QUERIA
SER...
Hoje queria ser uma minhocazinha despreocupada, pelo menos penso que as
minhocas não se preocupam e nem sei se ao menos pensam ou se serão apenas
movidas a instintos, mas voltando ao meu
repentino e estranho desejo de ser uma pequena minhoca, abriria buracos
na terra fofa, e como os faria com afinco e prazer!
Penso
que abriria um túnel e só pararia quando encontrasse local aconchegante e
tranquilo em que finalmente me sentisse relaxada e segura.
Seria
um retorno ao útero materno o que anseio? Acaso seria à proteção, nutrição,
aconchego e então tranquilizada me sentiria ao ritmo pulsante da vida ao
compasso do coração materno que embalaria e impulsionaria o meu a bater também?
Sem
lembranças intrauterinas, apenas memórias sensitivas e atávicas me atraem e
traem o estranho desejo da busca de um recôncavo aconchego como o da pequena
minhoca dos meus devaneios.
Angustiada
cheguei ao desejo de “ minhocar” e ao começar a viagem em pensamento como
usualmente faço mesmo sob pressão, me pus a divagar sobre a vida desses seres
que úteis são adubando e arejando à terra, hortas e canteiros.
Saudáveis
as terras que habitam, no entanto são consideradas ou desconsideradas por
grande maioria dos humanos que as entendem feias, nojentas e insignificantes.
Já
na minha imaginação que se dividiu em
curiosidade científica no campo da biologia, e em criatividade a inventar
estórias sobre suas vidas e a vida que levam, seus inter-relacionamentos com os
da mesma espécie e de outras diferentes.
Conjecturei
ainda sobre seus passeios intraterrenos, seus castelos escondidos e suas
viagens e aventuras ao ar livre, quando saem a respirar e a passear ao sol.
Quantos
detalhes inventei e até desenhos animados fiz em minha cabeça, dessas estórias
criadas e frutos da minha imaginação!
Pouco
tempo é verdade, mas por momentos vivi como se minhoca fosse e consegui como
por milagre fugir dos pensamentos da vida séria e dos cálculos e ginásticas mentais
que se perdem em eternas contas de chegar e sobre o rumo a tomar.
Mariza
C.C. Cezar