INVENTÁRIO...
Senhor!
Vinte e cinco anos e... alguns meses, dias e...horas! É muito tempo! Uma eternidade!
Eternidade doída, sofrida, em que as penas se pagam a buscar penas por
vezes inexistentes, irreais e, no mais das vezes descumpridas.
Tal tempo decorrido se escoou ou se arrastou incolor e amorfamente no
vazio do ser, ter ou fazer porque ao que se constata, nada resultou em enfoque
positivo que não o de pagar penas e apenas isso, deprime e angustia o ser por
não ser.
São ou foram vinte e cinco anos decorridos e ao enfocá-los agora, assim
tão descoloridos, turvam-se meus olhos, em choques de vermelho e cinza, em iras
de sangue e fogo, por sobre o triste do que restou.
Dizem que o vermelho é a cor símbolo da Justiça e passados esses anos,
esse tempo contado e desperdiçado, perdido entre o símbolo rubro-palaciano de
um Poder Institucional, me pergunto como pode o cinza a ele mesclar-se ou mesmo chocar-se ou, seria ele, esse cinza,
o símbolo da venda esquecida na figura que empunha a lança e sustém a balança?
Ao certo não sei, sei apenas que essas cores se cruzam no inventário dessa
eternidade perdida.
Mariza
C.C. Cezar
Stos,
21/08/1986