quinta-feira, 26 de novembro de 2015

DESFILE



                                                                                   
                                            
                           DESFILE
                                            



                Hoje logo pela manhãzinha, estive na Sta. Casa de Misericórdia, o hospital mais antigo de Santos,SP. para uma consulta rápida e pós cirúrgica, por ter operado ontem a segunda vista de catarata.
                Enquanto aguardava o médico, no segundo andar, seção de oftalmologia, observava aquele longo e frio corredor que tanto me angustia, pois mesmo reconhecendo os recursos humanos e técnicos desse hospital histórico e tradicional, tenho péssimas recordações de outras vezes em que lá estive como acompanhante dos meus caros e saudosos  parentes e da despedida de todos eles.
                O momento era outro, bem positivo depois dessa cirurgia rápida e indolor, quase mágica pelas mãos de jovem, belo, e eficiente médico, vislumbrei um novo e irradiante mundo resplandecente de luz e formas, antes baço e opaco!
                Mas voltando ao longo e frio corredor do segundo andar em que aguardava pela consulta e observava eventuais passantes, fui surpreendida pelo desfilar de curiosas figuras, todas masculinas e que como saída de baús ou velhos álbuns fotográficos, homens magros sempre, altos ou baixos, com ou sem bengalas, em passadas compassadas, rítmicas e miúdas, esses senhores empertigados e eretos, seguiam sempre parecendo ter destino certo e contínuo.
                Tão eretos, tão esguios e empinados, mais parecendo engomados, muito lembraram meu avô materno, o velho Dr. Jovelino que rindo sempre, nos dizia que os da família Camargo sempre se curvam para trás, nunca para frente!
                Com a chegada dos outros pacientes e depois a do cirurgião, passamos ás consultas e fomos dispensados cheios de alegria e esperança, esquecendo momentaneamente o curioso desfile.
                Mais tarde, já em casa e depois de uma cesta para relaxar e repor as energias me lembrei do desfile e entendi a sensação que ficara, mais pergunta que sensação, pois na realidade não sabia se as figuras que de tempos em tempos do nada surgiam e seguiam como se tivessem destino certo, em rotatividade compassada e deixando a impressão de ser cíclica, eram de verdade deste mundo ou de dimensões paralelas.

                             
                                                               Mariza C.C. Cezar
                                                     

                                                         

4 comentários:

Suely Ribella disse...

Mistério no desfile...
Corredores de hospitais são sempre sombrios...

Bom saber que esses olhinhos azuis já estão novinhos!
Cuide-se... e continue nos encantando com seus textos...
Corredores de hospitais são sempre sombrios...
Bjs!

Carlos Gama disse...

Bem analisado; restará a dúvida.

Sucesso na recuperação e bom proveito da boa visão, minha cara amiga.

Ainda iremos conversar sobre os Camargo e quem sabe encontremos o caminho de um deles (não sei, mas irei procurar saber o primeiro nome), casado com Noemia. Personagens muito antigos, já bem antigos, quando eu ainda era menino e me aboletava nos braços das poltronas para me entreter com suas conversas.

Jouvana disse...

Agora vou dormir pensando nas figuras que desfilavam pelo corredor... Que bom q vc fez a cirurgia e q deu tudo certo. Bjs Será q vou sonhar com elas??

Mariza C C. Cezar disse...


Amanhã você me conta Bela Jouvana Whintaker ! Kakakaka! Impressionou tanto assim? Obrigada e abraços, Mariza C.C.Cezar