OLHO GULOSO!
Deus meu! Como sou gulosa!
Por favor, não me entendam
mal!
Minha gula não se prende às
coisas do estomago ou do paladar, pois para essas até que me surpreendi com
grande controle e disciplina, tanto que mantenho atualmente, meu peso dentro do
que me permite a genética e a hereditariedade, assim como a diabetes,
totalmente sob os aplausos da diligente endocrinologista que me acompanha já há
alguns anos.
Minha gula sempre se
manifestou com relação ao belo e ao útil, sempre foi imperante para com o que
enfeita a vida e enriquece o espírito.
Uma das minhas taras diz
respeito aos livros, estou sempre querendo mais, muito mais!
Lógico que tem assuntos e
matérias que me chamam e prendem a atenção, mas minha gula não se contenta com
elas, muitos ou quase todos os assuntos, se impõe e hipnotizam meu olhar
guloso!
Nunca resisti muito ao chamamento
das livrarias, suas prateleiras parecem sempre ondular, vibrar, dançar e atraem
meu olhar disputando o interesse! Difícil sempre adequar o bolso , o limite do
cartão e a força dos pulsos artríticos, a arcar com o custo e peso da gulosa
avidez dos olhos e saciar o gosto de “quero mais” que insiste em pingar da boca
voluptuosa e extasiadamente sorridente e deslumbrada!
Verdade que tive outros
amores , os cristais de rocha e as lindas pedras brasileiras, despertaram minha
paixão e gula!
Ainda aí o velho amor aos
livros se irmanou a elas, pois para melhor conhecê-las, assim como aos seus
usos e propriedades curativas, busquei com voracidade, os velhos amigos e
companheiros.
Há quem censure e reclame e
também, quem argumente com delicadeza uns, e outros nem tanto, dizendo cada um
à sua maneira, que tenho espaços e vida atravancados com “tralhas”, se
referindo assim os menos gentis, ou ainda menos interessados no que não atende
à praticidade, para eles tão imperante, no caso aos meus sagrados e apetitosos
livros e também aos cristais de rocha!
Até dos quadros, óleo sobre
telas, já houve quem se atrevesse a dizer que deveria deixar as paredes mais
nuas, mais “clean”!
Verdade que sou e me considero gulosa e,
muito gulosa para com o belo e as coisas do espírito e essa observação
constatei agora ao olhar entre pesarosa e divertida, a minha última aquisição
feita por telefone, pois se o título e o assunto me encantaram, levei
verdadeiro susto quando chegou o sedex!
Imenso e pesado volume! 1
150 Páginas sobre “Cultura e Religião no Brasil”, assinado por Francisco van
der Poel ( Frei Chico), sob o título de: “Dicionário de Religiosidade Popular”!
Voltando a um
dos verbetes da mais nova aquisição, “olho gordo” tão comumente referido pelos
usos e costumes populares, devo esclarecer que esse não tenho e na verdade
nunca tive, o que tenho mesmo e, reconhecidamente, é um terrível olho guloso,
ávido e untuosamente guloso!
Devo acrescentar que, essa
minha gula não agride e nem violenta a ninguém e menos ainda, fere
suscetibilidades outras, pois não atinge e nem prejudica , a não ser quem sabe,
à diligente faxineira amiga e solidária que, vez por outra, me ajuda na eterna
luta contra o pó que insiste em penetrar, atrevida e sorrateiramente em nossas
vidas e espaços!