segunda-feira, 17 de novembro de 2014

CERTA PRINCESA...

                                                        


                                                                                                   CERTA PRINCESA... 
                                            


                Era uma vez...

                Sim, uma certa vez há alguns muitos anos passados, uma jovem princesa dos tempos dourados, depois de muito sonhar sonhos encantados e depois de alguns tropeços que fizeram sonhos virarem bolhas de sabão que plainaram, voaram etéreas, translucidas e multicoloridas até que fizessem ploft!
                Enquanto sonhava a princesa corria na vida corrida, sem fôlego e nem tempo entre muitos afazeres, sempre encontrando tempo e fôlego para as várias requisições da vida jovem, alimentando-a com sonhos, motivando-a com metas.
                Nesse corre corre entre sonhos, alguns realizados, outros gorados, alguns abortados ou descartados, enquanto poucos foram arquivados com reticências, interrogação e expectativas, a princesa continuou praticando  habilidosa diplomacia, tolerância, lutas, esgrima, pulso e palavras fortes alternadas com gentileza e solidariedade advindas da empatia tão natural ao seu ser!
                Realizou alguns feitos de notória projeção e entre as muitas atividades e algumas maratonas, encontrou um príncipe que elegeu como seu e o fez  seu consorte, abdicando do seu reino sem deixar seus compromissos e continuou pelas maratonas da vida, assumindo outro reino em que se julgava rainha.
                Sonhos! Sonhos que se passaram por realidade até que pisou no novo reino e notou que era apenas título decorativo, pois na verdade se tornara escrava, cerceada, observada, comandada, criticada e invejada pela corte pré-estabelecida!
                Seu príncipe logo se transformou em batráquio e essa jovem princesa, agora no auge da sua feminilidade e loucamente apaixonada pelo príncipe ou pelos próprios sonhos, continuou a alimentá-los, aos sonhos e ao príncipe batráquio e dele cuidou com carinho e sobre ele derramou mimos, cuidados e zelo e o amou! Tanto o amou que inadvertidamente contribuiu com a maldição que o mantinha cativo da triste figura!
                A bolha desse sonho foi ficando cinza, escura, opaca, sem brilho, sem luz, pesada e tudo isso a atingiu  na alma e no coração, mas ela cheia de esperança e fé, continuou crendo que conseguiria vencer o malvado encantamento lançado e assim, viveu e lutou bravamente e isso fez  por muitos anos!
                Quando sentiu, quando percebeu que estava sendo não apenas anulada como tragada por aquela bola que de bolha se transformara em pesadelo, arrancou das fibras do seu ser, forças e se desencantou saindo da bolha, salvando os cacos que restaram daquele sonhar e viver!
                Deixou o castelo encantado que se revelara mal assombrado, deixou o batráquio ainda amado, deixou seus sonhos de vida.
                Princesa ou rainha, não importava mais, mas a vida sim, essa lhe importava e muito e cheia de fibra, se bem que alquebrada, reatou seu viver e o dedicou a reconstruir vida, mesmo que para isso tivesse muitas vezes, que jogar o jogo do contente, brincando de Poliana.
                E o sapo continuou a sapear pela vida e reino, vez por outra coaxando aos pés e aos ouvidos da nossa princesa que ainda lhe tem um certo carinho, mas nenhuma ilusão!

                                Mariza C. de C. Cezar                                                                                         
                                               

                                                    

                                                            

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