SIMPLESMENTE MULHER
Reinava
total alvoroço na antessala ao quarto da parturiente. O jovem pai, os avós,
tios, só crianças não participavam levadas para a casa da tia Julieta, pois a
ocasião não era para pirralhos.
Rezavam, fofocavam, uma ensinava simpatias, os
avós faziam projetos absurdos sem considerar o direito á própria vida e escolhas
do sersinho que ainda lutava não se sabe se para vir á luz ou ficar no conforto
do útero materno.
Era
um entra e sai do quarto, chaleiras de água fervente, pilhas de toalhas e
quanto mais demorava, maior era a ansiedade, o pobre e futuro pai a passadas
largas medira várias vezes o tamanho da sala.
Era
no tempo das parteiras, sem testes ou ultrassonografias e o sexo, mistério
absoluto!
Enfim
um choro! Nasceu! Charutos e drinques,
licor para as damas.
Ansioso
e desajeitado o pai recebe a trouxinha nos braços trêmulos e arqueia as
sobrancelhas perguntando o sexo e ouve a resposta enquanto um avô exclama: - Simplesmente
mulher!
Foi
batizada de Viridiana. e cresceu, desabrochou em uma linda e sábia mulher,
entretanto nunca entendeu a expressão “simplesmente
mulher”, pois para ela mulher é um ser plural, múltiplo! Viridiana, ciosa do
seu valor e feminilidade não admite que tenha existido que exista ou sequer que
possa vir a existir mulher que fora de textos poéticos, seja chamada de “simplesmente mulher”.
Mariza C.C. Cezar