ROUXINOL
E
o rouxinol emudeceu!
Na
verdade, cantar aqueles belos e maviosos cantos, ele nunca cantou, pois
acreditou piamente não ser capaz de atingir e nem entoar tão altos e belos
trinados!
Sua
alma de pássaro cantou sempre e sempre entoou no silêncio do seu coração hinos
ou mesmo repiques em louvor à vida e às belezas que o deslumbravam e o
extasiavam.
Esse
nosso amiguinho rouxinol, passou a vida cantando para si mesmo e para todos que
quisessem ouvir ou mesmo ler suas histórias de amor, de dor, os louvores, odes
e os lamentos e assim contando, cantou a vida e o sentir.
Hoje
o nosso amiguinho, essa ave canora, não mais canta, não mais!
Ainda
respira e aspira à vida, mas não posso dizer que por nunca ter podido cantar e
por ter calado o seu canto, silenciado a sua voz, tenha deixado de querer viver
ou mesmo de amar.
Procura
apenas outra forma de ser, de se manifestar, quem sabe até que ao invés de
trinar esteja a treinar mutações, transmutações, transformações antes da
metamorfose incógnita e inevitável e assim, conjectura se voltará ao casulo ou
se irá cintilar nos céus cantando em código Morse suas mensagens, seus dizeres.
Outrossim,
romantiza ao se indagar se passará a ter a voz cantante dos assobios dos ventos
ou mesmo das brisas.
De
rouxinol cantante a rouxinol contador, narrando a uma suave carícia da brisa,
um assobio marcante ou eloquente dos
ventos ou ainda avassaladores brados das tempestades ou tsunamis
Mariza C. de C. Cezar!