SINAL DE FUMAÇA
Tudo já foi dito, nada mais há
por dizer, apenas formas de fazê-lo podem inovar, divergir.
A linguagem escrita, falada,
dita, cantada, contada, expressões delas, idiomáticas, sentidas, buriladas,
rebuscadas, secas, sucintas, encolhidas, até murmúrios sincopados, engolindo
sílabas mastigadas, outras surrupiadas pela mesmice antropofágica que devora o cerne da vida ou
da linha de raciocínio, seriam as diferenças possíveis.
Que dizer então? Para que ou
quem dizer o que todos já sabem ou não querem saber?
O mundo é amplo, antigo e
circular e seus movimentos rítmicos e cíclicos se renovam e reapresentam
expressões, pensamentos, valores, modas com ritmos e roupagens customizadas,
arrancadas do baú ou de fotos antigas, murais criptográficos, até a pedra
roseta pode surgir do nada despertando
atenção, virando moda, conquistando adeptos salivantes e admirativos aplausos,
claque organizada!
Pensar está fora de moda, dizer
do pensamento, que maçada! Pura perda de tempo!
Brilhante é quem mostra o botão
a ser apertado ou clicado e tudo já salta
pronto sem gastar saliva ou tinta e papel.
Papel então! Crime! Papel é árvore!
Esperemos pelo botão que substituirá o velho sabugo.
Escrever...na areia e registrar com o clicar da moda, capturar o tempo,
driblar o vento! Escrever sim, recados monossilábicos e que apoteose! Chegamos
ou caminhamos para a maior expressão da criação divina!
Transmitimos o que desejamos ou recusamos, são vontades expressas em asteriscos! Progredimos!
Ultrapassamos e deletamos tudo o que era perda de tempo, a comunicação
se fez rápida e eficiente para os caprichos do ego. Atingimos o orgasmo
intelectual com um mero clicar de botão!
Papo cabeça tem hora, não é para qualquer momento, o papo rola com
alguns goles da redonda, uma puxada ou picada, momento beleza, mora!
Sinais de fumaça? Sempre estarão presentes em anéis ou halos a
evolar-se, não mais levando mensagens, mas nos levando a viagens, por vezes intergalácticas,
não importa a dimensão! Externas ou internas e nada mais de palavras, todos se
entendem como telepatas num viajar imenso!
Que importa se essa viagem é devagar ou a divagar, cada um na sua e
todos numa boa!
Apoteose!
Para que escrever?
Fora de moda!
Perda de tempo!
-“To na sua e tu tá na minha mora!”
Mariza C C Cezar