Hoje lhes apresento a releitura de poesia postada nos primórdios deste Blog, agora como um pequeno conto:
ESTÓRIA DO SENHOR GAVIÃO
Houve um tempo que de tanto
ouvir algumas histórias e outras estórias e “causos” familiares, sonhava dormindo ou acordada, com o que ouvia
das tias e tios, e me encantava e sonhava revivendo cada caso, cada personagem
dos muitos referidos nas memórias familiares.
Entre as figuras lembradas, uma
das que mais me apaixonou foi a de um bisavô e até gostaria de ter como sobrenome
um dos seus, aquele que mais me empolgava e despertava minha imaginação e
admiração.
Foi meu bisavô materno, pai de
minha avó a mãe de minha mãe.
Era homem afeito às ervas,
caboclo de outras eras, homem forte, homem bom!
Esse Senhor Gavião era senhor de
suas terras, de cultivo, pasto e matagal e também poder-se-ia dizer que era
entendido em botânica, química e medicina. Com amor, ele cultivada heras, plantas
as mais diversas que misturava e administrava aos doentes seus, e isso o fazia
com amor e dom dado por Deus, tratava-os com o que hoje chamamos de fito terapia
e antigamente simplesmente de mezinhas, os chás,xaropes, unguentos, compressas
e cataplasmas de ervas e heras.
Suas curas correram léguas, de
sua ciência foi o povo, aos poucos tomando consciência e as tropas, em cavalos
burros ou éguas, do mais longínquo sertão, num crescendo, começaram a chegar.
Os homens pedindo a rogar ao
senhor daquelas terras, a graça de a seus doentes curar, e ele, homem de tantos
afazeres, senhor de terras e dos seus, não pôde ou não soube, por seus
princípios cristãos, fugir ou negar ajuda a seus irmãos.
Em amor e caridade, aquele
Senhor Gavião, homem direito e às antigas, crente por formação, passou às
gentes a ajudar, aos doentes curar com amor e dedicação,” sem hum mil réis”
cobrar, em gênero ou espécie, pois o que fazia, fazia como uma prece de amor e
gratidão!
Gratidão ele tinha à mãe
natureza e àquela beleza de dom que Deus lhe deu!
Me orgulho desse meu ancestral!
Sinto carinho por ele e sua história
de homem sábio, probo e bom.
Que Deus o tenha, Senhor João
Crisóstomo Pires Gavião!
Com vocês deixo agora sua
história, que tanto minhas fantasias povoou!
Mariza C.C. Cezar