CERTA PRINCESA...
Era uma
vez...
Sim,
uma certa vez há alguns muitos anos passados, uma jovem princesa dos tempos
dourados, depois de muito sonhar sonhos encantados e depois de alguns tropeços
que fizeram sonhos virarem bolhas de sabão que plainaram, voaram etéreas,
translucidas e multicoloridas até que fizessem ploft!
Enquanto
sonhava a princesa corria na vida corrida, sem fôlego e nem tempo entre muitos
afazeres, sempre encontrando tempo e fôlego para as várias requisições da vida
jovem, alimentando-a com sonhos, motivando-a com metas.
Nesse
corre corre entre sonhos, alguns realizados, outros gorados, alguns abortados
ou descartados, enquanto poucos foram arquivados com reticências, interrogação
e expectativas, a princesa continuou praticando
habilidosa diplomacia, tolerância, lutas, esgrima, pulso e palavras
fortes alternadas com gentileza e solidariedade advindas da empatia tão natural
ao seu ser!
Realizou
alguns feitos de notória projeção e entre as muitas atividades e algumas
maratonas, encontrou um príncipe que elegeu como seu e o fez seu consorte, abdicando do seu reino sem
deixar seus compromissos e continuou pelas maratonas da vida, assumindo outro
reino em que se julgava rainha.
Sonhos!
Sonhos que se passaram por realidade até que pisou no novo reino e notou que
era apenas título decorativo, pois na verdade se tornara escrava, cerceada,
observada, comandada, criticada e invejada pela corte pré-estabelecida!
Seu
príncipe logo se transformou em batráquio e essa jovem princesa, agora no auge
da sua feminilidade e loucamente apaixonada pelo príncipe ou pelos próprios
sonhos, continuou a alimentá-los, aos sonhos e ao príncipe batráquio e dele
cuidou com carinho e sobre ele derramou mimos, cuidados e zelo e o amou! Tanto
o amou que inadvertidamente contribuiu com a maldição que o mantinha cativo da
triste figura!
A
bolha desse sonho foi ficando cinza, escura, opaca, sem brilho, sem luz, pesada
e tudo isso a atingiu na alma e no
coração, mas ela cheia de esperança e fé, continuou crendo que conseguiria
vencer o malvado encantamento lançado e assim, viveu e lutou bravamente e isso
fez por muitos anos!
Quando
sentiu, quando percebeu que estava sendo não apenas anulada como tragada por
aquela bola que de bolha se transformara em pesadelo, arrancou das fibras do
seu ser, forças e se desencantou saindo da bolha, salvando os cacos que
restaram daquele sonhar e viver!
Deixou
o castelo encantado que se revelara mal assombrado, deixou o batráquio ainda
amado, deixou seus sonhos de vida.
Princesa
ou rainha, não importava mais, mas a vida sim, essa lhe importava e muito e
cheia de fibra, se bem que alquebrada, reatou seu viver e o dedicou a
reconstruir vida, mesmo que para isso tivesse muitas vezes, que jogar o jogo do
contente, brincando de Poliana.
E
o sapo continuou a sapear pela vida e reino, vez por outra coaxando aos pés e
aos ouvidos da nossa princesa que ainda lhe tem um certo carinho, mas nenhuma
ilusão!
Mariza C. de C.
Cezar