Sou do signo de Câncer,
prima-irmã dos caranguejos, mulher nascida no tempo dos anos idos, se bem que
ainda ache que o de hoje me pertence e eu a ele vez que convivemos dia a dia,
acompanhando mutuamente as mutações, procurando nos entender e por vezes nos
estranhamos, outras nos regozijamos, somos na verdade atemporais eu e ele.
Um lado tradicionalista e
apegado a afetos, costumes e a coisas como o ninho, outro levado e aventureiro
encarando evoluções como transmutações e conquistas, não com isso que aceite
qualquer revolução, pois respeito minhas convicções e não sou “vaquinha de
presépio” ou “folha de bananeira dançando ao sabor dos ventos” dos modismos
apresentados com roupagens de intelectualidade.
Estou de escanteio no momento,
sem encanto saboreando com saudosismo o canto por tempo determinado e futuro e
tempo indeterminado.
O tempo é estranho! Não
imutável, mas sempre presente e surpreende exibindo novas paisagens e
passagens.
Obriga ao desapego enquanto
exige continuidade e persistência, controverso o tempo!
Por vezes nos rouba a poesia,
mantendo-nos em nostalgia, sentimento tão diverso!
Aqui estou no meu canto,
curtindo o aconchego, revendo memórias e me aninhando enquanto ativo a
curiosidade buscando o sabor e indagando do cheiro e da cor e ainda do macio
que virão, não sei por quanto tempo ou quando, mas sei que virão com os
amanhãs.