TRISTEZA
Não
gosto nada de me prender ou sequer passar pela tristeza, seja ela profunda,
superficial, momentânea ou mesmo mera passageira.
Não
sou triste, nunca fui e nunca pretendi sê-lo.
Por
certo tristezas ocorreram ao longo de minha vida como na de todas as pessoas,
mas nunca as cultivei, pois por natureza sou alegre, bem humorada e gosto muito
de viver como gosto também de conviver, confraternizar, de me relacionar com os
íntimos e ainda com transeuntes ou pessoas as mais diversas encontradas nas
filas a que somos submetidos no dia a dia, como nas várias salas de espera em que se espera quase que indefinidamente.
Se
gosto de gente num geral, gosto também e muito da minha companhia! Sinto imenso
prazer em conviver comigo entre as paredes do meu “castelo” em que brinco de Poliana me fixando menos nos aspectos negativos e
muito mais no imenso prazer de poder ser finalmente, de me encontrar e me
descobrir, regozijar e aplaudir!
Por
vezes ralho comigo mesma, me dou tremendos sabões e puxões de orelha, mas
sempre com imensa ternura e não sem orgulho por ser quem sou e de gostar muito de mim mesma!
Dizem
que de médico, poeta e louco todos temos um pouco e curto ao encontrar esses
requisitos em mim! Sou normalmente louca e que delícia que é me permitir sê-lo!
Médica no que tange à medicina holística, em suas várias modalidades, também já
o fui e, por vezes ainda as exercito em mim. Quanto ao poeta, não sei se de pé
quebrado, mas sempre serei desde que o seja em versos livres e nada piegas, pois amo o espontâneo, a liberdade de ser, sentir e dizer!
No
entanto ultimamente tenho me sentido desencantada, tolhida na liberdade de
dizer, de me expressar, de falar e, não sei e não gosto do impessoal, dos
resumos inexpressivos dos MSN tão em moda e ao gosto pobre da população de
hoje!
Não
gosto também de ser tolhida em meu sentir e no expressar em palavras o que me
vai na alma e no coração!
Para
mim a mordaça, o me fazer calar é quase o mesmo que me fazer morrer!
Lágrimas
correm dos olhos e da alma lavando a dor e o sangue que brota do coração!
Sangue
é vida! É a pura materialização da dinâmica energia em sua rotação elíptica que
ao diminuir essa rotação vai se condensando até se materializar, entretanto conserva
um ritmo, um batuque, um pulsar e correr, movimento esse que anima a matéria advinda da baixa rotação e
quando finalmente interrompe esse movimento, coagula ou se derrama, a matéria
se torna inerte.
Inércia!
Haverá algo mais lamentavelmente triste?
Tenho
chorado e muito nos últimos dias a dor da alma e a do coração. Alegro-me, no
entanto ao perceber que ainda luto contra a tristeza e se, de um lado procuro
aceitar certas dolorosas limitações, de outro luto bravamente contra o
condicionamento à inércia e ao entreguismo, pois os movimentos assim como as risadas
são e dão vida!
Mariza C. de C. Cezar