sábado, 16 de junho de 2012

I A R A


                 IARA



          Era uma vez...não é assim que começam todas as estórias? Pois então, vamos lá:

          Era uma vez uma moça que podia se gabar de ter uma amiga, não que essa moça não tivesse outras, mas essa que merece estória, era uma amiga toda especial, amiga mesmo, amiga de verdade, tão amiga e tão real que se fez estória que passa para a história.

         Iara de “ar” altivo e sereno sempre dona, como poucas, de porte senhoril, seu semblante plácido e ameno transcendendo dignidade, caráter, personalidade e, seu olhar lúcido, arguto e descansado, a traduzir inteligência e bondade, tudo isso gostosamente temperado por ocasionais levantar de sobrancelhas, esboçando um leve “que” de ironia,  não a ironia maldosa que incomoda e vilipendia, mas sim aquela proveniente de espírito vivo que sabe observar e concluir, tirando de tudo a graça dos contrastes e o sabor do pitoresco.

       Sua tez, clara sabendo a limpeza, seus cabelos precocemente encanecidos, sempre curtos e graciosamente ondulados, seus lábios finos e bem feitos, vez por outra se abrindo em gostosas gargalhadas, em que se sente o prazer da vida e a vida da alma.

       Seu andar, sereno e sua figura algo roliça, sua voz amiga, sábia e esperta e sua loquacidade ágil e contínua, sabendo glosar e gozar, tanto quanto  amparar , aconselhar como incentivar, apoiar e também construtivamente criticar.

       Iara sempre coloriu suas prosas com erudição e simplicidade e seus papos amigos, indo dos mestres eruditos aos ditos comezinhos, populares e os próprios, sempre com muita propriedade e não pouca probidade.

       Dona de um peito macio, desses de mãe grande, que convida ao desabafo e promete reconforto, presença que sempre descansou e encantou quem teve o prazer de privar de sua companhia,  nunca muito  frequente mas sempre presente e, sua certeza maravilhosa dádiva, no mundo conturbado que se sente sempre, tanta falta de solidariedade.

        Iara, por incrível que pareça não é ficção e tão pouco tema fantasia para esta estória da moça que queria contar que tinha uma amiga em tarde chata e de dentro de uma repartição muito mais chata ainda!

      Iara existiu e existe ainda, na memória daquela moça que fui e ainda, na lembrança e nos exemplos que deixou em todos os que tiveram o privilégio de conhecê-la e privar de sua amizade e intimidade. 

  

2 comentários:

Anônimo disse...

Querida Mariza

ficou lindo e nunca vi esta foto de minha mãe as duas eleganterrimas ..fiquei emocionada pra variar ..adorei
Obrigada pela linda homenagem a minha mãe e tenho certeza que ela está e estará sempre olhando por nós !!!Beijos
Cassiterita

Gisele Cezar disse...

Poxa que sensibilidade!!! E ter uma amiga assim e para poucos!