ROSINHA, A BREJEIRA
( Releitura da
minha Poesia” Menina de Roça”)
Gostaria de dizer a
vocês da graça e boniteza de Rosinha a menina que chamou minha atenção durante
as minhas férias de verão, passada no campo.
Vou tentar fazê-lo do jeitinho que ela me
prendeu e inspirou com aquele jeito brejeiro de menina de roça.
E ela era uma menina de
roça, uma daquelas moças donzelas de arraial e costumava amarar os cabelos com
laços de fita para ficar bonita e toda catita se enfeitar.
No peito pequeno e
mimoso, fremente, por sobre o vestido de chita, uma flor colocava suspirando
toda de anseio, com muito chiste e momice e na pracinha de amarrar égua, n’um
domingo, dia de festa, deitava os olhos como a buscar, sonhos ou algum caboclo
que a fazia suspirar toda de anseio e que fazia seus olhos tremelicar enquanto
repuxava o cabelo, na boca mantinha um sorriso de quem sem jeito está.
E toda engomada, bonita
e catita a moça donzela o que queria era o seu amor provocar, tudo fazendo como
quem nada queria e sem jeito estivesse.
Enquanto a observava, eu
aproveitava para beber água na bica, água fresquinha de dar gosto! Deitava os
olhos pelo roçado e sentia o cheiro de mato, coisas simples, coisas boas como o
povo daquelas bandas.
Como era bom escutar o
gorjeio das aves de manhãzinha e no cair do sol. Saltitar com os grilos e
voltear com as borboletas que pousavam de flor em flor!
Enquanto isso fazia,
observava e pensava em Rosinha que namorava de “relanceio”, suspirava toda de
anseio, pelo seu bem encontrar e com ele “trupicá” como quem nada quer e em seus braços se
enroscar como gata manhosa que não sabe de onde veio aquela pedra tinhosa que
bem no meio do caminho, seu pezinho descalço cutucou!
A moça donzela,
fazendo-se de desprevenida, assustada e ferida, foi cair em braços fortes
daquele mesmo caboclo para o qual toda se enfeitou!
Rosinha bonita de dar
gosto e era matreira a dita mocinha brejeira, sabida em sua ingenuidade de
menina de roça, uma graça na verdade!
Rosinha a doce
caipirinha, nem soube que me prendeu e perdeu de amores e encantos, pois tão
ocupada estava na conquista do referido caboclo e nos sonhos e suspiros que ele
lhe arrancava, que não teve tempo e nem olhos para notar a conquista que fizera
naquelas férias de verão.
Que terá sido feito
dela? Terá se casado com aquele mesmo caboclo? Terá uma penca de filhos? Estará
ainda brejeira e bonita ou com a lida séria da vida, terá perdido o viço,
aqueles frescor e brejeirice, castigada pela realidade e crueza da roça.
Assim ficou na história
como uma interrogação e como um encanto perdido, uma doce lembrança das férias
de verão e será uma bonita estória a ser contada num futuro distante para as
crianças que quem sabe, um dia terei?
Mariza C.C. Cezar
Um comentário:
Na minha juventude na pequena e pacata cidade de Descalvado, interior de São Paulo, as "Rosinhas" de sua bela crônica já desfilavam na rua, duas ou três de braços dados, como uma vitrine de lindas bonecas enfeitadas. Os rapazes se acotovelavam nas calçadas apreciando e roubando olhares daquelas que, no futuro, poderiam se transformar em suas esposas. Você retratou isso de outro ângulo em delicado texto.
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