domingo, 13 de dezembro de 2015

SILÊNCIO!

                                                                           
                                                                                               
                                         SILENCIO!
                                                                                                      

                Caluda! Silêncio! Psiu! Nem um pio, por favor! Olhos e ouvidos atentos!
                Liguem suas antenas, periscópios possíveis, e coloquem o”piscinée”, o ambiente exige respeito e atenção admirativa e reverente!
                Estamos em pleno mundo da magia, das possibilidades, em que o possível e o impossível coexistem, acontecem!
                Agora e aqui, o passado e o futuro se atropelam e se encontram, dão-se esbarrões e a ciência e a fé, a matéria e o espírito, a realidade e o realismo, o imaginário e a fantasia, todos  se inter-relacionam !
                Aqui a poesia  e a prosa, a oratória, as formulas e cartografias interagem, se entendem ou desentendem, convivem.
                Adentramos a um santuário em que os costumes e o tempo se atropelam, se estranham mas se abraçam, interagem!
                Aqui a verdadeira torre que leva ao céu paradisíaco do conhecimento diversificado e absoluto! São aceitas aqui, todas as diversas  correntes, apenas as correntes que aprisionem ou cerceiem a livre manifestação do pensamento são excluídas.
                Neste local, o cheiro do velho se mistura ao do novo e é um perfume inebriante! Não se trata de apenas uma floresta, mas de verdadeira mata do saber!
                Todas as nações e eras coabitam este mundo de mundos! Este é um mundo ecumênico em que o único Deus é o conhecimento e tudo e todos a Ele de curvam e Dele bebem e nunca se saciam, sempre e sempre a mais querer!
                Funciona por vinte e quatro horas e quem tem olhos para ver e ouvidos para ouvir, pode encontrar os mais diferentes espíritos e também almas penadas, espíritos de porco e ás vezes fantasmas e até alguns elementais!
                Devem saltar de suas prateleiras, lá pela meia noite, poetas das mais diferentes escolas, romancistas, cientistas, historiadores, cartógrafos, e todas as áreas do saber devem comparecer e interagir, filosofar, debater, defender suas teses, discursar ou transmiti-las aos que quiserem ouvir!
                Quantos autores consagrados saltarão dos seus lugares demarcados! Quantos escritores frustrados buscarão um lugar, ou ainda se fazer notar, conhecer, quantos editores que deixaram de publicar este ou aquele livro ou tema, andarão a procura do “furo” a publicar!
                Quantos candidatos desenganados, suicidas desesperançados, buscarão na dança das horas noturnas e boêmias “um lugar ao sol” do reconhecimento!
                Quantas charges e caricaturistas  confraternizarão com épicos e epopeicos poemas ou sérios discursos e seus oradores!
                Ah! Os fantasmas das Bibliotecas! Seria no mínimo curioso poder assisti-los nesses encontros noturnos, nesses “saraus” e púlpitos, nesses debates e confraternizações!

                                   Mariza C.C. Cezar
                                                                                                   

                                                                                  

6 comentários:

Jouvana disse...

Estou vendo, livros pulando de prateleiras no centro filósofos novos discutindo c velhos , fadas e peter pam voando, números e sinais, discussões , tudo numa espiral de tempo... Bacana demais . Obrigada por compartilhar

Madô Martins disse...

Mariza, já imaginei como seria bom, um dia, encostar o ouvido nos livros das prateleiras e ouvir suas vozes e as conversas que talvez tenham entre si...

Madô Martins disse...

Mariza, já imaginei como seria bom, um dia, encostar o ouvido nos livros das prateleiras e ouvir suas vozes e as conversas que talvez tenham entre si...

Flávio Tallarico disse...

Lendo mais esta sua agradável crônica, lembrei-me de que, realmente, não há lugar mais encantado do que uma noite na biblioteca escura. Todos os escritores saem de seus livros, descem das prateleiras e correm, vorazes, ler o jornal da véspera para saber as novidades. Só notícias tristes. Formam rodinhas, confabulam e preferem voltar ao interior de seus livros. O mundo aqui fora está inabitável e burro. Abraço.

Carlos Gama disse...

Uma viagem histórica, envolvente e que eu nunca havia imaginado.
Parabéns!
Obrigado pelo passeio.

Anônimo disse...

Mariza, ja disseram tudo rsrsrs. Parabens pelo belo texto e obrugada por compartilhar. Beijo
Cida