domingo, 24 de janeiro de 2016

A TERRA...



                                                                                                                                                                           
                                                          A TERRA...






                A Terra está doente!
                 Pobre Terra está sofrida, judiada, explorada, desrespeitada e vilipendiada!
                O nosso Planeta Azul está se congelando, incendiando, derretendo, está sofrendo e chorando o desrespeito, a afronta, o abuso e descaso!
                Chora Terra, chora aqui e se consome e arde toda ali e arrasta em seu choro e revolta, terras, árvores ,cimento, carros e vidas e ardendo, se incendeia e ergue-se mais adiante em ardores e clamores mudos, mas com eloquentes e dançantes línguas de fogo, labaredas e ondas tóxicas e de negras e densas fumaças a tudo envolver e sufocar, a todos engasgando, cegando, irritando, olhos, brônquios, pulmões!
                São matas devastadas, povoados arrastados, vidas sacrificadas, civilizações destruídas e o sacrifício de gerações arrasado em cinza, lama ou pó!
                Invadidas e ultrajadas foram suas vastas extensões de terra, águas, matas, na verdade sua alma terra  e ninho, seu celeiro, seu barro artesanal do qual se erguiam moradias  e monumentos, seus extensos pastos e animais dos mais diferentes espécimes, suas florestas  cheias de vida, ricas de sombras, animais, frutos e flores embaladas pelo cantar do vento e dos pássaros, o grito da hiena, o rugir das feras, o compasso macio dos felinos e a algazarra dos macacos de galho em galho de árvore em arvore!
                O cristalino das águas límpidas, transparentes umas, calmas ou caudalosas outras, formando diáfanas cortinas nas quedas das águas, densas barreiras líquidas que se atropelam respingando em tudo e todos ao entorno e que enlevam a reverentes êxtases que nos fazem sentir como que em batismo atávico!
                No entanto se ali corre líquida ou lamacenta, barrosa a tudo arrastando, carregando, destruindo e jogando no mar que se faz poluído, adiante seca e árida, greta, racha, se parte e se reparte assolada e se esvai em sede e fome!
                Mais adiante ainda a Terra, se em outro ponto a ventania a congela, se cobre e atapeta de gelo que a tudo mata, queima, quando vendaval violento e descontrolado, a tudo arranca e assola, devasta!
                Nossa casa, sagrado lar! Geia, Gaia, Mãe Natureza, nosso abrigo, nosso chão! O que fizemos com o nosso berço?
                Que triste e inconsequente a nefasta ganância do bicho homem!
                Conta a história que Nero o Imperador Romano matou á sua Mãe e todos nos horrorizamos quando estudamos isso, mas não somos todos matricidas? Nossa ignorância e doente sede de poder nos levou através dos séculos a conquistar e a “plantar nossas bandeiras” em longínquas terras! Desbravamos mares em busca de novas terras e de suas riquezas, descobrimos continentes, conquistamos imensas áreas, aniquilamos povos e extinguimos raças e culturas! A tudo e a todos impomos inconsequentes e pretensiosos a nossa cultura, tão despida de alma e de amor!
                Se até á Lua fomos e agora “garimpamos” Marte!
                Até aonde e até quando levaremos morte e destruição em nome de Deus e da Cultura?
                Esse enorme ego humano não nos deixa ver que temos nos comportado não apenas como uma peste infame, assassinos do planeta e da humanidade, suicidas e matricidas inconsequentes!

                                           Mariza C.C. Cezar
                                                     

                                                     
                                                                                                 
 

                                                    

                                                                                                      


segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

DESAMORES...

                                                                                                                                     
                                                 DESAMORES...
                                                                                                  


                                                    
                Tristes dissabores esses desamores que nos ferem a alma e o coração, tornando plúmbeo o nosso viver!
                Não importa o objeto a ferir, não importa o grau do afeto, não importa o motivo ou a razão, pois todas se resumem em desamor ou quem sabe, em morte de uma ilusão de amar!
                São afetos que surgem ao longo do viver, alguns nos dão justamente a esperança de alegria nesse viver por vezes inglório e cheio de desamores, vazio de bem querer!
                A razão nos consola, nos diz mesmo a queima roupa, quão tolo é esse sofrer, que a culpa é nossa e o desencanto, fruto da nossa imprevidência, da nossa teimosia em sonhar!
                A razão, ah! Essa razão tão racional e lógica, tão morbidamente sagaz nos chama de “burra velha”,de “tola carente”, nos acusa de erigir estátuas de pés de barro só para vê-las se desmoronarem e vir a sofrer!
                Essa crua razão nos manda crescer e interagir com seres humanos, apenas humanos e não esperarmos do outro, a fantasia dos contos de fada, das histórias infantis!
                Nada é tão nítido, tão delimitado, tão apenas bom ou simplesmente mau.
                Não são os sentimentos momentâneos e nem os momentos circunstanciais que se mostram púmbleos, nublados, pesados como chumbo, são todos os momentos, todas as pessoas e quem sabe, até nós mesmos que temos todos os nuances do cinza!
                O amor perfeito é flor e efêmera, não há como elegê-lo ou a qualquer outro afeto ou amizade, como precioso bem eterno!
                Ilusões, frutos da nossa carência, até da nossa preguiça de crescer ou da covardia de encarar a realidade nua e crua da vida, do ser e do interagir.
                São tão mais confortáveis e agradáveis essas ilusões dos mundos maravilhas, são tão cor de rosa, amenas, reconfortantes e acolhedoras, que nos fazemos crianças brincando de gente grande!
                Gente grande, na verdade, quando descobre as falhas do objeto dos seus afetos, age como gente grande, dá colo, puxa as orelhas, ralha ou mostra amorosamente o caminho, podendo inclusive se afastar, se for o mais oportuno.
                Gente grande não se deixa endurecer, nem se reveste de calos ou calosidades como armaduras, ou  cicatrizes troféus e muito menos se apieda do próprio ser, não choraminga e nem pranteia interminavelmente o luto do desamor!
                Gente que é grande ou simplesmente gente segue em frente aprendendo a amar, curtindo o bem querer e cultivando afetos, jardins de bem e mal quereres, apreciando a beleza e perfume de cada flor, de cada afeto ou momentos do viver.

                                                      Mariza C.C. Cezar