domingo, 25 de agosto de 2019

BOM DIA!

BOM DIA!                                                                                   Domingo preguiçoso! Sem chuva e ainda sem sol, ele também deverá estar a se espreguiçar e a pedir um pouco mais de recolhimento.                            O mundo dorme! Talvez eu tenha sido uma das pouquíssimas a despertar nesse dia frio! O WhatsApp também sonolento apareceu com apenas uma saudação o q não é usual, o Face preguiçosamente ainda entre um bocejo e outro, nos contou ser hoje o dia dos soldados, essa nobre classe tão desprestigiada pelo comum da população  guerrilheira e amante  de ideais implantados!                          Deus salve aos soldados que batalham pela Paz, pela Ordem e Progresso, ainda por nossas vidas, pela dignidade humana e patriótica!                                                         O mundo não deverá demorar a despertar, quando digo “mundo” digo o nosso mundo adjacente e vizinho.                                                       Recebi agora dois avisos, dois toques, dois despertos e amigos por certo entre um gole ou garfada do dejejum, se lembrou de mim e da amizade. Estamos vivos! Abençoada vida! Abençoado dia! Este domingo dia de oração e preguiça! Dia de confraternização e intimidade em família! Vamos a ele com garra e prazer, esse prazer que estendo aos amigos, e ainda a grande família humana!                            Esse prazer e bons propósitos que são meus e são seus, de todos nós!                                                  Arcanjo Miguel junte-se a nós, nos guie e proteja neste dia domingueiro em que o reverenciamos e nos entregamos a seus cuidados e proteção, independente do rótulo de religiosidade!                               Até mais e depois vocês me contam seus sonhos e peripécias!                                              A vida prossegue e eu também!            Mariza C. C. Cezar

terça-feira, 20 de agosto de 2019

MOMENTO

Momento.                                                Deixei meu velho ninho ! Transplantada e ainda acampada precariamente , procuro sobreviver ouvindo o mar mas não o gorjeio das aves e o constante aviso dos bem-te-vis aos quais eu respondia em alto e bom tom ! Formávamos um dueto de saudações, eu ainda na cama e eles na copa de alguma árvore. Aqui não escuto o barulho das ruas, nem a altas horas a balbúrdia dos retardatários da cervejaria em frente, menos a faxineira do prédio arranhando a calçada entre um alto e bom som e ocasionais gargalhadas que saiam guturais das goelas em tom forçado mais a querer mostrar humor  e tão longe dele quão o bom senso ausente no extravagante uso as largas da creolina como do cloro todos puros e sem diluir! Aqui sinto a friagem do piso  a me subir pelas pernas e lá, no antigo ninho tinha  aconchegante madeira a acolher-me os pés artríticos. Saudade versos expectativas, esse o momento em que precariamente me situo! A paisagem que se descortina da janela está nublada e o contorno do horizonte perdido nas brumas. Antevejo a insinuação do recorte da ilha Urubuquecaba, que não sei se a vista pressente ou a memória que a mantém ..Esperemos a volta do sol e que esta canceriana com forte tendências felinas se aninhe e curta o novo ,construindo um aconchegante ninho.                                Mariza C.C.Cezar 

domingo, 10 de março de 2019

TEMPO DE...

                                                  TEMPO DE...

                                                                               


                                                    


                Sou do signo de Câncer, prima-irmã dos caranguejos, mulher nascida no tempo dos anos idos, se bem que ainda ache que o de hoje me pertence e eu a ele vez que convivemos dia a dia, acompanhando mutuamente as mutações, procurando nos entender e por vezes nos estranhamos, outras nos regozijamos, somos na verdade atemporais eu e ele.
                Um lado tradicionalista e apegado a afetos, costumes e a coisas como o ninho, outro levado e aventureiro encarando evoluções como transmutações e conquistas, não com isso que aceite qualquer revolução, pois respeito minhas convicções e não sou “vaquinha de presépio” ou “folha de bananeira dançando ao sabor dos ventos” dos modismos apresentados com roupagens de intelectualidade.
                Estou de escanteio no momento, sem encanto saboreando com saudosismo o canto por tempo determinado e futuro e tempo indeterminado.
                O tempo é estranho! Não imutável, mas sempre presente e surpreende exibindo novas paisagens e passagens.
                Obriga ao desapego enquanto exige continuidade e persistência, controverso o tempo!
                Por vezes nos rouba a poesia, mantendo-nos em nostalgia, sentimento tão diverso!
                Aqui estou no meu canto, curtindo o aconchego, revendo memórias e me aninhando enquanto ativo a curiosidade buscando o sabor e indagando do cheiro e da cor e ainda do macio que virão, não sei por quanto tempo ou quando, mas sei que virão com os amanhãs.

                                                             Mariza C.C. Cezar 
                                                                           

                                                                                                                                                           

domingo, 14 de outubro de 2018

FISGADA PELAS GUELRAS

        



                                                                       
               FISGADA PELAS GUELRAS
                                                                                                         
                                                      

                Nadando pelas marés do quotidiano na internet, encontrei um texto em que admirável amiga e escritora, reproduziu de um de seus vários livros, texto em que indagava “Quem nunca?”
                Essa indagação em preto sobre fundo branco saltou aos olhos e ecoou em diferentes decibéis, enveredando por diversos caminhos, ressoando aos meus cativos ouvidos e percorrendo todas as fimbrias do meu ser, corpo e alma, me fez vibrar intensa e diversificadamente em indagações e repercussões que sacudiram e arrebataram todo o meu ser.
                Assim fisgada, enganchada, não pela boca, mas pelas guelras, passei a respirar nuances de indagações sobre os possíveis “Quem nunca?”, com plenas repercussões e os mais variados caminhos de corpo e alma!
                Na verdade, “Quem nunca” desejou a morte querendo desesperadamente sentir a vida? “Quem nunca” duvidou da fé clamando em mudo silêncio ou em altos brados pelas bênçãos celestiais? “Quem nunca” questionou dogmas e certezas frutos da fé como da lógica ou ciência?
                “Quem nunca” se sentiu perdido, só, desprotegido, descrente de suas certezas atávicas e dons místicos ou legados e bagagens espirituais?
                Quem neste mundo ou em outros, não buscou desesperadamente o eco de seu ser, para se crer ou reconhecer ou ainda se encontrar, no afã de se identificar com seu próprio ser, sabendo de verdade quem ou o que ser?
                Quem neste mundo não se perdeu desesperadamente em perguntas e devaneios em busca de respostas antes nunca cogitadas ou indagadas?
                Quem nunca...?
                Quem?


                                                                       Mariza C.C. Cezar
                                                                                                   
                                                                                                                                                             
                                                                                                                                                             

domingo, 16 de setembro de 2018

CHUVA...

                                                                                                                                         
                CHUVA...
                                                                                                     


                        Temos tido já por largo tempo, chuva intermitente que se alterna em um único dia e assim fazendo alternância entre dias da semana e mesmo para mais de mês, com um solzinho entre medroso e atrevido, que tem dado as caras enquanto brinca de esconde-esconde com a chuva mais ou menos forte, trazendo frio de humor também instável.
                    Assim têm estado o meu humor, ao sabor do clima e suas alternâncias.
                    Estava a bem pouco a tiritar de frio enquanto espiava a chuva e essa, me levou a outra e em outro ritmo, bem intensa e inesperada, chuva de outros tempos, tão outros que me fez lembrar de expressão antiquíssima que se referia aos tempos em que “chovia canivetes”.
                    Essa chuva dita de canivetes, na verdade eu nunca vi, entretanto vi e vivi o dia em que choveu lá em casa, outra que esquentou o tempo por muitos dias, e foi tão forte e inesperada que decorridos anos e deles décadas, ainda me surpreende e que se hoje me faz rir ou pelo menos sorrir, deixou marca e história, vez que incomum!
                   O dia a que me refiro foi aquele em que lá em casa choveu rabo de tatu!
                   Verdade que tal chuva foi de fato tão forte, dessas que a tudo arrasta, levando a léguas o que encontra e carrega.
                   Em casa choveu e foi chuva torrencial e enquanto a água escorria do nosso telhado, despencava levando junto diversos, na verdade muitos rabos de tatu!
                    Para quem não sabe ou não conhece, é chamado de “rabo de tatu”, uma espécie de relho que meu pai, filho de fazendeiro e íntimo desses artefatos, o comprava e solenemente o dependurava em um prego na copa lá de casa.
                   Aquilo era um símbolo de alerta para a ninhada!
                   Quantos ele ali os dependurasse, sumiam e sem dizer palavra, ele os repunha e isso tanto se repetia que se tornou um hábito ao qual eu e minha irmã pouco mais nova, mal dávamos atenção, mas com a intempestiva e esdrúxula chuva, meus irmãos menores sentiram o tempo esquentar ameaçador.
                   Acontece que os dois meninos, quietinhos vinham subtraindo na calada das noites, as temidas e ameaçadoras armas que atiravam ao telhado, uma após a outra e a chuva trouxe todas a baixo de uma só vez!
                  Contam as lembranças e a história da família que choveu “rabo de tatu” e foi só lá em casa!

                                                             Mariza C.C. Cezar
                                                                                                     

                                                                                                                                

segunda-feira, 30 de julho de 2018

SAMIRA... (Ato I)

                                                                 
                                                                     
                SAMIRA...
                (Ato I)
                                                       


                Noite de lua cheia no calor do deserto de dunas e areias grossas, escaldantes.
                Céu estrelado cintilando como brilhantes sobre veludo escuro envolvia e alimentava o ar de mistério e magia que imperava naquele acampamento de nômades do Saara.
                Um perfume intenso e agradável envolvia aquele recanto que irradiava força e magia dos sons da noite, com o crepitar de uma fogueira e o som de um alaúde, despertava controversos sentimentos de paz, romance e sensualidade.
                Sensualidade que encontraremos na tenda maior, a do senhor daquele acampamento e caravana, aquela que era a maior e mais forte e respeitada a percorrer o deserto desafiador e cheio de promessas.
                No interior da rica tenda, o som do alaude alimentava e embalava a dança ritualística de linda morena de tez dourada pelo abrasador sol do deserto.
                Cabelos soltos e escuros caiam-lhe em largas ondas, acariciando-lhe os sedutores ombros e acompanhavam aos sensuais movimentos do corpo totalmente entregue à sinuosidade e requebros da dança ritualística.
                Delicados e selvagens seus volteios com a bela companheira que por ela se enroscava e deslizava, abraçando-a enquanto juntas e sinuosamente sensuais despertavam e invocavam forças atávicas e cósmicas.
                Tal ritual vez por outra se repetia com o fim de avivar e perpetuar a força e o poder, a invencibilidade do amado senhor daquele grupo nômade, aquele belo guerreiro que era detentor de toda a devoção e paixão da nossa bailarina que, com sua cobra serpenteava envolvida pela noite e magia!
                Esse romântico romance e vida duraram o encantamento de muitas e muitas luas, até que um dia nossa bela dançarina, estarrecida encontrou sua companheira de bailado e magia, morta!
                Acesso de fúria e ciúmes do belo e moreno senhor!
                Morta a serpente, em transe de estupefação e dor, nossa dançarina partiu com a próxima caravana que por aquela passou.
                Mais adiante no tempo, vamos reencontrá-la bela como sempre, altiva e graciosa, tendo ao rosto diáfano véu que lhe desnudava apenas, lindos e expressivos olhos que faiscando, deixavam antever promessas veladas de mistério.
                Sobre uma mesa, no Cairo, dançava linda e sinuosa como sempre, mas nas mãos o que agora tinha era um pandeiro cheio de fitas coloridas pendentes e arrematadas com guizos que acompanhavam seus movimentos e requebros cadenciando-os.
                Estava só! Não tinha mais sua companheira de bailado e magia e tampouco sua plateia preferida, na verdade a única que a motivava, o seu amor, o guerreiro que a movia e norteava.
                Na verdade nossa bailarina dançava porque amava à vida e a essa é que festejava com seus volteios, porque a dor que morava velada no fundo de seus olhos, não permitia que amasse além da vida.
                Esse episódio deve ter sido breve porque bem mais tarde iremos reencontrá-la, mas isso será outra estória (ou seria história?) que ficará para outra vez, pois tudo na vida tem seu tempo e enredo.

                                                         Mariza C.C. Cezar