ELOQUÊNCIA...
O que será mais
eloquente, a voz, o tom, o clamor, o burburinho, o sussurro ou o silêncio já
que falamos de sons e não de posturas ou gestuais?
Dias destes li um texto
em que uma sobrinha dizia ser no silêncio do mar que encontrava a Voz de Deus e
logo abaixo havia uma observação minha dizendo não entender bem assim, pois
para mim, o mar não tem nada de silencioso, mesmo quando na calmaria.
Mais eu dizia vez que no
meu entender e sentir, a voz do silêncio é a Voz de Deus que ecoa dentro de
nós.
Não vejo o mar em
silêncio, para mim ele canta, também grunhe, ruge, estoura, extravaza em seus
altos e baixos, toda a força do movimento ou da calmaria, em sons
característicos e apropriados a cada momento, mesmo sussurros, suspiros, ais ou
lamentos.
Em suas vozes ouvimos a
Mãe Natureza, Netuno e sua corte que é rica e variada ouvimos também as vozes
de outras plagas contando e cantando estórias daqui e de além-mar, seja em
gemidos, gritos e vozes do além dos muitos e diferentes fantasmas que habitam
suas profundezas, como chegam à suas praias ou rebentações, nos costões, rochas
e quebra-mar!
Quão belo e eloquente é
o mar com seus sons e ruídos, marolas, balanços
e gigantescas ondas e seus nuances variáveis do verde ao azul, chegando
por vezes ao cinza esse “baita tancão besta”como exclamou meu avô menino, na
primeira vez em que veio a Santos e descortinou essa imensidão que é o nosso
vasto mar que desperta amor e respeito, embelezando a vista e banhando a orla,
seus residentes e turistas, inspirando
poetas e músicos, alimenta e sustenta
pescadores e caiçaras como mantém, impérios capitalistas de pescados
como a industria sem chaminés que também trás reconhecimento e divisas.
Pelas rotas marítimas se
conquistou o mundo, se desbravaram continentes, navegaram e traficaram reinos,
comerciantes, piratas e negreiros, turistas, estudiosos da fauna e flora
marinha e também traficaram tesouros e divisas, não esquecendo as políticas que
pulularam com usos e costumes ou mesmo roupagens épicas no decorrer dos tempos.
Esse mar de
comerciantes, desbravadores e poetas, demarcava distâncias, diferentes
culturas, etnias, civilizações, a força e a importância do mar que se mantém
todas essas diferenças também proporciona o intercâmbio, a mistura, confraternização
e miscigenação de povos e almas, de credos e raças, de usos e costumes, de bens
e afetos.
No entanto o mar que
ouço conta muito mais, me conta o segredo da vida, suas origens e ainda as
cósmicas, pois a água é condutora de eletricidade e no caso do mar, pensemos em
energias cósmicas e memórias ancestrais, pois ao que me consta é o útero do
mundo, pelo menos do nosso planeta.
Mariza C.C. Cezar