao amor!
E os poetas, sensibilizados e enlevados pelo mistério da noite enluarada, pelo amor que perfuma os ares e pelos encantos das águas que em cantos de encantos se perdem em correntes mansas e serenas nos rios que correm a fazer marolas no mar que também enamorado nos apresenta as estrelas do mar e eles os poetas, seu  encanto e seu canto/poesia que alimenta almas e sonhos e a nós inebiria!


                                     Mariza C.C. Cezar
                                            
                                                 
                                                                                                
 

                                                                                        

segunda-feira, 4 de abril de 2016

OBRA PRIMA

                                                                                                                                   




                 OBRA PRIMA







                Moreno, charmoso, bem posto, sempre de óculos escuros, saia para percorrer ruas, praças, o mercado municipal e até á beira do cais marcava presença com seu cão guia.
                Simpático sorria para os transeuntes ocasionais, cumprimentando ou trocando dois dedos de prosa com conhecidos ou com alguém novo que despertasse a atenção do seu nariz atilado.
                Sim, seu nariz e também sua sensação de espaço e por isso de formas. Ele “via” muito mais que os premiados com o sentido da visão.
                O tato e o paladar então, não apenas funcionavam, gritavam descrevendo detalhes de formas e sabores e as pessoas se lhes apresentavam em ricos detalhes de roupas ou desnudas. As primeiras lhes contavam o humor e preferências ou tendências e o nu, lhe revelava a alma e intensidade das paixões de cada um.
                Se suas manhãs eram de perambular ao saudável sol, suas tardes eram uma incógnita para os menos íntimos.
                A verdade é que esse período dedicava a duas paixões, música que o arrebatava a outras dimensões em que se soltava e extasiava, até que por ela era levado. Se dirigia ao atelier também preenchido pela música que o fazia mergulhar as mãos no barro e criar maravilhas que o cheiro trazido das ruas nas narinas atentas e o som predominante e envolvente o impulsionavam a do barro chão e artesanal, criar formas e expressões que levavam alma e despertariam vidas!
                Poderíamos parar por aqui pois narramos a rotina de vida e a criatividade de uma singular figura.
                Continuaremos mais um pouco, pois algo inédito aconteceu em uma noite, período até então não abordado, mas o nosso amigo, como todo bom artista era boêmio e suas noites ricas de vida.
                Vida e rotina a bem da verdade, pois acompanhado por seu cão guia, todas as noites após frugal jantar, se dirigia a um bar dançante e mais uma vez a música o conduzia a outro patamar a que se entregava prazerosamente, confraternizando com a alegria que grassava no ambiente sensual.
                Ouvia e cheirava os ares que por vezes eram tomados por formas esbeltas ou roliças, outras vezes apetitosas!
                Dançava. Gostava de dançar e a música lhe fazia sempre bem e gostava também de confraternizar e o fazia até que entendesse ser hora de descansar, para no próximo amanhecer  recomeçar suas andanças e rotina tão ricas e criativas.
                Uma noite, encontrou primeiro o cheiro que imediatamente lhe encaminhou á boca o gosto, e suas  mãos apressadas envolveram á eleita para a sensação da dança e aí, o encaixe dos corpos foi tão lindamente completo que o arfar e o fremir das bocas e corpos ao ritmo, não se sabe se da música ou dos corações uníssonos os tomavam por completo.
                Essa noite ele ousou sair da rotina pré-estabelecida, ficou mais e ficando, muito mais tempo ficou e acabou levando-a com ele.
                Naquela noite mesmo se desvendaram, se desnudaram, se conheceram de forma completa, bíblica e  pagã, se amaram intensa e lindamente!
                A manhã os encontrou no estúdio, ele a do barro perpetuar a fêmea, mergulhando suas mãos cheias do corpo dela no barro e  o modelava com a beleza dela, com o amor que ainda percorria seus jovens e saudáveis corpos, ela languida a posar entregue, totalmente entregue a ele e á arte que a perpetuava como o amor e a obra prima dele!                                                         
                                                                                                                                                         Mariza C.C. Cezar