IARA
Era uma vez...não é assim que começam
todas as estórias? Pois então, vamos lá:
Era uma vez uma moça que podia se
gabar de ter uma amiga, não que essa moça não tivesse outras, mas essa que
merece estória, era uma amiga toda especial, amiga mesmo, amiga de verdade, tão
amiga e tão real que se fez estória que passa para a história.
Iara de “ar” altivo e sereno sempre dona,
como poucas, de porte senhoril, seu semblante plácido e ameno transcendendo
dignidade, caráter, personalidade e, seu olhar lúcido, arguto e descansado, a
traduzir inteligência e bondade, tudo isso gostosamente temperado por
ocasionais levantar de sobrancelhas, esboçando um leve “que” de ironia, não a ironia maldosa que incomoda e vilipendia,
mas sim aquela proveniente de espírito vivo que sabe observar e concluir,
tirando de tudo a graça dos contrastes e o sabor do pitoresco.
Sua tez, clara sabendo a limpeza, seus
cabelos precocemente encanecidos, sempre curtos e graciosamente ondulados, seus
lábios finos e bem feitos, vez por outra se abrindo em gostosas gargalhadas, em
que se sente o prazer da vida e a vida da alma.
Seu andar, sereno e sua figura algo roliça,
sua voz amiga, sábia e esperta e sua loquacidade ágil e contínua, sabendo
glosar e gozar, tanto quanto amparar ,
aconselhar como incentivar, apoiar e também construtivamente criticar.
Iara sempre coloriu suas prosas com
erudição e simplicidade e seus papos amigos, indo dos mestres eruditos aos
ditos comezinhos, populares e os próprios, sempre com muita propriedade e não
pouca probidade.
Dona de um peito macio, desses de mãe
grande, que convida ao desabafo e promete reconforto, presença que sempre
descansou e encantou quem teve o prazer de privar de sua companhia, nunca muito frequente mas sempre presente e, sua certeza
maravilhosa dádiva, no mundo conturbado que se sente sempre, tanta falta de
solidariedade.
Iara, por incrível que pareça não é ficção e
tão pouco tema fantasia para esta estória da moça que queria contar que tinha
uma amiga em tarde chata e de dentro de uma repartição muito mais chata ainda!
Iara existiu e existe ainda, na memória daquela
moça que fui e ainda, na lembrança e nos exemplos que deixou em todos os que
tiveram o privilégio de conhecê-la e privar de sua amizade e intimidade.
2 comentários:
Querida Mariza
ficou lindo e nunca vi esta foto de minha mãe as duas eleganterrimas ..fiquei emocionada pra variar ..adorei
Obrigada pela linda homenagem a minha mãe e tenho certeza que ela está e estará sempre olhando por nós !!!Beijos
Cassiterita
Poxa que sensibilidade!!! E ter uma amiga assim e para poucos!
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