Caluda!
Silêncio! Psiu! Nem um pio, por favor! Olhos e ouvidos atentos!
Liguem
suas antenas, periscópios possíveis, e coloquem o”piscinée”, o ambiente exige
respeito e atenção admirativa e reverente!
Estamos
em pleno mundo da magia, das possibilidades, em que o possível e o impossível
coexistem, acontecem!
Agora e
aqui, o passado e o futuro se atropelam e se encontram, dão-se esbarrões e a
ciência e a fé, a matéria e o espírito, a realidade e o realismo, o imaginário
e a fantasia, todos se inter-relacionam !
Aqui a
poesia e a prosa, a oratória, as
formulas e cartografias interagem, se entendem ou desentendem, convivem.
Adentramos
a um santuário em que os costumes e o tempo se atropelam, se estranham mas se
abraçam, interagem!
Aqui a
verdadeira torre que leva ao céu paradisíaco do conhecimento diversificado e
absoluto! São aceitas aqui, todas as diversas correntes, apenas as correntes que aprisionem
ou cerceiem a livre manifestação do pensamento são excluídas.
Neste local,
o cheiro do velho se mistura ao do novo e é um perfume inebriante! Não se trata
de apenas uma floresta, mas de verdadeira mata do saber!
Todas as
nações e eras coabitam este mundo de mundos! Este é um mundo ecumênico em que o
único Deus é o conhecimento e tudo e todos a Ele de curvam e Dele bebem e nunca
se saciam, sempre e sempre a mais querer!
Funciona
por vinte e quatro horas e quem tem olhos para ver e ouvidos para ouvir, pode
encontrar os mais diferentes espíritos e também almas penadas, espíritos de
porco e ás vezes fantasmas e até alguns elementais!
Devem
saltar de suas prateleiras, lá pela meia noite, poetas das mais diferentes
escolas, romancistas, cientistas, historiadores, cartógrafos, e todas as áreas
do saber devem comparecer e interagir, filosofar, debater, defender suas teses,
discursar ou transmiti-las aos que quiserem ouvir!
Quantos
autores consagrados saltarão dos seus lugares demarcados! Quantos escritores
frustrados buscarão um lugar, ou ainda se fazer notar, conhecer, quantos
editores que deixaram de publicar este ou aquele livro ou tema, andarão a
procura do “furo” a publicar!
Quantos
candidatos desenganados, suicidas desesperançados, buscarão na dança das horas
noturnas e boêmias “um lugar ao sol” do reconhecimento!
Quantas charges e caricaturistas confraternizarão com épicos e epopeicos poemas
ou sérios discursos e seus oradores!
Ah! Os
fantasmas das Bibliotecas! Seria no mínimo curioso poder assisti-los nesses
encontros noturnos, nesses “saraus” e púlpitos, nesses debates e
confraternizações!
Mariza C.C. Cezar
6 comentários:
Estou vendo, livros pulando de prateleiras no centro filósofos novos discutindo c velhos , fadas e peter pam voando, números e sinais, discussões , tudo numa espiral de tempo... Bacana demais . Obrigada por compartilhar
Mariza, já imaginei como seria bom, um dia, encostar o ouvido nos livros das prateleiras e ouvir suas vozes e as conversas que talvez tenham entre si...
Mariza, já imaginei como seria bom, um dia, encostar o ouvido nos livros das prateleiras e ouvir suas vozes e as conversas que talvez tenham entre si...
Lendo mais esta sua agradável crônica, lembrei-me de que, realmente, não há lugar mais encantado do que uma noite na biblioteca escura. Todos os escritores saem de seus livros, descem das prateleiras e correm, vorazes, ler o jornal da véspera para saber as novidades. Só notícias tristes. Formam rodinhas, confabulam e preferem voltar ao interior de seus livros. O mundo aqui fora está inabitável e burro. Abraço.
Uma viagem histórica, envolvente e que eu nunca havia imaginado.
Parabéns!
Obrigado pelo passeio.
Mariza, ja disseram tudo rsrsrs. Parabens pelo belo texto e obrugada por compartilhar. Beijo
Cida
Postar um comentário