terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

TIO IGNÁCIO

   
                   TIO  IGNÁCIO
                   Não o conheci. Sei apenas que foi um tio afim de minha mãe que também, ao que creio, não chegou a conhecê-lo por ter sido a filha caçula dos doze irmãos, mas minhas tias devem tê-lo conhecido bem.
                  Sei apenas que ele passou para a história da família e, ao que parece, não há geração de lá para cá, que não saiba de sua existência.
                  Tio Ignácio passou para a história em razão de uma de suas vacas!!!
                   Cresci ouvindo referências e comparações tais como: -“ Fulana parece a vaca do tio Ignácio”, “-Beltrana é a vaca do tio Ignácio”, ou “Emengarda age como a própria vaca do tio Ignácio!”
                Não é que é verdade mesmo? Ao longo dos tempos, eu mesma tenho encontrado por aí, várias “vacas do tio Ignácio” e, que tristes figuras são essas! Quanta infelicidade criam para si e para o próprio bezerro e ainda, para aqueles com que eles privam.
               Sabem quem era, ou melhor, o que fazia a agora já conhecida e famosa, a referida vaca?
               Comparativa e simplesmente apenas o que muitas mães inconscientemente fazem aos seus filhos homens, ou melhor, ao filhinho macho. 
              Essa senhora vaca, ao que diz a tradição familiar, quando paria suas crias, se desmanchava toda de amores e cuidados, lambendo e, á sua moda cercando de carinho ao bezerro macho, enquanto ás fêmeas que porventura ou por desventura, dela viessem como rebentos, eram  afastadas aos coices e chutes por importunas.
               Deveria a sra. Vaca do tio Ignácio, pensar: -“ Que se virem, não são femeas? Que aprendam desde já a sobreviver em auto-suficiência! É dele, do meu bezerrinho macho que a mamãe vaca precisa cuidar, pois não são eles sempre tão carentes de apoio e afeto maternal? Não será  ele, esse bezerrinho da mamãe que se transformará no meu orgulho,no touro forte e brabo, no melhor reprodutor das cercanias? Não será o meu bezerrinho o orgulho e o sustento da boiada?”
               Quantas senhoras vacas do tio Ignácio  conhecemos ao longo do nosso caminhar e com quantos bezerrinhos mimados, festejados, cuidados e lambidos , cruzamos  em encontros e desencontros  quer em verdejantes pastos ou em negros asfaltos ou rebrilhantes salões ou ainda na intimidade do nosso dia a dia!


Um comentário:

Giulia Piovezan disse...

Oi Ma, acabei de ler o texto da vaca do tio inácio, e concordo vacamente!
Agora vou ler os outros textos, te encontro lá!