domingo, 11 de outubro de 2015

SINAL DE FUMAÇA

                                                                                                                                                               
                          SINAL  DE FUMAÇA


                                                                                                          

                Tudo já foi dito, nada mais há por dizer, apenas formas de fazê-lo podem inovar, divergir.
                A linguagem escrita, falada, dita, cantada, contada, expressões delas, idiomáticas, sentidas, buriladas, rebuscadas, secas, sucintas, encolhidas, até murmúrios sincopados, engolindo sílabas mastigadas, outras surrupiadas pela mesmice  antropofágica que devora o cerne da vida ou da linha de raciocínio, seriam as diferenças possíveis.
                Que dizer então? Para que ou quem dizer o que todos já sabem ou não querem saber?
                O mundo é amplo, antigo e circular e seus movimentos rítmicos e cíclicos se renovam e reapresentam expressões, pensamentos, valores, modas com ritmos e roupagens customizadas, arrancadas do baú ou de fotos antigas, murais criptográficos, até a pedra roseta  pode surgir do nada despertando atenção, virando moda, conquistando adeptos salivantes e admirativos aplausos, claque organizada!
                Pensar está fora de moda, dizer do pensamento, que maçada! Pura perda de tempo!
                Brilhante é quem mostra o botão a ser apertado ou clicado e tudo já salta  pronto sem gastar saliva ou tinta e papel.
               Papel então! Crime! Papel é árvore!
               Esperemos pelo botão que substituirá o velho sabugo.
               Escrever...na areia e registrar com o clicar da moda, capturar o tempo, driblar o vento! Escrever sim, recados monossilábicos e que apoteose! Chegamos ou caminhamos para a maior expressão da criação divina!
              Transmitimos o que desejamos ou recusamos, são  vontades expressas em asteriscos! Progredimos!
              Ultrapassamos e deletamos tudo o que era perda de tempo, a comunicação se fez rápida e eficiente para os caprichos do ego. Atingimos o orgasmo intelectual com um mero clicar  de botão!
             Papo cabeça tem hora, não é para qualquer momento, o papo rola com alguns goles da redonda, uma puxada ou picada, momento beleza, mora!
             Sinais de fumaça? Sempre estarão presentes em anéis ou halos a evolar-se, não mais levando mensagens, mas nos levando a viagens, por vezes intergalácticas, não importa a dimensão! Externas ou internas e nada mais de palavras, todos se entendem como telepatas num viajar imenso!
           Que importa se essa viagem é devagar ou a divagar, cada um na sua e todos numa boa!
           Apoteose!
           Para que escrever?
           Fora de moda!
           Perda de tempo!
           -“To na sua e tu tá na minha mora!”

                                                 Mariza C C Cezar

                                                                           







                                           

3 comentários:

viver e viver disse...

Poderia esperar o que fosse, menos um texto tão didático,e expressivo.É a Mariza em COISAS DE MARIZA! Não estranhei, quando vi, pelo título já fiquei no aguardo da fumaça e vi!

Flávio Tallarico disse...

"Brilhante é quem mostra o botão a ser apertado ou clicado e tudo já salta pronto sem gastar saliva ou tinta e papel".
Mariza: destaquei este trecho por representar o presente com grande acerto. Hoje os modernos celulares substituíram o contato humano de um bom papo falado. Se eu fosse destacar outros, ficaria longo demais, pois teria que destacar cada linha de sua bela e inspirada crônica. Festejamos sua volta amiga. Parabéns e um grande abraço.

Suely Ribella disse...

Muito bom, Mariza!
"Pra que escrever?" rsrs
Escrevamos, minha amiga! Sempre! Alguém lerá...

Bjs!