PROEZAS E AVENTURAS
Meus
amigos,
Já corri tanto
por essas estradas do interiorzão! Ja andei e não poucas vezes por
estradas de barro vermelho com corrente nas rodas de Jipe que atolavam e
patinavam espalhando lama para todos os lados, já atravessei pontes parecidas
com essa só que não tão longas e nem com uma carreta atrelada ao carro, já
andei por "mata burro" e atravessei " pinguela", ´j a
parei em mucunfos de beira de estrada pela madrugada e esquentei o corpo e
espantei o sono com uma mistura que meu pai me apresentou e da qual me
lembro sempre e ás vezes, com saudade, café preto e quente, puro,
batizado com uma dose de conhaque.
Quantas vezes vi
o dia amanhecer nas estradas! Meu pai gostava de viajar á noite e nos arrancava
da cama pela madrugada, a noite ainda breu e estrelada, para empreendermos as
viagens de recreio ou mudança, ainda as de visitas a familiares, lindo o amanhecer
na estrada, os mais lindos que já vi, o céu se tingindo de rosa ou laranja e
dourado dos raios solares que surgiam no horizonte ainda com algumas
estrelinhas teimosas e retardatárias a brilhar no lusco-fusco do céu! Arvores
por vezes nuas a erguer seus desnudos galhos como se fossem mãos em garra a se
elevar em clamor a pedir misericórdia aos céus, e como essas árvores e seus
galhos calavam fundo em meu peito!
Já vi meu pai
cansado e dormitando ao volante , acordar gritando : "Olha a ponte,
olha a ponte e estancar abruptamente o carro em enorme poça d'água no meio do
leito carroçável desnudo, assustando a todos nós!
Com meu ex-marido
e sua filha, já dormi, melhor dormimos todos uma madrugada super fria apesar
dos nossos muitos agasalhos e casacos de couro, com a roupa do corpo e as botas
de cano alto, em dormitório de posto de gasolina que alcançamos no meio da
estrada do sul , em longo trecho ermo lá pelos lados de Vacaria e os três
de roupa e tudo em razão do frio e do receio dos leitos conseguidos em tão
rudimentar hospedaria !
Se desde criança
viajei de avião o que na época era proeza a que poucos tinham acesso, também já
tive minhas aventuras pelas estradas do meu país, já me maravilhei com coisas
belas, já tive medo em outra ocasiões, já roubei frutos do pé na beira da
estrada, isso em criança, tomei banho de rio , saltei fogueira e dancei na
roça, fiquei em palanque de autoridades, frequentei jantares festivos do Rotary
Clube , assisti a concertos , incontáveis pianistas, á Guiomar Novais, ás
declamações da Margarita Lopes de Almeida!
Já
discursei de improviso em recepção oficial para autoridades , embaixadores
e representante do Governo do nosso Estado.
Um tanto
aventureira outro tanto atrevida, venho percorrendo a estrada da vida e se
estou a lhes contar tudo isso foi em razão da travessia da “PONTE
ECONÔMICA” que assisti em e-mail recebido de dileto casal amigo.
Agradeço a
paciência solidaria ou curiosa de tantos quantos leram minhas lembranças.
Abraços a todos vocês.
Mariza C.C.Cezar
3 comentários:
Belas lembranças, amiga Mariza. Obrigada por compartilhar. Beijo, Cida Micossi
Que gratificante esta viagem Mariza!
É muito prazeroso andar em boa companhia, com gente que tem história e sabe contá-las.
Vivi momentos como esses e ao ler, ouvindo Lua Branca ao piano de Carmen Sílvia, as lágrimas afloraram totalmente indiscretas.
Obrigado por esses tão bons momentos, por essas tão gostosas lembranças.
Cara amiga: viajei junto nesta sua crônica. São lembranças que marcam nossa vida e que se perpetuam na memória dizendo bem alto: eu vivi. Parabéns.
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