segunda-feira, 24 de outubro de 2011

FAMÍLIA

                       FAMÍLIA          
                       O Sr. Fradinho bastante claro, garboso, carregava com elegância uma pinta lateral que o fazia se destacar dos demais habitantes daquele canto do velho armazém.
                      Esse armazém era de um português bigodudo e abastecia o vilarejo e aos moradores das redondezas.
                      Esse Sr. Fradinho a quem chamaremos de Frá, residia com sua família, todos claros e todos com a mesma pinta genética que os diferenciava dos demais feijões, como já foi dito, em um canto desse armazém de roça.
                      Frá chegara ao armazém em seu saco de moradia, vindo de longa distância, na caminhonete do” seu” José, juntamente com outras sacas, todas como a sua, fechadas, costuradas, lacradas e por essa razão, não pudera observar á  paisagem percorrida e tampouco confraternizar com as outras espécies.
                    Descarregadas as sacas e abertas, revelou ao mundo seu conteúdo e, aos feijões passageiros e moradores, o ar, a luz, o mundo, a vizinhança.
                    A princípio, se deslumbraram com a luz, os ruídos, as cores, os cheiros e as espécies outras que ali se encontravam, ou por ali transitavam, pois ali havia bichos grandes e de duas pernas, verdadeiros gigantes que os examinavam, avaliavam e, por vezes os arrebatavam das respectivas sacas e carregavam um punhado de seus parentes ou de vizinhos.
                  Frá notou que havia também outros animais de quatro patas, uns com rabo, outros sem, alguns com pernas, outros voavam e, ainda aqueles que rastejavam, não esquecendo os que pulavam e nem os que cantavam.
                 Tantas espécies, tantos seres diferentes, esquisitos, belos e, tantos assustadores!
                Frá descobriu que nas moradias vizinhas, havia outras espécies de grãos, uns amarelos chamados de milho, alguns brancos, magros e pequenos, que eram da família do Arroz, outros moreninhos e que cheiravam forte e gostoso, os Cafés e, várias outras espécies ou famílias habitavam as sacas vizinhas, como havia ainda as sacas dos feijões, alguns grandes como os Jalos, outros rajados como os cariocas, brancos, roxinhos, pretos, mas todos estes, soube Frá, que eram seus parentes.
                Assim se passavam os dias e assim Frá foi descortinando e conhecendo o mundo, ou melhor, o seu mundo, os seus familiares, os de sua raça, os parentes, os parentes afins e os seus vizinhos, cada grupo com suas características, aparências, finalidades, histórias ou históricos, tradições e seus valores ou, seu valor.
                Frá ia levando a sua vidinha até que um dia, chegou uma nova saca ao armazém e, quando esta foi aberta, Frá descobriu de novo a vida. Passou a  ver tudo diferente, com outra perspectiva, passou mesmo a olhar tudo com outros olhos e a se remexer na saca, querendo chamar a atenção, saltitando tanto que caiu ao chão e tudo isso só para ver á Rosinha, uma tenra e rosada feijãozinha que vivia com sua família na saca dos feijões rosinha, de uma espécie que ele ainda não conhecera mas, que estava sendo apreciada pelos gigantes que freqüentavam o armazém.
              Bom, voltemos ao tombo do Frá... e não é que deu certo? Um filhotinho de gigante de duas pernas, erguendo do chão aquele feijão de pinta, que outro não era que o nosso Frá e, por descuido ou, inspirado por Cupido, o jogou na saca da Rosinha.
              Estranhado por alguns, bem recebido por outros, o caso é que Frá foi adotado pela família dos feijões Rosa e eu soube depois, que seu romance com a bela Rosinha, deslanchou e que viveram felizes para sempre, como uma verdadeira família unida pelos laços do amor e do destino, até que foram parar juntos ...no mesmo caldeirão!
             Esse romance do Frá com a Rosinha, nos mostra que o verdadeiro amor não olha para aparências, para cor, raça ou mesmo credo, ele derruba barreiras e agrega os seres e vidas abençoando a união e  as famílias nascidas do amor, para com esse mesmo amor e, por ele cumprir sua missão de vida, vindo a alimentar e nutrir outra família reunida no lar, á volta da mesa, para mais uma refeição em ato de amor.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

VOCE VIVE NA LEMBRANÇA...E NA BOA FORMAÇÃO DA CRIANÇA

    
                  VOCE VIVE NA LEMBRANÇA....


                 E NA BOA FORMAÇÃO DA CRIANÇA DESDE

14 de outubro de l955      
                        
                          
                                        
                 Ai meu tio, que saudade de você!
                 Da sua barriguinha empinada, encimando as pernas finas, finas e morenas.
                Que saudade do seu sorriso fácil, dos seus olhos negros, escuros e brincalhões. Do seu bigode certo sob o leve adunco do nariz.
               Que falta dos seus braços! Braços amigos que sabiam envolver com amor, acolher com calor.
               Que saudade!... Do seu espírito boêmio, das nossas noitadas alegres, de papos, sanduiches de padaria ou sorvetes comprados ás tardias horas das noites, dos quitutes ás mesmas horas, vez por outra feitos ao fogão.
              Que falta da flauta e do violão! Das poesias ditas em boa entonação, todas de poetas antigos, amigos das coisas do coração! Assim como você, poeta e amigo, todo coração.
              Lembro-me de você, com grande carinho, com enorme vazio no meu bem querer.
              Saudade das suas raras zangas, rápidas e passageiras, em falas miúdas, nervosas e apressadas, irritadas, por momento.
            Constante na lembrança o seu fraco pelo joguinho, do carteado de pif-paf, a sua força com o tabaco, superado em favor dos caprichos do amor.
           Eu me lembro de você artista, arteiro, moleque por vezes, sério nas coisas sérias, intransigente até! Conservador, conversador, sociável e companheiro, de você pintor que em pinceladas largas, nas telas punha a alma das coisas, gentes, flores ou paisagens, e á sua, que ás outras captava com sagacidade própria da personalidade sensível,de gente do seu nível, de elevação espiritual e moral.
         Que falta me faz seus convites rápidos, insistentes, imperiosos e convincentes á oração, á missa do meio-dia na velha Pompéia, ao culto noturno e presbítero acompanhando á “Titinha”, companheira mimosa, cheirosa, caprichosa, que era todo o seu amor! A dona do seu coração, coração grande e amigo dos pobres e desvalidos a quem socorria, enquanto acorria ao penhor e agiotas, passando quem sabe, por idiota,  para aqueles distantes do seu valor.
       Que saudade do meu tio! Que era quem me levava a concertos, que me forçava nos solfejos, acompanhava nos folguedos de criança e adolescente!
        Como me lembro dos seus carrinhos! Sckoda e Fordinho, todos pequenininhos, que emperravam em momentos incertos, ferindo minha vaidade tola de menina-moça, aluna do “Stella Maris”  e moçoila do Clube XV.
       Tio, quero sentir você me envolver com seu amor, me abrigar no seu regaço, no calor do seu abraço, na certeza de você! Amigo desvelado e presente, em momentos do presente  e nos dias do amanhã!...
       Tio, faltou dizer das valsas, daquelas em que eu rodopiava pelos braços seus, aprendendo a dançar, a bailar e embalar.
       Faltou dizer dos carnavais, festejos alegres que não tenho mais, das festas juninas havidas nos quintais, dos aniversários festejados em comum.
       Faltou dizer... falar de tanta coisa! Pois o nosso tempo foi uma vida vivida plena e totalmente, formando bases indeléveis mesmo pelo mundão de porteiras abertas pelos contrastes de hoje, pelos costumes outros, de outra era, em que tudo já era, em nada volta jamais, a não ser na lembrança, na boa formação da criança e na saudade do coração.
      Eu nada disse meu tio, dos nossos banhos de mar em que você me ensinou a nadar, dos papos em japonês com as pitorescas figuras das vendedoras nipônicas que, no meu tempo de criança, coloriam as praias santistas e, que sorrindo e de mãos á boca, se afastavam devagar.
      Não disse nada das nossas viagens no vagão–leito do trem, o “Ouro Verde” da Sorocabana, das festas na volta, com a matula materna de virado de frango caipira.
     Quase olvidara as noites sérias e sem fim em que, aos processos debruçado, você trabalhava afinco, em luta constante, incessante luta pela Justiça a que se dedicara e, em que acreditava a despeito das injustiças vividas e sofridas.
      Tio, você não foi. Você vive na lembrança, no amor e na semente do bem que plantou em meu coração.
      Que saudade imensa! Mesmo quando sinto sua presença, seu carinho vivos na lembrança, quando sinto você junto de mim.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

HORAS VAZIAS

      
                                      HORAS VAZIAS

                   Horas vazias,

                    Ausência de tudo.

                    Angustia.

                    Pressa de ir,

                    Desespero de partir,

                    Ansiedade de chegar,

                    Dos braços, o apertar,     

                     Você!

                     Total expressão de ser,

                     Vida e amor,

                      Eu você, nós-amor.

sábado, 8 de outubro de 2011

EU QUERO UMA CRIANÇA!

          EU QUERO UMA CRIANÇA!
                Eu quero uma criança

                Viva, linda, rosada, que chore e ria,

                Dessas que balbucia,

                Tenra, cheirosa, uma criança minha.

                Filha da minha alma,

                Amor do meu coração.

                Coração materno,

                Coração que anseia em, ao regaço

                Aconchegar um neném.

                Não importa que faça pipi,

                Que suje fraldas ou faça manha

                De quando em vez;

                Não importa que me prenda em casa,

                Que tenha fome e sugue o seio meu.

                Não importa que essa criança

                Deixe de ser neném,

               Que ela cresça a engatinhar,

               Depois, a correr, mexer e remexer,

               Em tudo que ao alcance,

               Das mãozinhas encontre.

               Eu quero essa criança. Quero mesmo!

              Ainda que me requisite a todo instante,

              Me obrigue a insone, velar seu adormecer,

              A cuidar das febres altas, do seu desenvolver.

             Quero acompanhar seus passos primeiros,

             Incertos e determinados a seguir,

            Caminhar, o mundo desbravar.

            Quero poder orientar suas mãozinhas

            Sequiosas por conhecer,

            A tudo apalpar, derrubar

            Em desajeito o que encontrar.

            Eu quero mesmo! Com ela redescobrir,

            As formas, as cores e sons.

           Ensiná-la e com ela aprender,

           Compreender e amar,

           As coisas, as gentes, o mundo.

           Quero rir com suas graças,

           Ensiná-la a falar,

           Com ela brincar, dançar,

           Contar-lhe estórias,

           Ensinar-lhe história.

           Encaminhá-la na vida e,

          Para a vida orientá-la.

          Eu sei que ela, como são

         Todas as crianças, um dia será difícil,

         Que entrará na adolescência,

         Quererá sua auto-suficiência,

        Exigirá independência,

        Gritará por vivência

         Mas, isso é bom e salutar.

        Eu a quero mesmo assim.

        Não é uma boneca que peço,

          Mas um neném de verdade.

          Um neném que venha a ser,

          Com propriedade,

         Um ser real, humano,

         Gente como poucas gentes

         E gente como todas as gentes,

        Que cresça e se encontre,

         Que venha a ser, um ser forte,

         Que seja sábia e boa,

         Que tenha personalidade,

         Sensibilidade, dignidade,

        Que amadureça e em livre escolha,

        Tenha sua vida própria,

        Pois não a quero para mim,

        Quero apenas tê-la, acariciá-la,

      Ampará-la, niná-la e orientá-la,

      Enquanto for minha.

      Eu quero essa criança!

      Quero tanto! Que me dói

      Não tê-la e saber meus braços

      Vazios do calor seu.

      Quisera poder embalá-la,

      Acompanhar seu crescer,

      Suas mãos segurar,

      Seus passos, de perto seguir

      Até que pudesse prosseguir

      Pelos passos seus.

      Quisera sabê-la minha

      Mesmo quando já não o fosse,

      Quando tivesse partido

      Para seguir seu caminho

     Em vitórias ou tropeços,

     Sem os cuidados da mãe

     Com tinturas de iodo,

     Lencinhos a enxugar os olhos

     Ou um abraço apenas.

     Quero-a para mim, ajudá-la a ser,

     E poder entregá-la a si própria,

    Ao mundo, a Deus,

    A esse Deus que a guarda consigo

    Sem dá-la a mim que a quero tanto!

    Só me resta, rezar por ela

    E, rezar por mim.

    Ter fé e esperar...

    Pois quem sabe, um dia...

    Um dia deste universo,

     Ele a confie a mim

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

CIRCULO VICIOSO

                      CIRCULO VICIOSO
            É tarde,

            É cedo.

            Rosa o horizonte,

            Luz que se esvai,

            Luz que vem,

            Que surge da terra,

            De outras eras,

            De tempos atrás,

            Á terra voltando,

            Partindo para o tempo

            Para o circulo vicioso,

            Dos tempos de agora,

            Dos tempos de outrora,

            Trazendo amanhãs.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

MENINA MULHER

                   MENINA-MULHER



                   Retrato menina

                   De ardor no olhar,

                   De riso nos olhos

                   De fé e sorriso,

                   A doce ternura,

                   O fogo otimismo,

                   Saudade retrato,

                   Menina-mulher.

sábado, 1 de outubro de 2011

MOMENTO SAGRADO!

              MOMENTO SAGRADO
              Aqui estamos reunidos mais uma vez, agora para comemorar o aniversário da concretização e precipitação visível e tátil das moléculas físicas e coesas no plano material, deste ponto de luz, deste portal cósmico e ecumênico que é um foco de amor abençoado pelos céus e pela Mãe Terra.
             Unidos sob a egrégora que se irradia dos nossos corações e das bênçãos dos santos, mestres, anjos, espíritos de luz e, com as bênçãos especiais de Santa Rita de Cássia e de Nossa Senhora de Fátima, a quem esta gruta foi prometida, dedicada e consagrada, somos agraciados e fortalecidos ainda, pela luz que se irradia da verdadeira amizade que nos acolhe e que conosco compartilha as benesses que usufruem neste paraíso terrestre.
            Este local festejado pelos espíritos da natureza, com a força dos quatro elementos e a pujança da mata atlântica, reúne em seu eco-sistema as maravilhas da fauna e flora, a força da Mãe Terra, os sons vindos do mar que está próximo e, a pureza do ar com cheiro de mato que é mato e, em termos panteístas é também o Espírito de Deus.
          Aqui esquecemos os medos catastróficos que consciente ou de forma latente tanto nos aterroriza pelas profecias dos mais diferentes credos e das mais diversas filosofias e ou superstições.
         Esquecemos aqui, as apreensões não só do cotidiano como as climáticas, as previstas e constatadas ou esperadas, que finalizam o prometido fim dos tempos e do mundo que conhecemos.
         Aqui neste foco de Luz, na força da natureza e, no amor deste lar amigo, nos sentimos abençoados e a salvo de qualquer prognóstico aziago.
        E é disso que todos nós precisamos, que o planeta necessita, de fé ativa, de amor solidário e indistinto que traz em si o respeito, a reverência ao Deus que está em nós como no próximo, próximo  como no distante, e ainda em todos os seres e coisas que compõe o mundo que conhecemos e, em que vivemos.
        Troquemos o medo e o ego pela certeza do amor, pela fé e irmandade na luz, pois assim, reintegraremos a Unidade.
        Peçamos aos céus que mais focos de luz e portais cósmicos interdimensionais e como disse Valum Votan (José Argüelles), o encerrador do Ciclo do Calendário Maia, peçamos “mais comunidades-jardins, coletividades dispostas a colocar as diferenças de lado e dispostas a ajudar uns aos outros, esquecendo o individualismo egóico da Era de Peixes, assumindo genuinamente o serviço altruísta da Era de Aquário”, que é a Era da transformação, da transmutação da Chama Violeta Alquímica regida pelo Mestre Ascenso Saint Germain.
       Este núcleo de amor e luz nos mostra que nunca é tarde demais para unir e mudar, principalmente se nos lembrarmos da famosa frase de Gandi que diz que: “Nós devemos ser a mudança que queremos ver no mundo” então, nos lembremos da velha oração atribuída a um certo “Capitão Hart”:
                             “ Senhor, daí-nos humildade e serenidade para aceitarmos o que não pode e não deve ser mudado,
                                Coragem e força para mudarmos o que pode e necessita ser mudado,
                                 E, daí-nos Senhor, sabedoria  para distinguir uma coisa da outra.”
            E que Deus nos abençoe, como nos abençoamos em Seu Nome, e como nos abençoamos uns aos outros em Amor!