CORAÇÃO...
Coração
amanteigado. Derretido, caloroso, amoroso, se empederniu, fechou, murchou,
secou e se ressecou! Confrangeu pois tanto e tantas vezes foi machucado, vilipendiado, atingido, esquecido que se encolheu como se procurasse
abrigo e se acomodasse sob a proteção de uma ostra,
Não
fosse um coração de câncer, o signo do caranguejo! Às vezes até ensaia uma corrida de viés tentando sobreviver.
Tantos
os desenganos, inúmeros e doídos os desencantos com o país e seus líderes, com
a inércia e a usura, com a desumanidade do levar vantagem acima de tudo, com a
bandalheira e pior, os desencantos tristes e doídos com os mais queridos, os
mais íntimos, os mais amados ao longo de longa vida!
Coração
que ainda teima em se sensibilizar com algumas notícias ou com amigos, com
cenas e atitudes de desconhecidos, mas do calor dos antigos e mais íntimos amores,
é morto o coração que se encolhe e se defende mesmo viciado a bem querer, quase
recai no sentir porém a dor latente se faz aguda e ele se encouraça, pois mesmo
assim ainda quer pulsar, corresponder à vida e esperar por seus milagres.
Triste
e amigo coração sempre tão gentil e amoroso!
Como
bem o conheço respeito sua dor/luto, mas tento por vezes e quantas vezes
possível for e o que necessário se fizer para acordá-lo, revivê-lo e de novo
vê-lo ser como sempre foi, num coração puro de amor, amorável e amável.
Mariza C.C. Cezar